DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A fuga de dólares do Brasil dá sinais de estar caindo, de acordo com dados do Banco Central sobre o fluxo de capital estrangeiro. Neste mês, até o último dia 15, as operações cambiais do setor privado resultaram numa entrada líquida de US$ 193 milhões no país.
Desde o mês de abril não se registra uma entrada líquida de dólares no Brasil, segundo o BC. Naquele mês, o volume de dólares que entrou no país superou as remessas em US$ 26 milhões. Em agosto, a saída de dólares chegou a US$ 1,76 bilhão.
Os números podem ser o primeiro sinal de que, após as muitas viagens da equipe econômica ao exterior para convencer bancos a continuar investindo no Brasil, o fluxo de dólares para o país começa a se estabilizar.
As remessas feitas pelas CC-5 (contas mantidas no Brasil por pessoas ou empresas residentes ou instaladas no exterior) nas duas primeiras semanas do mês somaram US$ 253 milhões.
O valor é um pouco maior do que os US$ 166 milhões registrados no mesmo período de 2001, mas é menos da metade dos US$ 637 milhões que deixaram o país por esse instrumento nos primeiros 15 dias de agosto.
Também houve uma redução nas saídas de dólares feitas por meio daquilo que o BC chama de operações financeiras. Nessas operações estão incluídas as remessas de lucros ao exterior, o ingresso de investimentos estrangeiros, as despesas com juros e os pagamentos da dívida externa.
No início deste mês, essas operações foram responsáveis pela saída de US$ 650 milhões do país, valor 26,6% menor do que o registrado de 1º a 15 de agosto.
As operações financeiras refletem, em parte, os empréstimos obtidos pelas empresas brasileiras no exterior. Nos últimos meses, o setor privado passou a encontrar dificuldades para rolar suas dívidas e se viu obrigado a quitar suas obrigações, enviando, para isso, dólares ao exterior.
As saídas de recursos pelas CC-5 e pelas operações financeiras foram compensadas pelos dólares vendidos pelos exportadores.
No início deste mês, os exportadores venderam US$ 2,281 bilhões no mercado. Os importadores, por sua vez, compraram US$ 1,184 bilhão. No total, as operações de comércio exterior trouxeram US$ 1,096 bilhão ao país.
O número difere do saldo da balança comercial divulgado pelo governo porque a contratação de câmbio e o embarque da mercadoria não ocorrem ao mesmo tempo.


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