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DÓLAR
Até o segundo turno das eleições vencem R$ 24,6 bilhões em títulos cambiais
BC ainda tem R$ 51 bi a rolar em 2002
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se a pressão sobre o câmbio
continuar nos próximos dias, impulsionada por pesquisas eleitorais e outros fatores, o Banco Central pode ter grandes dificuldades
para rolar a parcela da dívida interna atrelada ao dólar. Quem sofre também são as empresas endividadas em dólar.
Até o final do ano, são R$ 51 bilhões em vencimentos de títulos
públicos federais corrigidos pela
moeda americana e operações de
"swap" cambial (realizadas pelo
BC no mercado futuro). De hoje
até o segundo turno das eleições,
previsto para o dia 27 de outubro,
são R$ 24,590 bilhões para o BC
renovar.
No caso das empresas, o volume
de vencimentos da dívida externa
diminuiu neste mês em relação
aos meses anteriores. Mas volta a
crescer em outubro.
"Acredito que isso motivará as
empresas a comprar mais dólares,
com medo de não conseguirem
rolar suas dívidas no mercado internacional. Na segunda metade
de outubro, os vencimentos privados voltam a crescer, e muitas
empresas não vão querer esperar
para ver em que nível estará o
câmbio até lá", diz Fernando Coelho, analista da ABM Consulting.
Para o mercado financeiro, a
decisão do Banco Central ontem,
de manter os juros básicos da economia inalterados (em 18% ao
ano) e retirar o viés de baixa que
prevalecia até então, teria sido
motivada pela percepção de que a
turbulência vai continuar pelo
menos enquanto a eleição não
acabar.
No final de agosto, quando o
dólar deu uma de sua subidas repentinas -na época, puxado pelo crescimento do candidato Ciro
Gomes (PPS) nas pesquisas-, o
BC teve dificuldades em alguns
momentos para renovar as operações de "swap" cambial -transação pelo qual o BC remunera o investidor em dólar.
No dia 27 de agosto, por exemplo, o BC ofereceu ao mercado
6.400 contratos de "swap" com
vencimento em novembro deste
ano. Mas o BC só aceitou propostas para 1.200 contratos.
Naquele dia, a maioria dos investidores queria para essas operações remuneração em dólar de
56% ao ano. Isto é, além da variação da moeda americana, teriam
o dinheiro corrigido em mais
56%. Na época, a taxa média paga
era de aproximadamente 33%. O
Banco Central não aceitou.
O BC faz as operações para rolar
dívidas, seja em "swaps" ou em títulos públicos, que estão por vencer. Quando não aceita taxas altas, significa que não conseguiu renegociar o quanto pretendia.
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