|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ação do Fed mostra que crise é séria, diz Mantega
Ministro afirma que redução dos juros foi decisão "sábia" e deve atenuar crise
Para Mantega, banco central norte-americano reconhece que turbulência poderá atingir economia "de forma mais importante"
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) classificou ontem de
"sábia" a decisão do Fed de reduzir a taxa de juros americana,
mas avaliou que o corte de 0,5
ponto percentual demonstra
um reconhecimento por parte
do BC dos EUA de que a crise é
mais séria e longa do que se
imaginava. O ministro afirmou
que esperava uma redução de
apenas 0,25 ponto percentual.
"Foi uma decisão sábia, que
será muito positiva para os
mercados e para atenuar essa
crise internacional. Deveremos
ter um alívio para o crédito e
para as taxas de juros, que tinham subido", disse o ministro,
afirmando que isso não significa que a turbulência tenha chegado ao fim. "Acredito que estejamos com uma turbulência relativamente séria, de grandes
proporções."
Na avaliação de Mantega, porém, a crise está atingindo mais
as economias avançadas do que
as emergentes. "A boa notícia é
essa." Para a Fazenda, a atitude
do Fed deixa claro para o mundo que o órgão está disposto a
propiciar uma acomodação
mais suave do mercado à crise.
O BC americano estaria prevendo uma desaceleração da
economia e baixou o juro para
evitar uma queda maior da atividade, ponderou o ministro.
"O Fed está reconhecendo que
a turbulência é mais séria do
que se pensava e que ela ainda
vai demorar algum tempo para
se dissipar. E, portanto, poderá
atingir a economia americana
de forma mais importante."
Ele acrescentou que outros
países avançados começam a
enfrentar problemas, como o
Reino Unido. "Ainda vão pipocar problemas em instituições
financeiras, principalmente em
países avançados." Apesar disso, Mantega se disse menos
preocupado agora do que no
começo da crise, porque, depois de mais de um mês de nervosismo nos mercados, o Brasil
praticamente não foi afetado.
Mais uma vez, o ministro declarou que o Brasil atravessa
"muito bem" a turbulência. As
conseqüências para o país estariam restritas a uma pequena
alta na taxa de juros de longo
prazo. Mantega comemorou a
alta registrada pela Bovespa
ontem em resposta à decisão do
Fed. "Praticamente voltamos
ao patamar de antes da crise."
Mantega ainda declarou que
a queda de ontem do dólar ante
o real (-2,29%, para R$ 1,877) é
normal, pois o Brasil está saindo, na avaliação dele, mais fortalecido da crise. "Se a expectativa é que essa turbulência atinja menos o Brasil, é normal que
haja uma valorização do real.
Você não pode ter as duas coisas ao mesmo tempo: manter o
real desvalorizado e ao mesmo
tempo ter uma expectativa
mais favorável sobre o Brasil."
Para a Fazenda, no pior dos
cenários para o desfecho da crise, o Brasil poderá crescer em
2008 um pouco abaixo de 5%.
Texto Anterior: Saiba mais: Juros menores estimulam o consumo Próximo Texto: Para Delfim, EUA "premiam" atuação de risco nos mercados Índice
|