São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 2002

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DÓLAR

Até o segundo turno das eleições vencem R$ 24,6 bilhões em títulos cambiais

BC ainda tem R$ 51 bi a rolar em 2002

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Se a pressão sobre o câmbio continuar nos próximos dias, impulsionada por pesquisas eleitorais e outros fatores, o Banco Central pode ter grandes dificuldades para rolar a parcela da dívida interna atrelada ao dólar. Quem sofre também são as empresas endividadas em dólar.
Até o final do ano, são R$ 51 bilhões em vencimentos de títulos públicos federais corrigidos pela moeda americana e operações de "swap" cambial (realizadas pelo BC no mercado futuro). De hoje até o segundo turno das eleições, previsto para o dia 27 de outubro, são R$ 24,590 bilhões para o BC renovar.
No caso das empresas, o volume de vencimentos da dívida externa diminuiu neste mês em relação aos meses anteriores. Mas volta a crescer em outubro.
"Acredito que isso motivará as empresas a comprar mais dólares, com medo de não conseguirem rolar suas dívidas no mercado internacional. Na segunda metade de outubro, os vencimentos privados voltam a crescer, e muitas empresas não vão querer esperar para ver em que nível estará o câmbio até lá", diz Fernando Coelho, analista da ABM Consulting.
Para o mercado financeiro, a decisão do Banco Central ontem, de manter os juros básicos da economia inalterados (em 18% ao ano) e retirar o viés de baixa que prevalecia até então, teria sido motivada pela percepção de que a turbulência vai continuar pelo menos enquanto a eleição não acabar.
No final de agosto, quando o dólar deu uma de sua subidas repentinas -na época, puxado pelo crescimento do candidato Ciro Gomes (PPS) nas pesquisas-, o BC teve dificuldades em alguns momentos para renovar as operações de "swap" cambial -transação pelo qual o BC remunera o investidor em dólar.
No dia 27 de agosto, por exemplo, o BC ofereceu ao mercado 6.400 contratos de "swap" com vencimento em novembro deste ano. Mas o BC só aceitou propostas para 1.200 contratos.
Naquele dia, a maioria dos investidores queria para essas operações remuneração em dólar de 56% ao ano. Isto é, além da variação da moeda americana, teriam o dinheiro corrigido em mais 56%. Na época, a taxa média paga era de aproximadamente 33%. O Banco Central não aceitou.
O BC faz as operações para rolar dívidas, seja em "swaps" ou em títulos públicos, que estão por vencer. Quando não aceita taxas altas, significa que não conseguiu renegociar o quanto pretendia.


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