São Paulo, sexta, 19 de setembro de 1997.



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EMPRESAS
Bradesco vende participação
Whirlpool assume a Brasmotor

FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

A norte-americana Whirlpool Corporation, fabricante de eletrodomésticos, comprou por US$ 217 milhões a participação acionária do Bradesco no grupo Brasmotor.
A aquisição resultou na compra de 33% das ações ordinárias -com direito a voto- que pertenciam ao banco, o que possibilitou à Whirlpool obter o controle acionário do grupo.
Com o negócio, a Whirlpool estendeu para 66% a sua participação no capital votante da Brasmotor. A empresa passou a deter, assim, 27% do capital total -antes, possuía 13,5%.
Hugo Miguel Etchenique, presidente do grupo, diz que a transferência das ações deve demorar de 30 a 45 dias -quando o Bradesco receberá o dinheiro-, pois o negócio depende de autorização de agências norte-americanas.
"Para a Whirlpool, o mercado latino-americano, onde o Brasil está incluído, é superimportante. A estratégia da empresa é se fortalecer em toda essa região."
Por meio do grupo Brasmotor, a gigante norte-americana, que faturou quase US$ 9 bilhões no ano passado, está presente no Brasil e na Argentina. Além dos EUA, tem fábricas na Europa, Ásia e Índia.
Etchenique diz que nada muda com o fato de a Whirlpool passar a deter o controle acionário da Brasmotor, que controla a Multibras -dona das marcas Brastemp e Consul- e a Embraco (que faz compressores para geladeiras).
Na Multibras, os investimentos para este ano devem somar US$ 140 milhões. Na Embraco, US$ 60 milhões. "É mais do que o que foi gasto em 96. E os números de 98 serão ainda maiores."
Etchenique admite que o consumo no mercado brasileiro diminuiu neste ano, mas considera que essa é uma situação passageira.
Analistas de investimento que acompanham o desempenho da indústria de eletrodomésticos ouvidos pela Folha têm duas explicações para a decisão da Whirlpool de entrar mais forte no Brasil.
A primeira é o fato de ela não ver grandes possibilidades de crescer em outros mercados, como Estados Unidos e Europa. Na Europa, a Electrolux e a Bosch-Siemens têm grande presença.
A segunda é a necessidade de expandir os negócios nos mercados onde a sueca Electrolux, a alemã Bosch-Siemens e outra concorrente dos EUA -a General Electric- prometem fazer mais barulho.
Um analista de investimento, que preferiu não ser identificado, diz que ficou surpreso com o negócio. Para ele, mesmo as empresas brasileiras mais sólidas estão tendo de se render à globalização.
Ele chegou a imaginar que o grupo Brasmotor, até então controlado por empresas brasileiras, poderia resistir. O que mudou, diz, foi a necessidade de competir.
O Bradesco informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que a Whirlpool quis comprar a sua parte na Brasmotor e o banco decidiu vendê-la porque considerou um bom negócio.



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