São Paulo, quarta-feira, 19 de setembro de 2007

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Ação do Fed mostra que crise é séria, diz Mantega

Ministro afirma que redução dos juros foi decisão "sábia" e deve atenuar crise

Para Mantega, banco central norte-americano reconhece que turbulência poderá atingir economia "de forma mais importante"

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Guido Mantega (Fazenda) classificou ontem de "sábia" a decisão do Fed de reduzir a taxa de juros americana, mas avaliou que o corte de 0,5 ponto percentual demonstra um reconhecimento por parte do BC dos EUA de que a crise é mais séria e longa do que se imaginava. O ministro afirmou que esperava uma redução de apenas 0,25 ponto percentual.
"Foi uma decisão sábia, que será muito positiva para os mercados e para atenuar essa crise internacional. Deveremos ter um alívio para o crédito e para as taxas de juros, que tinham subido", disse o ministro, afirmando que isso não significa que a turbulência tenha chegado ao fim. "Acredito que estejamos com uma turbulência relativamente séria, de grandes proporções."
Na avaliação de Mantega, porém, a crise está atingindo mais as economias avançadas do que as emergentes. "A boa notícia é essa." Para a Fazenda, a atitude do Fed deixa claro para o mundo que o órgão está disposto a propiciar uma acomodação mais suave do mercado à crise.
O BC americano estaria prevendo uma desaceleração da economia e baixou o juro para evitar uma queda maior da atividade, ponderou o ministro. "O Fed está reconhecendo que a turbulência é mais séria do que se pensava e que ela ainda vai demorar algum tempo para se dissipar. E, portanto, poderá atingir a economia americana de forma mais importante."
Ele acrescentou que outros países avançados começam a enfrentar problemas, como o Reino Unido. "Ainda vão pipocar problemas em instituições financeiras, principalmente em países avançados." Apesar disso, Mantega se disse menos preocupado agora do que no começo da crise, porque, depois de mais de um mês de nervosismo nos mercados, o Brasil praticamente não foi afetado.
Mais uma vez, o ministro declarou que o Brasil atravessa "muito bem" a turbulência. As conseqüências para o país estariam restritas a uma pequena alta na taxa de juros de longo prazo. Mantega comemorou a alta registrada pela Bovespa ontem em resposta à decisão do Fed. "Praticamente voltamos ao patamar de antes da crise."
Mantega ainda declarou que a queda de ontem do dólar ante o real (-2,29%, para R$ 1,877) é normal, pois o Brasil está saindo, na avaliação dele, mais fortalecido da crise. "Se a expectativa é que essa turbulência atinja menos o Brasil, é normal que haja uma valorização do real. Você não pode ter as duas coisas ao mesmo tempo: manter o real desvalorizado e ao mesmo tempo ter uma expectativa mais favorável sobre o Brasil."
Para a Fazenda, no pior dos cenários para o desfecho da crise, o Brasil poderá crescer em 2008 um pouco abaixo de 5%.


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