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São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2003

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SETOR ELÉTRICO

Segundo ministra, relações com Lessa "são as melhores possíveis"

Dilma nega ter criticado o BNDES

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A ministra Dilma Rousseff, das Minas e Energia, negou ontem que tenha críticas à atuação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no setor elétrico.
Em entrevista à Folha, Rousseff disse que as relações do seu ministério com o banco de fomento "são as melhores possíveis". "Na minha área, o BNDES fez duas coisas fundamentais: o programa de capitalização das distribuidoras de energia e deu uma solução para a dívida da AES", disse ela.
A ministra participa, nos EUA, de encontros com empresários do setor energético.
Em agosto, o banco aprovou um programa para financiar metade da dívida de curto prazo das 24 distribuidoras de energia com um desembolso de R$ 3 bilhões. No início de setembro, o BNDES fechou acordo preliminar para reestruturar a dívida de US$ 1,2 bilhão que a empresa norte-americana AES, controladora da Eletropaulo, tem com o banco.
Cerca de US$ 600 milhões serão convertidos em ações da empresa (o que representa 50% de seus ativos no país). Outros US$ 600 milhões serão refinanciados.
A AES pegou empréstimos do BNDES para comprar empresas de energia durante a privatização do setor. Mas parou de pagá-los em janeiro, alegando prejuízos.
Ontem, a Folha informou, com base em informações fornecidas pela cúpula do governo, que a ministra estaria descontente com a forma com a qual o BNDES concedeu dois empréstimos a empresários espanhóis e portugueses do setor elétrico.
A ministra negou essa informação e disse estar "indignada" com sua publicação.
Em um desses projetos, o BNDES está liderando um grupo de bancos no financiamento de R$ 670 milhões para a retomada das obras da usina de Peixe Angical, no Estado do Tocantins, pelo grupo português EDP em parceria com Furnas. "A retomada dessa obra é fundamental, ela vai gerar 450 megawatts de potência. É estarrecedor alguém dizer que sou contra isso", afirmou.
Segundo Rousseff o setor elétrico vive um momento de retomada dos investimentos e o BNDES tem desempenhado um papel importante nesse processo.
O banco aprovou no mês passado o financiamento de R$ 619,8 milhões para a construção da usina de Campos Novos, em Santa Catarina.
O banco está financiando 48% do valor total do projeto, que está sendo tocado pela CPFL Geração, Copel Participações, a gaúcha CEE e a catarinense Celesc.
Outras duas usinas hidrelétricas -Barra Grande e Ceran- no Sul do país também estão recebendo recursos do BNDES.
A ministra disse que esses financiamentos não passam pelo ministério. "Mas sempre externamos nossa preocupação ao banco sobre a necessidade de financiamentos de longo prazo para o setor", afirmou Rousseff.
A ministra teve ontem um encontro com o secretário da Energia dos Estados Unidos, Spencer Abraham, e com investidores americanos dos setores de petróleo, gás e energia elétrica, em Boston. O encontro foi patrocinado pelo Departamento de Energia dos EUA.


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