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LUÍS NASSIF
A experiência das múlti brasileiras
Por que as empresas brasileiras buscam a internacionalização? Estudo recente do Iedi
(Instituto de Estudos de Desenvolvimento Industrial) levantou
dois tipos de investimento: na atividade produtiva e em redes de
comercialização.
Trabalho recente preparado
pela Funcex constatou que o início da internacionalização das
empresas brasileiras foi para os
EUA e a Argentina. No caso dos
EUA, na forma de escritórios de
representação, visando pular
barreiras comerciais. Oitenta e
cinco por cento dos investimentos
foram em atividades comerciais e
de distribuição. Com raras exceções, não se trata ainda de internacionalização produtiva. Pela
ordem, os investimentos maiores
foram os dos seguintes setores:
têxtil, química, metalurgia básica, minerais não-metálicos e veículos (Embraer, carrocerias e
ônibus).
De um amplo universo de empresas que se declararam dispostas a investir no exterior, 65% se
concentrarão em representação
comercial e canais de distribuição. Apenas 8% das intenções de
investimento serão em ativos. Os
motivos alegados foram, primeiro, a necessidade de logística e
acompanhamento das tendências do mercado consumidor.
O estudo trabalhou em cima de
dados do Banco Central. Em 2001
havia US$ 70 bilhões de investimentos de brasileiros no exterior,
US$ 43 bilhões em participação
do capital de empresas.
Dos US$ 43 bilhões, US$ 21 bilhões foram em intermediação financeira e auxiliares e US$ 14 bilhões em serviços prestados a empresas; US$ 1,5 bilhão em extração de petróleo e US$ 625 milhões
em refino e atividades correlatas.
O item "fabricação de minerais
não-metálicos" representou US$
439 milhões, de investimento da
Vale. Outros setores -fabricação
de produtos metal, máquinas e
equipamentos, máquinas, aparelhos elétricos- consumiram
mais US$ 100 milhões.
O estudo do Iedi identificou as
seguintes experiências brasileiras
de internacionalização:
Votorantim, de mineração e
cimento
Montou escritórios para operações internacionais a fim de ficar
mais próxima dos clientes e evitar intermediação por trading.
Os escritórios estão distribuídos
pela Ásia, Europa e EUA. Possui
também fábrica de cimento no
Canadá.
Sadia, de alimentos
Tem escritórios comerciais e
centros de distribuição nos EUA e
Argentina.
Gerdau, siderúrgica
Aquisição de usinas no exterior
para fortalecer mercado pela proximidade com consumidor e utilização de insumos locais e ultrapassar barreiras comerciais. Tem
usinas no Uruguai, Chile, Canadá, Argentina e EUA. É um caso
típico de expansão produtiva.
Weg, de motores
Escritórios de venda e assistência técnica na Argentina, México
e Portugal.
Odebrecht, construção civil
Aquisição de empresas de construção civil e projetos com governos de 14 países, da América do
Sul, do Norte e Europa. Usa a tecnologia e formação de mão-de-obra qualificada como vantagem
competitiva. É o padrão mais
próximo da internacionalização
do capital dos países centrais.
Andrade Gutierrez, de construção civil
Aquisição de empresas em Portugal, América Latina, África.
Portugal para entrar na União
Européia.
AmBev, de bebidas
Fusão, mais unidades e joint
venture na Argentina, Paraguai,
Venezuela e Uruguai.
Embraer, aeronáutica
Associação com empresas estrangeiras para novos mercados
e obtenção de capital mais barato. Escritórios de venda e pós-venda e depósitos na China, Cingapura, EUA e França.
Vale Rio Doce, de mineração
Joint venture com parceiro canadense, cinco fábricas no exterior e escritórios nos EUA, Bruxelas, Tóquio e Xangai. Joint venture com empresa chilena para explorar cobre no Peru.
Cutrale, de suco de laranja
Comprou duas esmagadoras
na Flórida para driblar protecionismo e reduzir custos fiscais.
Citrosuco, de suco de laranja
Comprou empresa Flórida.
Marcopolo, de carroceria
Unidades na Argentina, México, Portugal. Presente na África
do Sul e China com associação.
Sabó, de autopeças
Unidades na Argentina, Alemanha, Áustria, Hungria. Laboratório nos EUA e Austrália.
Azaléia, de calçados
Unidades produção e representação nos EUA, Chile, Peru, Colômbia e República Tcheca.
E-mail - lnassif@uol.com.br
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