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TROCA DE DÍVIDAS
Estado tem cerca de R$ 12 bilhões a receber e quase R$ 6 bilhões a pagar
SP compensa débito com precatório
MARCOS CÉZARI
da Reportagem Local
O Estado de São Paulo está aceitando a compensação de débitos
inscritos na dívida ativa com precatórios ainda não pagos. O prazo
para pedir a compensação vai até
14 de janeiro de 2000.
A permissão para a compensação foi dada pela lei nº 10.339, já
regulamentada pelo decreto nº
44.075 e pela resolução nº 357.
Segundo a Procuradoria Geral
do Estado, os débitos somam entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões;
os precatórios, entre R$ 5 bilhões
e R$ 6 bilhões.
A maior parte da dívida é composta por débitos do antigo ICM
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias) e do atual ICMS
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços).
Segundo a lei, poderão ser compensados os débitos tributários e
não tributários inscritos na dívida
ativa e ajuizados até 31 de dezembro de 98 com os créditos contra a
Fazenda e suas autarquias, provenientes de sentença judicial, com
precatórios ainda não pagos e
protocolados no tribunal competente até 31 de julho de 97.
A Fazenda aceita a compensação dos precatórios que deveriam
ser pagos entre 96 e 98. Os até 95 já
foram quitados, diz Eliana Maria
Barbieri Bertachini, procuradora-chefe da Procuradoria Fiscal.
O pedido de compensação será
feito pelo interessado diretamente à Procuradoria Geral do Estado, por meio de requerimento.
Restrição
A lei impõe uma restrição quanto aos débitos que podem ser
compensados. Segundo a lei, não
podem ser compensados os débitos inscritos na dívida ativa que
estejam dependendo de defesa ou
recurso judicial.
Segundo a procuradora, a proibição vale para a Fazenda, mas
não para o contribuinte. Significa
que se o interessado que estiver
discutindo um débito quiser, poderá desistir do recurso, aceitando as exigências da Fazenda.
Se o recurso depender da Fazenda, não há possibilidade de
desistência para que haja a compensação. Isso ocorre, segundo a
procuradora, porque a Fazenda
não pode desistir dos recursos em
nenhuma fase do processo.
Segundo o advogado João Victor Gomes de Oliveira, da consultoria Gomes de Oliveira Advogados Associados, o artigo 170 do
CTN diz que a lei pode fixar condições e garantias para a compensação, mas não pode impor a limitação.
Oliveira diz que estabelecer restrições para aqueles que apresentaram defesa ou recurso judicial
fere os princípios da isonomia
(todos são iguais perante a lei) e
da ampla defesa, estabelecidos
pela Constituição.
No caso, se um contribuinte entrou com recurso e ganhou (e
agora a Fazenda é que deve recorrer), ele não poderá pedir a compensação por causa da restrição.
Por isso, Oliveira entende que
esse contribuinte pode impetrar
mandado de segurança para ter
garantido seu direito à compensação, em igualdade de condições
com aquele que não apresentou
recurso ou defesa.
A procuradora entende que não
há restrição, mas apenas uma garantia ao Estado. "Se a execução
depende da Fazenda, ela não pode ser alcançada pela lei."
Registro na Bovespa
Segundo o decreto, os detentores dos precatórios serão convocados por edital, publicado no
"Diário Oficial do Estado" e em
jornal de grande circulação, para
que peçam a inscrição de seus créditos a serem compensados.
Para aqueles que têm apenas
precatórios a receber (mas não dívidas a pagar), o registro dos créditos será feito na Bovespa (Bolsa
de Valores de São Paulo).
Segundo José Roberto de Moraes, sub-procurador-geral da
área de contencioso da Procuradoria Geral do Estado, a Bovespa
está finalizando os preparativos
para atender os interessados.
A Bovespa editará um manual
para orientar os interessados, que
deverá estar pronto já nesta semana. O sistema de recepção dos
precatórios deverá entrar em funcionamento somente na próxima
semana. Uma vez pronto o sistema, os precatórios poderão ser
leiloados no pregão da Bovespa.
Quem tem débito e precatório
ao mesmo tempo deve ir à Secretaria da Fazenda (avenida Rangel
Pestana, 300, térreo) para oficializar o pedido de compensação.
Moares disse que a perspectiva
da procuradoria é reduzir a dívida
em cerca de R$ 1,5 bilhão.
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