|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Efeito das medidas será
restrito, dizem analistas
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O arsenal de medidas de estímulo ao consumo e ao crédito
que o governo reuniu nos últimos
dias terá impacto limitado sobre a
atividade econômica no curto
prazo, mas poderá melhorar as
expectativas dos consumidores e
das empresas, na avaliação de
analistas ouvidos pela Folha.
Para eles, o motor da reativação
não serão decisões pontuais, mas
sim fatores que melhorem o ambiente econômico, como a queda
dos juros, o aumento da oferta de
crédito e mais investimentos.
Desde a metade do ano, o governo vem anunciando medidas
setoriais de estímulo à economia.
As mais recentes são o crédito de
R$ 200 milhões para compra de
eletrodomésticos e a possibilidade de trabalhadores obterem crédito dando em garantia o desconto das prestações no holerite.
"As medidas podem ser boas
em termos de expectativa, mas
não para movimentar a economia", afirma Fernando Montero,
da consultoria Tendências. Em
sua opinião, o uso da folha de pagamento como garantia de empréstimos é o anúncio com maior
potencial econômico, mas não
deverá ter efeito neste ano, porque depende de regulamentação.
Sandro Werneck, economista
do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), sustenta
que as medidas não atacam as razões da desaceleração econômica,
que seriam a queda da renda e do
emprego. Werneck acredita que a
oferta de microcrédito para pessoas de baixa renda e o financiamento de eletrodomésticos terão
efeito positivo, mas limitado.
O caráter restrito dos anúncios
também é destacado por Flávio
Castelo Branco, economista da
Confederação Nacional da Indústria. "Elas terão impacto sobre a
demanda, mas são insuficientes
para levar ao crescimento."
Francisco Pessoa Faria, da LCA
Consultores, e José Cézar Castanhar, professor da Fundação Getúlio Vargas, têm uma visão mais
otimista dos incentivos. "Só o
anúncio das medidas já cria um
clima positivo", observa Faria. "A
economia brasileira responde rapidamente aos menores estímulos", destaca Castanhar.
Texto Anterior: Dinheiro no bolso: Sai 1º acordo de crédito abatido em folha Próximo Texto: Empresário que fraudar operação pode ser preso Índice
|