São Paulo, segunda, 19 de outubro de 1998

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TELECOMUNICA€ÕES
Privatizada em julho, empresa abre plano de demissão voluntária para reduzir quadro de pessoal
Embratel planeja demissão de 1.500

ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio

É tenso o clima entre os funcionários da Embratel. A empresa, privatizada no final de julho, lançou um programa de incentivo a demissões para reduzir seu quadro de pessoal em pelo menos 1.500 pessoas. Ela hoje tem 9.800 empregados.
As gerências enviaram à diretoria administrativa a relação dos empregados que serão chamados a aderir ao programa. O Sindicato dos Telefônicos entrou com denúncia no Ministério Público do Trabalho, no Rio, para tentar impedir as demissões.
"A estrutura de pessoal herdada da Telebrás já não atende ao novo perfil da Embratel", afirmou o presidente da companhia, Dílio Penedo, em entrevista à Folha.
O contrato de concessão que o governo assinou com a Embratel, quando ela ainda era estatal, obriga seu atual controlador -a norte-americana MCI- a só fazer corte de pessoal, durante os seis meses subsequentes à privatização, mediante programas de demissões incentivadas.
A empresa está oferecendo indenização extra de dois salários para compensar o fim de benefícios como a cesta básica, mais um terço do salário por ano trabalhado. Além disso, garante assistência médica e odontológica por um ano.
A Embratel nega que os empregados estejam sendo pressionados a aderir ao plano. No entanto, vários gerentes têm aconselhado os funcionários que fazem parte do público-alvo a aceitar as condições propostas. A partir de fevereiro, eles podem ser dispensados sem nenhuma vantagem, afirmou uma gerente, que pediu para não ser identificada.
Penedo diz que não se trata simplesmente de uma política de corte de pessoal, pois outros setores serão expandidos. Estão sendo criadas 400 vagas para vendedores com formação universitária.
A terceirização vai começar pelo serviço de atendimento telefônico. Os 400 telefonistas lotados no Rio e os cerca de 50 lotados em São Paulo perderão o vínculo empregatício com a Embratel. A central de atendimento irá para uma cidade de porte médio, possivelmente para Juiz de Fora (MG).
A partir de julho do ano que vem, a Embratel começa a enfrentar a concorrência nas ligações interestaduais e internacionais. As mudanças na política de pessoal são para reforçar as áreas de vendas e de atendimento ao público, que foram desprezadas por ela enquanto teve monopólio de mercado.
Nas últimas três décadas, a Embratel -bem como as demais empresas do antigo sistema Telebrás- não se preocupou em conquistar mercado. "Sempre fomos uma empresa de atacado e os clientes é que nos procuravam", afirma Penedo.
Um dos objetivos da empresa, nessa fase, é ajustar os salários de algumas categorias ao valor de mercado. A terceirização seria a forma de diminuir as vantagens dadas aos funcionários pela gestão estatal.
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Sem sotaque Penedo diz que a empresa ainda não escolheu onde irá instalar o novo serviço de atendimento telefônico, mas admite que a cidade de Juiz de Fora (MG) é uma das mais fortes candidatas.
A companhia definiu os requisitos para a escolha do local: deverá ser uma cidade de médio porte, com boa estrutura de transporte urbano, segura e com ensino de qualidade.
A empresa só quer funcionários com pelo menos segundo grau completo. No caso dos telefonistas, há um outro requisito: ter pouco ou nenhum sotaque, já que o centro de atendimento atenderá assinantes de todo o país.
Um dos principais pontos em favor de Juiz de Fora é o fato de que o cabo de fibra ótica que liga Rio a Belo Horizonte passa por ela. A conexão com a rede de fibra ótica é fundamental para o serviço.



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