São Paulo, terça-feira, 19 de novembro de 2002

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Alca pode ser 1º conflito externo do governo Lula

DA REPORTAGEM LOCAL

O cronograma de negociações da Alca pode resultar em fevereiro no primeiro ponto de conflito internacional do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Ao menos se mantida a premissa externada por Guido Mantega, assessor econômico do presidente eleito.
"Vamos ter que recomeçar as negociações da Alca. Existe uma agenda que não pode ser cumprida", afirmou Mantega. "Em fevereiro existe um grupo de alíquotas que teríamos que definir. Parece-me que não há tempo suficiente para isso", completou.
Depois, contemporizou: "Estamos tendo recepção boa. Talvez o Bush trate melhor o Lula do que trata o Fernando Henrique".
Pela proposta acordada na reunião de ministros, em Quito (Equador), no início deste mês, o Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) terá até 15 de fevereiro para apresentar sua proposta inicial de abertura de mercado. Ou seja, apresentar um "esboço" dos setores em que pretende reduzir tarifas (e quais serão as tarifas colocas à mesa para discussão com os outros países. Ainda pelo atual cronograma, apenas em 15 de julho do próximo ano é que os governos devem apresentar as chamadas ofertas concretas de abertura.
O eventual adiamento do cronograma foi rechaçado publicamente por Peter Allgeier, o vice-negociador de comércio dos EUA, que esteve presente ontem no mesmo seminário no qual Mantega dera as declarações -e com quem se encontrou, de maneira informal, no almoço.
Allgeier admitiu que "há ciclos eleitorais" durante as negociações -em clara referência ao processo eleitoral brasileiro. Mas foi enfático ao afirmar que os EUA pretendem manter o atual cronograma. O negociador, no entanto, disse que pretende ouvir o novo governo. O encontro com representantes do presidente eleito deve ocorrer até quinta -quando termina a visita oficial de Allgeier ao Brasil.
Allgeier também afirmou que negociar a Alca significa "não deixar nada sobre a mesa". E acrescentou que subsídios agrícolas são parte central das negociações. A derrubada de barreiras agrícolas é de vital interesse para os países do Mercosul.


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