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Dívida alta preocupa bancos lá fora
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
A entidade representativa dos maiores bancos do mundo demonstrou ontem preocupação com o volume da dívida pública do Brasil, mas opinou que os mercados não têm motivos para temer o resultado das eleições.
Charles Dallara, diretor do "Institute of International Finance",
entidade sediada em Washington, afirmou que a relação entre a
dívida pública e o PIB (Produto
Interno Bruto) do país é "séria" e
só será reduzida pelo novo governo com esforço fiscal intenso e a
realização urgente das reformas
administrativa e previdenciária.
"Só posso demonstrar preocupação com relação à relação entre
a dívida e o PIB brasileiros", disse
Dallara, durante entrevista na
qual divulgou previsões do fluxo
de capital privado para mercados
emergentes. "Ela vai exigir monitoramento, crescimento maior da
economia, maior compromisso
com a disciplina fiscal pelo novo
governo e reformas adicionais,
como a previdenciária, tributária
e administrativa. É bom que o
próximo governo comece a agir
logo no começo de janeiro."
Em julho, a relação entre dívida
pública e o PIB (Produto Interno
Bruto) do país - um dos principais indicadores da capacidade de
pagamento de um governo -
atingiu o nível recorde de 61,9%.
Apesar do alerta, Dallara demonstrou confiança de que o próximo presidente enfrentará esse
desafio, independemente do resultado das eleições. Sem citar o
nome do líder nas pesquisas -o
candidato do PT, Luiz Inácio Lula
da Silva-, Dallara afirmou que a
história mundial está recheada de
candidatos que se elegeram com
discursos "ameaçadores" e governaram com políticas econômicas
responsáveis e sólidas.
"Os mercados não podem e não
devem antecipar que o resultado
das eleições será um fracasso",
disse. "Se olharmos para as políticas econômicas da Argentina no
começo da década, elas foram
convincentes e sólidas. Mas se nos
lembrarmos da primeira campanha presidencial de Carlos Menem, ninguém imaginaria que isso fosse ocorrer." Dallara ressalvou que se referia só aos primeiros anos do governo Menem, que,
depois, deixou o caminho da responsabilidade fiscal.
Segundo o IIF, o fluxo de capital
para os mercados emergentes deverá cair para US$ 122,9 bilhões
em 2002, o nível mais baixo desde
1992. Segundo ele, essa queda deve-se principalmente à fuga de investidores da América Latina.
O IIF prevê que o investimento
direto estrangeiro para todos os
emergentes caia para US$ 113 bilhões em 2002, US$ 20 bilhões a
menos do que em 2001. Para o
Brasil, esse valor deve ficar em
US$ 17 bilhões em 2002.
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