São Paulo, segunda, 19 de outubro de 1998

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Empresa quer 10% das ações da Tele Norte Leste

da Sucursal do Rio

O consórcio Telemar, que arrematou a empresa de telefonia fixa Tele Norte Leste no leilão da Telebrás, está às voltas com uma disputa societária. A BR Telecom, do Rio, diz ter direito a 10% das ações da empresa e ameaça ir à Justiça.
A BR Telecom preparou-se para disputar a privatização, mas acabou não participando. Agora, afirma ter ficado fora em razão de um suposto "acordo de associação" com os sócios da Telemar, que lhe garantiria participação futura.
A empresa foi formada exclusivamente para o leilão da Telebrás. Ela pertence à Stratos, que edita as listas telefônicas no Estado do Rio, em sociedade com a telefônica estatal francesa France Telecom.
A Telemar não reconhece a reivindicação. Otávio Azevedo, presidente em exercício da empresa, diz que o contrato refere-se somente à contratação futura de serviços de consultoria da BR Telecom.
Diz que o contrato prevê a possibilidade de pagamento dos serviços em dinheiro, em outros contratos ou em ações. "A forma de pagamento é irrelevante", afirma.
A polêmica começou logo depois do leilão, no final de julho, mas estava restrita aos bastidores.
O quadro mudou a partir do momento em que o governo começou a se movimentar para vender os 25% do capital da Telemar que estão em poder do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Convencida de que tem direito a uma fatia da telefônica, a BR Telecom contratou advogado e se prepara para uma eventual ação judicial contra a venda das ações.
Os diretores da empresa foram orientados pelo advogado a não dar declarações sobre o assunto, mas, em conversas reservadas, afirmam que estão prontos para uma batalha judicial.
A versão da BR Telecom é a de que fez todos os estudos que respaldaram a Telemar na compra da Tele Norte Leste e que teria sido responsável pela própria articulação do consórcio.
Em retribuição a esse trabalho, os sócios da Telemar teriam prometido participação societária na empresa, caso saíssem vencedores.
Os dirigentes da BR Telecom sustentam que a promessa foi formalizada em contrato, em um escritório de advocacia do Rio, na antevéspera do leilão da Telebrás.
Os executivos sustentam ainda que o contrato pode invalidar o ingresso do BNDES no capital da Telemar e, consequentemente, impedir que a União revenda as ações.
A União vendeu o controle da Tele Norte Leste por R$ 3,4 bilhões. A vitória da Telemar foi uma surpresa até mesmo para o consórcio, que ofereceu ágio de apenas 1% sobre o preço mínimo.
A Telemar acabou vencedora por uma sucessão de imprevistos. A norte-americana Bell South, vista como provável vencedora do leilão da Telesp, desistiu.
A Telefónica de España, tida como a mais forte concorrente para a Tele Centro Sul, arrematou a Telesp fixa. Com isso, a Telecom Italia ficou com a Tele Centro Sul, deixando a Telemar sozinha na disputa pela Tele Norte Leste. (EL)



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