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CONTAS EXTERNAS
Déficit em conta corrente deve cair de US$ 11 bi para US$ 8 bi
Brasil necessita menos de dinheiro do exterior, diz BC
Patricia Santos/Folha Imagem
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Charles Blitzer, do FMI, ouve o discurso de Armínio Fraga, presidente do BC, ontem em Brasília |
ÉRICA FRAGA
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo brasileiro reviu estimativas e está mais otimista em
relação ao desempenho das contas externas do país neste ano.
A projeção do Banco Central
para o déficit em conta corrente
(que contabiliza as transações do
país com o exterior) caiu de US$
11 bilhões para algo entre US$ 8
bilhões e US$ 9 bilhões em 2002.
Esse número representa déficit
abaixo de 2% do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, segundo o
diretor de Política Econômica do
BC, Ilan Goldfajn, que apresentou
as projeções ontem durante seminário organizado pelo Ibmec
(Instituto Brasileiro de Mercado
de Capitais) e pelo Cemla (Centro
de Estudos Monetários Latino-Americano).
De acordo com Goldfajn, até
outubro passado o déficit das
contas externas estava em US$ 7,4
bilhões. Isso significa que o déficit
do mês passado foi de apenas US$
100 milhões, já que o número acumulado até setembro era de US$
7,3 bilhões.
"Está havendo um forte ajuste
nas nossas contas externas. Estamos caminhando rapidamente
para a estabilidade do déficit em
conta corrente", disse Goldfajn.
O diretor do BC espera que o
déficit em conta corrente, em relação ao PIB, seja ainda menor em
2003, quando deverá ficar próximo a 1%.
Segundo Goldfajn, o ajuste nas
contas externas será obtido graças
ao forte aumento do saldo da balança comercial, devido à depreciação do câmbio.
Ele citou também o fluxo de investimentos estrangeiros diretos,
que, apesar da queda em relação a
anos anteriores, também tem colaborado para o financiamento
das contas externas.
Até outubro, o volume de investimentos estrangeiros para o país
havia somado US$ 14 bilhões. A
expectativa do BC é que esse número chegue a algo entre US$ 15
bilhões e US$ 16 bilhões neste ano.
Outro fator positivo citado pelo
diretor do BC foi a queda na redução das linhas de financiamento
externo para o país. A partir de
outubro, segundo ele, a oferta
dessas linhas deixou de cair e tem
se mantido estável.
Para alguns economistas, no entanto, o ajuste que está acontecendo nas contas externas brasileiras
reflete, na verdade, uma fraqueza
da economia, que sofre forte restrição de acesso ao mercado internacional.
Segundo Rodrigo Azevedo, economista-chefe do banco CSFB
Garantia, que também participou
do seminário, o ajuste das contas
externas do país parece refletir
"mais um problema do que uma
solução".
"O ajuste do setor externo não
parece completo ainda", disse
Azevedo. De acordo com o economista, o país precisa recuperar
a credibilidade no mercado internacional e voltar a ter acesso a financiamento externo.
A fragilidade externa do Brasil
também foi citada por Lisa Schineller, diretora da Standard &
Poor's, como uma das razões para
que a agência de classificação de
risco mantenha a perspectiva negativa para a nota da dívida soberana do país, atualmente em B+.
Segundo Schineller, o forte endividamento externo do setor privado brasileiro ainda é muito alto
e preocupa.
Para Goldfajn, no entanto, as dívidas do setor privado são as que
menos preocupam. Segundo ele,
a forte transformação de dívidas
em aumento de participação acionária, via investimento estrangeiro direto, é uma prova disso.
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