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TELECOMUNICA€ÕES
Privatizada em julho, empresa abre plano de demissão voluntária para reduzir quadro de pessoal
Embratel planeja demissão de 1.500
ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio
É tenso o clima entre os funcionários da Embratel. A empresa,
privatizada no final de julho, lançou um programa de incentivo a
demissões para reduzir seu quadro
de pessoal em pelo menos 1.500
pessoas. Ela hoje tem 9.800 empregados.
As gerências enviaram à diretoria administrativa a relação dos
empregados que serão chamados a
aderir ao programa. O Sindicato
dos Telefônicos entrou com denúncia no Ministério Público do
Trabalho, no Rio, para tentar impedir as demissões.
"A estrutura de pessoal herdada
da Telebrás já não atende ao novo
perfil da Embratel", afirmou o presidente da companhia, Dílio Penedo, em entrevista à Folha.
O contrato de concessão que o
governo assinou com a Embratel,
quando ela ainda era estatal, obriga seu atual controlador -a norte-americana MCI- a só fazer corte
de pessoal, durante os seis meses
subsequentes à privatização, mediante programas de demissões incentivadas.
A empresa está oferecendo indenização extra de dois salários para
compensar o fim de benefícios como a cesta básica, mais um terço
do salário por ano trabalhado.
Além disso, garante assistência
médica e odontológica por um
ano.
A Embratel nega que os empregados estejam sendo pressionados
a aderir ao plano. No entanto, vários gerentes têm aconselhado os
funcionários que fazem parte do
público-alvo a aceitar as condições
propostas. A partir de fevereiro,
eles podem ser dispensados sem
nenhuma vantagem, afirmou uma
gerente, que pediu para não ser
identificada.
Penedo diz que não se trata simplesmente de uma política de corte
de pessoal, pois outros setores serão expandidos. Estão sendo criadas 400 vagas para vendedores
com formação universitária.
A terceirização vai começar pelo
serviço de atendimento telefônico.
Os 400 telefonistas lotados no Rio e
os cerca de 50 lotados em São Paulo perderão o vínculo empregatício com a Embratel. A central de
atendimento irá para uma cidade
de porte médio, possivelmente para Juiz de Fora (MG).
A partir de julho do ano que vem,
a Embratel começa a enfrentar a
concorrência nas ligações interestaduais e internacionais. As mudanças na política de pessoal são
para reforçar as áreas de vendas e
de atendimento ao público, que foram desprezadas por ela enquanto
teve monopólio de mercado.
Nas últimas três décadas, a Embratel -bem como as demais empresas do antigo sistema Telebrás- não se preocupou em conquistar mercado. "Sempre fomos
uma empresa de atacado e os clientes é que nos procuravam", afirma
Penedo.
Um dos objetivos da empresa,
nessa fase, é ajustar os salários de
algumas categorias ao valor de
mercado. A terceirização seria a
forma de diminuir as vantagens
dadas aos funcionários pela gestão
estatal.
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Sem sotaque
Penedo diz que a empresa ainda
não escolheu onde irá instalar o
novo serviço de atendimento telefônico, mas admite que a cidade de
Juiz de Fora (MG) é uma das mais
fortes candidatas.
A companhia definiu os requisitos para a escolha do local: deverá
ser uma cidade de médio porte,
com boa estrutura de transporte
urbano, segura e com ensino de
qualidade.
A empresa só quer funcionários
com pelo menos segundo grau
completo. No caso dos telefonistas, há um outro requisito: ter pouco ou nenhum sotaque, já que o
centro de atendimento atenderá
assinantes de todo o país.
Um dos principais pontos em favor de Juiz de Fora é o fato de que o
cabo de fibra ótica que liga Rio a
Belo Horizonte passa por ela. A conexão com a rede de fibra ótica é
fundamental para o serviço.
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