São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MERCADO FINANCEIRO

Bovespa cai mais 1,49%; projeções para os juros sobem na BM&F; cenário eleitoral traz instabilidade

Alta do dólar prejudica outros mercados

DA REPORTAGEM LOCAL

O nervosismo do câmbio contaminou outros mercados ontem. A Bovespa fechou em baixa de 1,49%, a 9.505 pontos. O giro financeiro foi de R$ 458,637 milhões, um pouco acima da média diária deste mês, que não alcança os R$ 400 milhões. Na semana, a Bolsa acumula baixa de 6,6%.
As ações de bancos caíram. O papel preferencial do Itaú baixou 3,42%. Bradesco PN teve queda de 3,5%. Os bancos brasileiros têm forte exposição em títulos públicos e são prejudicados pela alta do risco-país brasileiro, o que faz aumentar a desconfiança do investidor internacional sobre a capacidade de o país honrar seus compromissos. Os C-Bonds, títulos da dívida externa brasileira, tiveram desvalorização de 1,45%.
A decisão do Copom de manter os juros em 18% ao ano era esperada pelo mercado. A retirada do viés de baixa para a taxa, no entanto, gerou algum mal-estar, pois o BC teria sinalizado maior preocupação com a situação dos indicadores.
Para Clive Botelho, do banco Santos, o mercado já tinha retirado o viés de baixa para a taxa. Marcelo Cypriano, economista-sênior do BankBoston, acredita que, como o mercado está muito deteriorado, o BC fez bem em retirar o viés.
Com a proximidade das eleições, a perspectiva é que o mercado continue instável e turbulento. A adoção do viés é adequada quando há clara perspectiva de que os indicadores ficarão mais positivos, no curto prazo.
A instabilidade atual é causada pelo ano eleitoral brasileiro e pela aversão mundial ao risco, com as fraudes financeiras das empresas americanas e o temor de guerra entre Iraque e EUA.
Na BM&F, as projeções para os juros subiram. Os contratos de janeiro de 2003 passaram de 20,89% para 21,25%.
O FRA de cupom cambial, que mede o preço dos juros em dólar, está subindo forte. O contrato para janeiro de 2003 passou de 38,35% para 43,75%. A alta faz crescer a preocupação com a rolagem de cerca de R$ 2 bilhões em títulos cambiais que vencem na quarta-feira da semana que vem.
O descompasso entre as cotações do dólar à vista e futuro cresce, o que indica que, mais uma vez, o investidor quer ter o ativo real em mãos, em vez de fazer apostas para o futuro. O dólar fechou a R$ 3,355 no mercado à vista. (ANA PAULA RAGAZZI)


Texto Anterior: Tarifa: Consumidor de baixa renda será cadastrado
Próximo Texto: O Vaivém das Commodities
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.