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IMPOSTOS
Decisão afeta meta fiscal
Receita perde causa e contribuição de R$ 1 bi
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Sistel -fundo de pensão dos
funcionários da ex-estatal Telebrás- impôs uma derrota à Receita Federal e ficará livre da cobrança de R$ 1,2 bilhão relativo ao
pagamento de CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido)
atrasada.
Embora o Ministério do Planejamento e a Receita Federal não
confirmem, isso deverá afetar a
arrecadação do governo neste
ano e poderá comprometer parte
do ajuste fiscal de R$ 50,3 bilhões
acertado com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Na semana passada, ao liberar
mais recursos para os ministérios,
a equipe econômica anunciou
que o governo federal aumentará
sua arrecadação líquida em R$ 4,1
bilhões em 2002.
Pelo menos R$ 1,7 bilhão viria
da CSLL a ser recolhida pelos fundos de pensão de acordo com as
regras previstas em duas medidas
provisórias (38 e 66). As MPs oferecem anistia de juros e multa para as empresas e os fundos de
pensão que recolherem contribuições e impostos atrasados.
Na terça-feira, no entanto, o Primeiro Conselho de Contribuintes
julgou recurso da Sistel contra auto de infração emitido em 2001
pela Receita para o pagamento da
contribuição.
O auto de R$ 1,2 bilhão inclui a
cobrança da CSLL não recolhida
mais multa e juros. Em decisão
unânime, o conselho deu ganho
de causa para o fundo de pensão.
Não há possibilidade de recurso.
Esse foi o primeiro caso envolvendo a cobrança de CSLL atrasada dos fundos de pensão e seu resultado deverá orientar o julgamento dos próximos recursos. A
Folha apurou que existem mais
cinco grandes entidades que apelaram ao conselho e podem ficar
livres da cobrança.
O principal argumento da Sistel
contra a cobrança foi que os fundos de pensão são entidades sem
fins lucrativos, e a CSLL incide sobre o lucro.
O próprio governo já tinha reconhecido que os fundos não precisam recolher a CSLL. No ano
passado, foi editada medida provisória que tornou as entidades
isentas desse tipo de contribuição
a partir de 2001. A dívida cobrada
da Sistel é anterior a essa medida.
Ao estimar um aumento de R$
4,1 bilhões na arrecadação deste
ano, o governo pôde autorizar os
ministérios a gastarem mais R$
1,5 bilhão até dezembro, sem pôr
em risco a nova meta de superávit
primário (economia de despesa
para pagamento da dívida) fixada
no acordo com o FMI.
De 3,75% do PIB (Produto Interno Bruto), a meta foi elevada
para 3,88%, o que requer uma
economia adicional de quase R$
1,7 bilhão. Esses recursos também
virão do aumento de receita estimado pela equipe econômica para o ano.
O restante do adicional da arrecadação servirá para cobrir um
crescimento nos gastos obrigatórios do governo como despesas
com a folha de pagamento do
funcionalismo.
As estimativas feitas pela equipe
econômica mostram que o aumento na arrecadação seria resultado do ingresso adicional de R$
2,7 bilhões do Imposto de Renda
de Pessoa Jurídica recolhidos dos
fundos de pensão. Desse total, R$
1,4 bilhão ficaria com o governo
federal, e o restante (R$ 1,3 bilhão), com Estados e municípios.
Essas entidades também garantiriam o aumento de receita com
o recolhimento da CSLL atrasada
-R$ 1,7 bilhão. Os efeitos das
MPs 38 e 66, somados ao aumento da arrecadação do IR sobre
rendimentos de capital e dos impostos sobre comércio exterior,
fechariam as contas da receita
adicional de R$ 4,1 bilhões da
União.
As projeções levaram em conta
um cenário macroeconômico que
aponta para um crescimento da
economia de 1,5% neste ano. No
quadro traçado, o dólar médio
previsto ficou em R$ 2,70.
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