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SAFRA
Apesar dos estoques altos, supersafras nos EUA e na Argentina, preços baixos e custos altos, Brasil ampliara área plantada
Incertezas não afastam produtor da soja
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
Apesar dos prognósticos de um
período de incertezas para a soja,
com estoques internacionais altos, supersafras nos Estados Unidos e na Argentina e aumento nos
custos de produção, os produtores continuarão apostando na
cultura e a previsão é que o Brasil
passe de 21,3 milhões de hectares,
da safra passada, para 23 milhões
de hectares nesta safra.
Não é apenas o cenário internacional que é ruim. O aumento dos
custos dos insumos no Brasil e a
indecisão do Congresso -que
ainda não aprovou a Lei de Biossegurança, fazendo com que o governo tivesse que editar uma medida provisória para regulamentar o plantio da soja transgênica- contribuíram para aumentar as incertezas com relação à
principal commodity brasileira.
Mesmo assim, os produtores
apostaram na soja. Embora o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e a Conab
(Companhia Nacional de Abastecimento) ainda não tenham divulgados suas previsões para a safra que se inicia, os Estados Unidos trabalham com uma projeção
de que o Brasil produzirá 64 milhões de toneladas.
"O cenário internacional mostra que iremos entrar em um ciclo
de dois a três anos de preços baixos. Mas a soja, pela sua liquidez,
ainda garante rentabilidade ao
produtor", afirma Otmar Hubner, técnico do Deral (Departamento de Economia Rural), órgão da Secretaria de Agricultura
do Paraná.
Entre os fatores que apontam
para baixos preços do produto,
além das anunciadas supersafras
dos Estados Unidos e da Argentina, está o estoque internacional
da soja, que gira hoje em torno de
59 milhões de toneladas (praticamente uma safra brasileira), contra estoques de 38 milhões e 30
milhões nos dois anos anteriores.
O Paraná, segundo maior produtor, é um exemplo de que os
produtores irão apostar mais uma
vez na soja.
Com o plantio da safra iniciado
na última semana, a projeção do
Deral é que o Estado aumente em
4% a área de plantio, avançando
sobre lavouras de milho, que terão uma redução de área de 7,3%
no Estado neste ano.
O Paraná deverá produzir 12,4
milhões de toneladas, em uma
área de 4,095 milhões de hectares.
O custo de produção da soja paranaense, de acordo com números
da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), será, neste
ano, 17,45% superior, em média,
ao ano passado. Esse aumento no
custo de produção se deve, basicamente, à elevação de insumos
básicos que dependem das oscilações do preço do petróleo, cujo
valor está em níveis recordes (acima de US$ 50 o barril).
Transgênicos
Oficialmente, o governo do Paraná admite, no máximo, 1% de
soja modificada geneticamente
para a safra 2004/2005 e diz que
haverá rigor na fiscalização do
plantio ou comercialização de
transgênicos no Estado.
Cooperativistas e produtores,
no entanto, estimam que entre
20% e 22% da soja paranaense
nesta safra será de sementes geneticamente modificadas.
Com isso, o Paraná segue a tendência natural dos Estados do Sul
do país -grandes produtores.
Rio Grande do Sul tem 90% de soja transgênica, segundo a Farsul
(federação da agricultura do RS),
e Santa Catarina nesta safra terá
50% de sua área plantada em soja
transgênica, de acordo com números da Federação da Agricultura de Santa Catarina.
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