São Paulo, segunda, 19 de outubro de 1998

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PECUÁRIA
País pretende tomar 25% do mercado chileno, passando a ser segundo vendedor, com o fim da febre aftosa
Brasil quer exportar mais carne para o Chile

da Reportagem Local

Quando se pensa em carne bovina, a Argentina é o vendedor mais lembrado. O Brasil, no entanto, está querendo sair da "lanterninha" entre os países do Cone Sul que exportam o produto para o vizinho mercado chileno.
A meta é ambiciosa. Passar a importar para o Chile 20 mil toneladas por ano (incluindo os produtos industrializados), das atuais 1,7 mil toneladas.
Esse total representaria quase 25% do mercado chileno, o que transformaria o Brasil no segundo principal exportador do produto para o Chile, perdendo apenas para a Argentina.
Até agora, apenas 1% da pauta de exportação de carne brasileira vai para o Chile, de acordo com a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.
Isso porque apenas o rebanho do Sul do país tinha o direito de vender para o mercado chileno. O motivo: o antigo foco da febre aftosa dos rebanhos do circuito da região Centro-Oeste.
Desde o início do mês, no entanto, o governo chileno autorizou a aquisição de carne no mercado de São Paulo e dos demais Estados do Centro-Oeste, região que conta com 90 milhões de cabeças de gado bovino.
Uma comitiva chilena chega na semana que vem para qualificar os frigoríficos da região interessados na venda para o país. Cerca de 12 frigoríficos já passaram por uma espécie de pré-qualificação do governo brasileiro.
Os veterinários dos estabelecimentos interessados na venda externa fizeram um curso especial, ministrado pelo Escritório de Defesa Agropecuária da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, em parceria com o Ministério da Agricultura.
"Há dois anos e meio não há registros de focos de febre aftosa no circuito centro-oeste do país", garante o secretário de Agricultura de São Paulo, José Carlos de Souza Meirelles, presidente licenciado do Conselho Nacional da Pecuária de Corte.
A vantagem dos produtores brasileiros, segundo o secretário, é o preço mais barato. De acordo com Meirelles, houve um aumento de até 50% no custo da carne argentina do início do ano até setembro. Com isso, o produto brasileiro ficou 30% mais barato que o do país vizinho.
Para o secretário, o país está se preparando para tornar-se um dos mais importantes fornecedores mundiais de carne. Até 2010, a expectativa é produzir 10 milhões de toneladas de carne bovina, sendo 1,2 milhão de toneladas destinada à exportação.
As metas, contudo, são consideradas ambiciosas demais por especialistas.
Michel Alaby, vice-presidente da Associação das Empresas Brasileiras para Integração no Mercosul, diz que o rebanho argentino é quatro vezes mais produtivo que o brasileiro.
"Além disso, a carne argentina é reconhecidamente superior", afirma Alaby.
(ANA FLORENCE)



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