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Para Armínio, sistema de meta de
inflação está atualmente em teste
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Banco Central,
Armínio Fraga, disse ontem que o
sistema de metas de inflação está
hoje em teste. Segundo Armínio,
as dúvidas do mercado em relação à eficácia do regime se devem,
na verdade, ao medo, "infundado" nas palavras dele, de que o
novo governo mude o rumo da
política de combate à inflação.
"O governo eleito já emitiu sinais fortes e inequívocos de que
não vai tolerar a volta da inflação", disse Armínio, que também
participou ontem de seminário
organizado pelo Ibmec e o CEMLA sobre fluxos de investimento
em portifólio e estabilidade nos
mercados emergentes, em São
Paulo.
Armínio ressaltou que o perigo
das expectativas de inflação é que
se tornem profecias auto-realizáveis: "Temos no nosso país, quase
no nosso DNA, o gene da sobrevivência à inflação (...) O perigo disso é que qualquer percepção de
risco acaba atraindo mais inflação
mesmo".
De acordo com Armínio, "o primeiro passo o governo eleito tem
dado com seu discurso explícito e
claro. O próximo passo deverá ser
dado nas próximas semanas com
o anúncio dos nomes [dos integrantes do governo]".
O presidente do BC afirmou
também que já há sinais de uma
desaceleração do processo de alta
da taxa de inflação, que sofreu
forte aumento recentemente.
"A última expectativa de inflação subiu ainda um pouco, mas,
se olharmos os sinais, a taxa de
câmbio já se apreciou (...) Então,
já existem alguns sinais que apontam na direção certa", afirmou.
Expectativas
Apesar disso, as expectativas de
inflação do mercado continuam
subindo. Segundo a pesquisa Focus do BC, feita na última sexta-feira e divulgada ontem, as projeções para o IPCA em 2003 voltaram a aumentar, passando de 9%
para 9,81%. A meta para o próximo ano é de 4%, com intervalo de
variação de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.
Já há quem defenda no mercado
a necessidade de alteração da meta do ano que vem. Ontem, Rodrigo Azevedo, economista-chefe do
CSFB Garantia, disse, por exemplo, que essa é uma das medidas
que deveriam ser tomadas pelo
próximo governo para recuperar
credibilidade no mercado.
"O sistema de metas, hoje, dá sinais de perda parcial de eficácia. A
mudança da meta para 2003 ajudaria a restabelecer a credibilidade", disse Azevedo.
Copom
Por conta das crescentes expectativas de inflação, o mercado
acredita no anúncio de uma elevação da taxa de juros amanhã
pelo Copom (Comitê de Política
Monetária).
Paulo Leme, diretor de pesquisa
econômica para mercados emergentes da Goldman Sachs, acredita, por exemplo, que o BC eleve os
juros em um ponto.
(EF e FV)
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