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TRABALHO
Grupo tem maior taxa de desemprego, ocupa posição desvalorizada e ganha menos, aponta pesquisa do Dieese
Mulher negra tem pior situação no mercado de trabalho
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A mulher negra é quem mais sofre no mercado de trabalho. A taxa de desemprego no grupo é
maior, e elas ficam mais tempo
desocupadas. Quando conseguem entrar no mercado de trabalho, ocupam as posições mais
desvalorizadas e ganham os piores salários.
Os resultados fazem parte da
pesquisa "Mulher negra: dupla
discriminação nos mercados de
trabalho metropolitanos", divulgada pelo Dieese (Departamento
Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Ecônomicos).
O estudo levou em conta dados
de 2001 e 2002 das pesquisas mensais de emprego do Dieese em seis
regiões metropolitanas do país:
Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Distrito Federal, Recife
(PE), Salvador (BA) e São Paulo.
O levantamento foi divulgado às
vésperas do Dia da Consciência
Negra, comemorado amanhã.
A pior taxa de desemprego foi
em Salvador, onde chegou a
31,3% entre as mulheres negras,
enquanto entre as não-negras foi
de 22,2%. Em São Paulo, a taxa foi
de 26,2% entre as negras e de
18,8% entre as não-negras.
"Os dados de Salvador surpreendem porque lá a população
negra é maior, portanto, era de esperar uma situação de menor desigualdade. Mas o que se verifica é
justamente o contrário, o que torna ainda mais explícita a discriminação racial e a desigualdade social", diz Solange Sanchez, coordenadora da pesquisa.
As mulheres negras também
são as que mais demoram para
encontrar emprego: em São Paulo, enquanto os homens não-negros levam, em média, 12 semanas para procurar trabalho, as
mulheres negras levam 14.
O estudo também mostra que a
situação da mulher negra não é
melhor quando consegue uma
vaga no mercado. Na região metropolitana de São Paulo, 72% das
mulheres que estão no mercado
de trabalho estão no setor de serviços e de emprego doméstico.
Enquanto 13% das mulheres não-negras trabalham como domésticas, 30% da negras estão na mesma ocupação. "Esse é mais um indicador da situação de desvantagem desse grupo", diz Sanchez.
Ao pesquisar como sobrevive a
população desempregada, o levantamento revelou que as mulheres não-negras são as que mais
dependem da ajuda de outras
pessoas que trabalham na família.
"Não havia nem dados estatísticos suficientes quando se considera a sobrevivência com dinheiro do FGTS ou com o seguro-desemprego. O que prova que a situação desse grupo é muito desfavorável e que ele está longe de ter
pertencido ao mercado de trabalho formal", diz a coordenadora.
No grupo de mulheres negras
também estão os piores salários.
Na região metropolitana de São
Paulo, o salário médio pago para
esse grupo é de R$ 494, menor que
os R$ 896 recebidos pelas não-negras e que os R$ 756 pagos aos homens negros. O objetivo da pesquisa, segundo a coordenadora
do trabalho, é ajudar na definição
de políticas públicas para tentar
mudar essa situação.
Colaborou a Folha Online
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