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Mantega chama de "burro" modelo do BC para juro
DA REPORTAGEM LOCAL
O economista Guido Mantega,
assessor econômico do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva,
qualificou ontem de ""burro" o
modelo a partir do qual o Banco
Central define a politica de juros.
De acordo com Mantega, o BC
deve decidir pelo aumento dos juros na reunião do Copom, entre
hoje e amanhã, porque "(a eventual medida) tem a ver com o modelinho do Ilan" (Goldfajn, diretor de Política Econômica do BC).
"Uma coisa é o que eu penso.
Outra é o que o BC vai fazer. Na
minha opinião, eles vão aumentar
os juros para seguir esse "modelinho" do Ilan (Goldfajn). O modelo
econométrico é burro", afirmou
Mantega. Para completar: "Senão, seria fácil. Bastaria dispensar
o presidente do BC e aplicar a tabela", completou em referência às
variáveis que a instituição analisa
no momento em que os membros
do Copom discutem os juros.
O modelo econométrico, ou tabela, como definiu Mantega, considera a inflação, o comportamento do câmbio e a estimativa
de crescimento do PIB entre os fatores determinantes para os juros.
"Eles vão elevar (os juros). Para
seguir o modelinho. A não ser que
tenham abandonado o modelo
no final do governo", disse.
O argumento usado pelo economista para ser contra um eventual
aumento dos juros foi o de que a
alta da inflação tem sido motivada
pela taxa de câmbio. "Não é uma
inflação de demanda. Pelo contrário, o consumo está retraído.
No caso atual, a elevação dos juros
não tem eficácia. Terá efeito muito mais do ponto de vista das expectativas", afirmou Mantega.
A Folha não obteve contato na
tarde de ontem com Goldfjan para comentar as declarações feitas
pelo assessor econômico de Lula.
Mantega sustentou que o PIB
do Brasil deverá crescer 1,5% este
ano. E entre "2,5%, 3,00% e até
3,5%" em 2003. "Nós, economistas, vamos disputar com as cartomantes o título de quem errará
mais previsões. Não gosto de cravar. O crescimento vai depender
de vários fatores como o cenário
internacional", disse ele. "A economia brasileira cresce mais facilmente que outras. É mais sensível
a determinados estímulos. Depois
de três anos de recessão, deve
crescer até por inércia."
(JAD)
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