São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 2002

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Para Armínio, sistema de meta de inflação está atualmente em teste

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse ontem que o sistema de metas de inflação está hoje em teste. Segundo Armínio, as dúvidas do mercado em relação à eficácia do regime se devem, na verdade, ao medo, "infundado" nas palavras dele, de que o novo governo mude o rumo da política de combate à inflação.
"O governo eleito já emitiu sinais fortes e inequívocos de que não vai tolerar a volta da inflação", disse Armínio, que também participou ontem de seminário organizado pelo Ibmec e o CEMLA sobre fluxos de investimento em portifólio e estabilidade nos mercados emergentes, em São Paulo.
Armínio ressaltou que o perigo das expectativas de inflação é que se tornem profecias auto-realizáveis: "Temos no nosso país, quase no nosso DNA, o gene da sobrevivência à inflação (...) O perigo disso é que qualquer percepção de risco acaba atraindo mais inflação mesmo".
De acordo com Armínio, "o primeiro passo o governo eleito tem dado com seu discurso explícito e claro. O próximo passo deverá ser dado nas próximas semanas com o anúncio dos nomes [dos integrantes do governo]".
O presidente do BC afirmou também que já há sinais de uma desaceleração do processo de alta da taxa de inflação, que sofreu forte aumento recentemente.
"A última expectativa de inflação subiu ainda um pouco, mas, se olharmos os sinais, a taxa de câmbio já se apreciou (...) Então, já existem alguns sinais que apontam na direção certa", afirmou.

Expectativas
Apesar disso, as expectativas de inflação do mercado continuam subindo. Segundo a pesquisa Focus do BC, feita na última sexta-feira e divulgada ontem, as projeções para o IPCA em 2003 voltaram a aumentar, passando de 9% para 9,81%. A meta para o próximo ano é de 4%, com intervalo de variação de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.
Já há quem defenda no mercado a necessidade de alteração da meta do ano que vem. Ontem, Rodrigo Azevedo, economista-chefe do CSFB Garantia, disse, por exemplo, que essa é uma das medidas que deveriam ser tomadas pelo próximo governo para recuperar credibilidade no mercado.
"O sistema de metas, hoje, dá sinais de perda parcial de eficácia. A mudança da meta para 2003 ajudaria a restabelecer a credibilidade", disse Azevedo.

Copom
Por conta das crescentes expectativas de inflação, o mercado acredita no anúncio de uma elevação da taxa de juros amanhã pelo Copom (Comitê de Política Monetária).
Paulo Leme, diretor de pesquisa econômica para mercados emergentes da Goldman Sachs, acredita, por exemplo, que o BC eleve os juros em um ponto. (EF e FV)


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