|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BOLA DE CRISTAL
Pesquisa da Amcham-SP apura que 70,79% dos consultados têm medo de uma disparada de preços em 2003
Empresários temem inflação e indexação
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O retorno significativo da inflação, acompanhada de uma reindexação da economia converteu-se no principal temor do empresariado para o próximo ano.
Pesquisa divulgada ontem pela
Amcham-SP (Câmara Americana
de Comércio de São Paulo) demonstra que 70,79% dos executivos consultados elegeram a combinação inflação/indexação como
a maior das preocupações para
2003. Na sequência, aparece o medo do recuo da economia americana, que poderia provocar uma
recessão mundial (49,75%). Como terceiro mais presente na lista
de temores consta o aumento das
desigualdades sociais (38,61%).
Conduzido pelo Ibope, o levantamento foi feito junto com 400 das
5.400 empresas filiadas à Amcham, em seis Estados.
A disparada da inflação nos últimos meses reavivou o debate
acerca, por exemplo, da retomada
de um gatilho salarial, proposta já
apresentada pela Força Sindical.
A própria pesquisa da Amcham
aponta que, segundo os empresários, a inflação de 2003 ficará em
cerca de 11,5%. Na média, a inflação estimada para este ano, segundo a pesquisa, será de 9,9%.
Representantes do futuro governo, como o coordenador da
equipe de transição, Antonio Palocci, sustentam que essa "idéia
(indexação) precisa ser evitada".
Ontem, no seminário da Amcham, Guido Mantega, assessor
econômico do presidente eleito,
Luiz Inácio Lula da Silva, também
se mostrou contrário a qualquer
indexação dos preços.
"É muito importante que não
haja a volta da indexação. Temos
um resto (de indexação) que precisa ser eliminado. Cerca de 30%
da economia tem preços administrados (se referia basicamente às
tarifas públicas). Isso transmite
inflação de um período para o outro. Parte da inflação de 2002 vai
ser transmitida a 2003. Mas num
nível tolerável", disse Mantega.
Argumentou ainda que é preciso rever o índice usado para reajuste das tarifas públicas. Hoje este índice é o IGP-M (Índice Geral
de Preços Médios), medido pela
Fundação Getúlio Vargas. "O
IGP-M é imperfeito, é um índice
muito vinculado ao dólar e não
mede devidamente a inflação."
Segundo ele, a forma de o novo
governo afastar o fantasma da inflação será por meio de uma política monetária austera, estabilidade fiscal e cumprimentos dos contratos firmados. "Só assim retomamos a confiança dos investidores, haverá uma queda do dólar
e da inflação", completou.
O levantamento da Amcham
demonstrou também que a maioria dos empresários não pretende
recorrer a crédito alheio para financiar investimentos no próximo anos. Dos consultados,
81,83% afirmaram que, se houver
investimentos, será por meio de
recursos próprios. Outros 18,17%
pretendem recorrer a recursos de
terceiros (empréstimos) para financiar sua expansão. São dois
motivos básicos: as incertas eleitorais praticamente colocaram a
zero as linhas de financiamento
externo ao país. Por outro lado,
para conter a inflação, o governo
aumenta os juros e impõe restrições aos bancos. Resultado: o crédito interno é pouco e muito caro.
Mesmo diante desse quadro, há
espaço para certo otimismo: as
empresas consultadas prevêem
que o PIB crescerá 2% este ano, na
média. Em 2003, o crescimento
seria de 2,5%. Mais: 57,4% dos
consultados prevêem que as vendas no mercado interno vão crescer em 2003. Apenas 5,94% prevêem vendas piores no próximo
ano.
Texto Anterior: Para Armínio, sistema de meta de inflação está atualmente em teste Próximo Texto: Alca pode ser 1º conflito externo do governo Lula Índice
|