|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EMPRESAS
Bradesco vende participação
Whirlpool assume a Brasmotor
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
A norte-americana Whirlpool
Corporation, fabricante de eletrodomésticos, comprou por US$ 217
milhões a participação acionária
do Bradesco no grupo Brasmotor.
A aquisição resultou na compra
de 33% das ações ordinárias
-com direito a voto- que pertenciam ao banco, o que possibilitou à Whirlpool obter o controle
acionário do grupo.
Com o negócio, a Whirlpool estendeu para 66% a sua participação no capital votante da Brasmotor. A empresa passou a deter, assim, 27% do capital total -antes,
possuía 13,5%.
Hugo Miguel Etchenique, presidente do grupo, diz que a transferência das ações deve demorar de
30 a 45 dias -quando o Bradesco
receberá o dinheiro-, pois o negócio depende de autorização de
agências norte-americanas.
"Para a Whirlpool, o mercado
latino-americano, onde o Brasil
está incluído, é superimportante.
A estratégia da empresa é se fortalecer em toda essa região."
Por meio do grupo Brasmotor, a
gigante norte-americana, que faturou quase US$ 9 bilhões no ano
passado, está presente no Brasil e
na Argentina. Além dos EUA, tem
fábricas na Europa, Ásia e Índia.
Etchenique diz que nada muda
com o fato de a Whirlpool passar a
deter o controle acionário da Brasmotor, que controla a Multibras
-dona das marcas Brastemp e
Consul- e a Embraco (que faz
compressores para geladeiras).
Na Multibras, os investimentos
para este ano devem somar US$
140 milhões. Na Embraco, US$ 60
milhões. "É mais do que o que foi
gasto em 96. E os números de 98
serão ainda maiores."
Etchenique admite que o consumo no mercado brasileiro diminuiu neste ano, mas considera que
essa é uma situação passageira.
Analistas de investimento que
acompanham o desempenho da
indústria de eletrodomésticos ouvidos pela Folha têm duas explicações para a decisão da Whirlpool
de entrar mais forte no Brasil.
A primeira é o fato de ela não ver
grandes possibilidades de crescer
em outros mercados, como Estados Unidos e Europa. Na Europa, a
Electrolux e a Bosch-Siemens têm
grande presença.
A segunda é a necessidade de expandir os negócios nos mercados
onde a sueca Electrolux, a alemã
Bosch-Siemens e outra concorrente dos EUA -a General Electric-
prometem fazer mais barulho.
Um analista de investimento,
que preferiu não ser identificado,
diz que ficou surpreso com o negócio. Para ele, mesmo as empresas
brasileiras mais sólidas estão tendo de se render à globalização.
Ele chegou a imaginar que o grupo Brasmotor, até então controlado por empresas brasileiras, poderia resistir. O que mudou, diz, foi a
necessidade de competir.
O Bradesco informou, por meio
da sua assessoria de imprensa, que
a Whirlpool quis comprar a sua
parte na Brasmotor e o banco decidiu vendê-la porque considerou
um bom negócio.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|