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Empresa quer 10% das ações da Tele Norte Leste
da Sucursal do Rio
O consórcio Telemar, que arrematou a empresa de telefonia fixa
Tele Norte Leste no leilão da Telebrás, está às voltas com uma disputa societária. A BR Telecom, do
Rio, diz ter direito a 10% das ações
da empresa e ameaça ir à Justiça.
A BR Telecom preparou-se para
disputar a privatização, mas acabou não participando. Agora, afirma ter ficado fora em razão de um
suposto "acordo de associação"
com os sócios da Telemar, que lhe
garantiria participação futura.
A empresa foi formada exclusivamente para o leilão da Telebrás.
Ela pertence à Stratos, que edita as
listas telefônicas no Estado do Rio,
em sociedade com a telefônica estatal francesa France Telecom.
A Telemar não reconhece a reivindicação. Otávio Azevedo, presidente em exercício da empresa, diz
que o contrato refere-se somente à
contratação futura de serviços de
consultoria da BR Telecom.
Diz que o contrato prevê a possibilidade de pagamento dos serviços em dinheiro, em outros contratos ou em ações. "A forma de
pagamento é irrelevante", afirma.
A polêmica começou logo depois
do leilão, no final de julho, mas estava restrita aos bastidores.
O quadro mudou a partir do momento em que o governo começou
a se movimentar para vender os
25% do capital da Telemar que estão em poder do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social).
Convencida de que tem direito a
uma fatia da telefônica, a BR Telecom contratou advogado e se prepara para uma eventual ação judicial contra a venda das ações.
Os diretores da empresa foram
orientados pelo advogado a não
dar declarações sobre o assunto,
mas, em conversas reservadas,
afirmam que estão prontos para
uma batalha judicial.
A versão da BR Telecom é a de
que fez todos os estudos que respaldaram a Telemar na compra da
Tele Norte Leste e que teria sido
responsável pela própria articulação do consórcio.
Em retribuição a esse trabalho,
os sócios da Telemar teriam prometido participação societária na
empresa, caso saíssem vencedores.
Os dirigentes da BR Telecom sustentam que a promessa foi formalizada em contrato, em um escritório de advocacia do Rio, na antevéspera do leilão da Telebrás.
Os executivos sustentam ainda
que o contrato pode invalidar o ingresso do BNDES no capital da Telemar e, consequentemente, impedir que a União revenda as ações.
A União vendeu o controle da
Tele Norte Leste por R$ 3,4 bilhões. A vitória da Telemar foi uma
surpresa até mesmo para o consórcio, que ofereceu ágio de apenas
1% sobre o preço mínimo.
A Telemar acabou vencedora por
uma sucessão de imprevistos. A
norte-americana Bell South, vista
como provável vencedora do leilão
da Telesp, desistiu.
A Telefónica de España, tida como a mais forte concorrente para a
Tele Centro Sul, arrematou a Telesp fixa. Com isso, a Telecom Italia ficou com a Tele Centro Sul,
deixando a Telemar sozinha na
disputa pela Tele Norte Leste.
(EL)
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