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MERCADO FINANCEIRO
Bovespa cai mais 1,49%; projeções para os juros sobem na BM&F; cenário eleitoral traz instabilidade
Alta do dólar prejudica outros mercados
DA REPORTAGEM LOCAL
O nervosismo do câmbio contaminou outros mercados ontem. A Bovespa fechou em baixa de 1,49%, a 9.505 pontos. O giro financeiro foi de R$ 458,637 milhões, um pouco acima da média diária deste mês, que não alcança os R$ 400 milhões. Na semana, a Bolsa acumula baixa de 6,6%.
As ações de bancos caíram. O
papel preferencial do Itaú baixou
3,42%. Bradesco PN teve queda
de 3,5%. Os bancos brasileiros
têm forte exposição em títulos públicos e são prejudicados pela alta
do risco-país brasileiro, o que faz
aumentar a desconfiança do investidor internacional sobre a capacidade de o país honrar seus
compromissos. Os C-Bonds, títulos da dívida externa brasileira, tiveram desvalorização de 1,45%.
A decisão do Copom de manter
os juros em 18% ao ano era esperada pelo mercado. A retirada do
viés de baixa para a taxa, no entanto, gerou algum mal-estar,
pois o BC teria sinalizado maior
preocupação com a situação dos
indicadores.
Para Clive Botelho, do banco
Santos, o mercado já tinha retirado o viés de baixa para a taxa.
Marcelo Cypriano, economista-sênior do BankBoston, acredita
que, como o mercado está muito
deteriorado, o BC fez bem em retirar o viés.
Com a proximidade das eleições, a perspectiva é que o mercado continue instável e turbulento.
A adoção do viés é adequada
quando há clara perspectiva de
que os indicadores ficarão mais
positivos, no curto prazo.
A instabilidade atual é causada
pelo ano eleitoral brasileiro e pela
aversão mundial ao risco, com as
fraudes financeiras das empresas
americanas e o temor de guerra
entre Iraque e EUA.
Na BM&F, as projeções para os
juros subiram. Os contratos de janeiro de 2003 passaram de
20,89% para 21,25%.
O FRA de cupom cambial, que
mede o preço dos juros em dólar,
está subindo forte. O contrato para janeiro de 2003 passou de
38,35% para 43,75%. A alta faz
crescer a preocupação com a rolagem de cerca de R$ 2 bilhões em
títulos cambiais que vencem na
quarta-feira da semana que vem.
O descompasso entre as cotações do dólar à vista e futuro cresce, o que indica que, mais uma
vez, o investidor quer ter o ativo
real em mãos, em vez de fazer
apostas para o futuro. O dólar fechou a R$ 3,355 no mercado à vista. (ANA PAULA RAGAZZI)
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