São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 2002

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LUÍS NASSIF

A experiência das múlti brasileiras

Por que as empresas brasileiras buscam a internacionalização? Estudo recente do Iedi (Instituto de Estudos de Desenvolvimento Industrial) levantou dois tipos de investimento: na atividade produtiva e em redes de comercialização.
Trabalho recente preparado pela Funcex constatou que o início da internacionalização das empresas brasileiras foi para os EUA e a Argentina. No caso dos EUA, na forma de escritórios de representação, visando pular barreiras comerciais. Oitenta e cinco por cento dos investimentos foram em atividades comerciais e de distribuição. Com raras exceções, não se trata ainda de internacionalização produtiva. Pela ordem, os investimentos maiores foram os dos seguintes setores: têxtil, química, metalurgia básica, minerais não-metálicos e veículos (Embraer, carrocerias e ônibus).
De um amplo universo de empresas que se declararam dispostas a investir no exterior, 65% se concentrarão em representação comercial e canais de distribuição. Apenas 8% das intenções de investimento serão em ativos. Os motivos alegados foram, primeiro, a necessidade de logística e acompanhamento das tendências do mercado consumidor.
O estudo trabalhou em cima de dados do Banco Central. Em 2001 havia US$ 70 bilhões de investimentos de brasileiros no exterior, US$ 43 bilhões em participação do capital de empresas.
Dos US$ 43 bilhões, US$ 21 bilhões foram em intermediação financeira e auxiliares e US$ 14 bilhões em serviços prestados a empresas; US$ 1,5 bilhão em extração de petróleo e US$ 625 milhões em refino e atividades correlatas. O item "fabricação de minerais não-metálicos" representou US$ 439 milhões, de investimento da Vale. Outros setores -fabricação de produtos metal, máquinas e equipamentos, máquinas, aparelhos elétricos- consumiram mais US$ 100 milhões.
O estudo do Iedi identificou as seguintes experiências brasileiras de internacionalização:
Votorantim, de mineração e cimento
Montou escritórios para operações internacionais a fim de ficar mais próxima dos clientes e evitar intermediação por trading. Os escritórios estão distribuídos pela Ásia, Europa e EUA. Possui também fábrica de cimento no Canadá.
Sadia, de alimentos
Tem escritórios comerciais e centros de distribuição nos EUA e Argentina.
Gerdau, siderúrgica
Aquisição de usinas no exterior para fortalecer mercado pela proximidade com consumidor e utilização de insumos locais e ultrapassar barreiras comerciais. Tem usinas no Uruguai, Chile, Canadá, Argentina e EUA. É um caso típico de expansão produtiva.
Weg, de motores
Escritórios de venda e assistência técnica na Argentina, México e Portugal.
Odebrecht, construção civil
Aquisição de empresas de construção civil e projetos com governos de 14 países, da América do Sul, do Norte e Europa. Usa a tecnologia e formação de mão-de-obra qualificada como vantagem competitiva. É o padrão mais próximo da internacionalização do capital dos países centrais.
Andrade Gutierrez, de construção civil
Aquisição de empresas em Portugal, América Latina, África. Portugal para entrar na União Européia.
AmBev, de bebidas
Fusão, mais unidades e joint venture na Argentina, Paraguai, Venezuela e Uruguai.
Embraer, aeronáutica
Associação com empresas estrangeiras para novos mercados e obtenção de capital mais barato. Escritórios de venda e pós-venda e depósitos na China, Cingapura, EUA e França.
Vale Rio Doce, de mineração
Joint venture com parceiro canadense, cinco fábricas no exterior e escritórios nos EUA, Bruxelas, Tóquio e Xangai. Joint venture com empresa chilena para explorar cobre no Peru.
Cutrale, de suco de laranja
Comprou duas esmagadoras na Flórida para driblar protecionismo e reduzir custos fiscais.
Citrosuco, de suco de laranja
Comprou empresa Flórida.
Marcopolo, de carroceria
Unidades na Argentina, México, Portugal. Presente na África do Sul e China com associação.
Sabó, de autopeças
Unidades na Argentina, Alemanha, Áustria, Hungria. Laboratório nos EUA e Austrália.
Azaléia, de calçados
Unidades produção e representação nos EUA, Chile, Peru, Colômbia e República Tcheca.

E-mail - lnassif@uol.com.br


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