São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2004

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SAFRA

Apesar dos estoques altos, supersafras nos EUA e na Argentina, preços baixos e custos altos, Brasil ampliara área plantada

Incertezas não afastam produtor da soja

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Apesar dos prognósticos de um período de incertezas para a soja, com estoques internacionais altos, supersafras nos Estados Unidos e na Argentina e aumento nos custos de produção, os produtores continuarão apostando na cultura e a previsão é que o Brasil passe de 21,3 milhões de hectares, da safra passada, para 23 milhões de hectares nesta safra.
Não é apenas o cenário internacional que é ruim. O aumento dos custos dos insumos no Brasil e a indecisão do Congresso -que ainda não aprovou a Lei de Biossegurança, fazendo com que o governo tivesse que editar uma medida provisória para regulamentar o plantio da soja transgênica- contribuíram para aumentar as incertezas com relação à principal commodity brasileira.
Mesmo assim, os produtores apostaram na soja. Embora o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) ainda não tenham divulgados suas previsões para a safra que se inicia, os Estados Unidos trabalham com uma projeção de que o Brasil produzirá 64 milhões de toneladas.
"O cenário internacional mostra que iremos entrar em um ciclo de dois a três anos de preços baixos. Mas a soja, pela sua liquidez, ainda garante rentabilidade ao produtor", afirma Otmar Hubner, técnico do Deral (Departamento de Economia Rural), órgão da Secretaria de Agricultura do Paraná.
Entre os fatores que apontam para baixos preços do produto, além das anunciadas supersafras dos Estados Unidos e da Argentina, está o estoque internacional da soja, que gira hoje em torno de 59 milhões de toneladas (praticamente uma safra brasileira), contra estoques de 38 milhões e 30 milhões nos dois anos anteriores.
O Paraná, segundo maior produtor, é um exemplo de que os produtores irão apostar mais uma vez na soja.
Com o plantio da safra iniciado na última semana, a projeção do Deral é que o Estado aumente em 4% a área de plantio, avançando sobre lavouras de milho, que terão uma redução de área de 7,3% no Estado neste ano.
O Paraná deverá produzir 12,4 milhões de toneladas, em uma área de 4,095 milhões de hectares. O custo de produção da soja paranaense, de acordo com números da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), será, neste ano, 17,45% superior, em média, ao ano passado. Esse aumento no custo de produção se deve, basicamente, à elevação de insumos básicos que dependem das oscilações do preço do petróleo, cujo valor está em níveis recordes (acima de US$ 50 o barril).

Transgênicos
Oficialmente, o governo do Paraná admite, no máximo, 1% de soja modificada geneticamente para a safra 2004/2005 e diz que haverá rigor na fiscalização do plantio ou comercialização de transgênicos no Estado.
Cooperativistas e produtores, no entanto, estimam que entre 20% e 22% da soja paranaense nesta safra será de sementes geneticamente modificadas.
Com isso, o Paraná segue a tendência natural dos Estados do Sul do país -grandes produtores. Rio Grande do Sul tem 90% de soja transgênica, segundo a Farsul (federação da agricultura do RS), e Santa Catarina nesta safra terá 50% de sua área plantada em soja transgênica, de acordo com números da Federação da Agricultura de Santa Catarina.


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