São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 2002

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Mantega chama de "burro" modelo do BC para juro

DA REPORTAGEM LOCAL

O economista Guido Mantega, assessor econômico do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, qualificou ontem de ""burro" o modelo a partir do qual o Banco Central define a politica de juros.
De acordo com Mantega, o BC deve decidir pelo aumento dos juros na reunião do Copom, entre hoje e amanhã, porque "(a eventual medida) tem a ver com o modelinho do Ilan" (Goldfajn, diretor de Política Econômica do BC).
"Uma coisa é o que eu penso. Outra é o que o BC vai fazer. Na minha opinião, eles vão aumentar os juros para seguir esse "modelinho" do Ilan (Goldfajn). O modelo econométrico é burro", afirmou Mantega. Para completar: "Senão, seria fácil. Bastaria dispensar o presidente do BC e aplicar a tabela", completou em referência às variáveis que a instituição analisa no momento em que os membros do Copom discutem os juros.
O modelo econométrico, ou tabela, como definiu Mantega, considera a inflação, o comportamento do câmbio e a estimativa de crescimento do PIB entre os fatores determinantes para os juros.
"Eles vão elevar (os juros). Para seguir o modelinho. A não ser que tenham abandonado o modelo no final do governo", disse.
O argumento usado pelo economista para ser contra um eventual aumento dos juros foi o de que a alta da inflação tem sido motivada pela taxa de câmbio. "Não é uma inflação de demanda. Pelo contrário, o consumo está retraído. No caso atual, a elevação dos juros não tem eficácia. Terá efeito muito mais do ponto de vista das expectativas", afirmou Mantega.
A Folha não obteve contato na tarde de ontem com Goldfjan para comentar as declarações feitas pelo assessor econômico de Lula.
Mantega sustentou que o PIB do Brasil deverá crescer 1,5% este ano. E entre "2,5%, 3,00% e até 3,5%" em 2003. "Nós, economistas, vamos disputar com as cartomantes o título de quem errará mais previsões. Não gosto de cravar. O crescimento vai depender de vários fatores como o cenário internacional", disse ele. "A economia brasileira cresce mais facilmente que outras. É mais sensível a determinados estímulos. Depois de três anos de recessão, deve crescer até por inércia." (JAD)


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