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Lula e Serra devem selar hoje venda da Nossa Caixa ao BB
Com valor próximo de R$ 6,4 bi, negócio deverá ser anunciando até amanhã
Compra da Nossa Caixa ajuda o Banco do Brasil a recuperar terreno após perder liderança para fusão entre Itaú e Unibanco
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de
São Paulo, José Serra, marcaram reunião hoje à tarde em
Brasília para oficializar a compra da paulista Nossa Caixa pelo Banco do Brasil.
Como revelou a Folha, Serra
e o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, acertaram o valor do
negócio em R$ 6,4 bilhões faz
duas semanas. Esse valor estava sujeito a um ajuste até a conclusão oficial, porque envolve
acertos de créditos e débitos do
banco do Estado de São Paulo e
também uma oferta a acionistas minoritários.
A operação interessa a Lula e
a Serra, segundo um auxiliar
direto do presidente. Lula reforçará o Banco do Brasil num
momento de crise financeira
internacional e numa hora em
que a instituição perdeu a liderança no ranking nacional, devido à fusão entre o Itaú e o
Unibanco. A forte presença da
Nossa Caixa em São Paulo dará
ainda mais cacife ao BB na
principal praça do país.
O Banco do Brasil negocia
ainda a compra do BRB (Banco
Regional de Brasília). O BB
também deverá comprar metade do banco Votorantim, que
pertence à família Ermírio de
Moraes. Se concretizar todos
esses negócios, poderá voltar a
ser a maior instituição financeira do país. A Nossa Caixa é o
primeiro grande passo dessa
estratégia.
Lula disse ontem que deseja
que o BB volte a ser o maior
banco do Brasil. A possibilidade de compra de bancos estaduais, sem licitação, foi incluída em medida provisória que
permite ao BB e à Caixa Econômica Federal adquirem outras
instituições financeiras.
Já o governador paulista ganhará bilhões para fazer investimentos nos seus dois últimos
anos de governo. Serra deseja
ser candidato à presidente da
República em 2010 e disputa a
candidatura do PSDB com o
governador de Minas Gerais,
Aécio Neves.
Com a venda da Nossa Caixa,
o governador paulista deve ganhar uma importante vitrine
de obras, o que o ajudará em
comparações com as realizações do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento),
que deverão ser inauguradas
por Lula a fim de turbinar politicamente a eventual candidatura presidencial da ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil).
A negociação entre os governos federal e paulista foi conduzida pelo ministro Guido
Mantega (Fazenda) e Serra.
Houve cuidado para evitar vazamentos que afetassem as
ações dos dois bancos na Bovespa. O negócio deveria ter sido anunciado semana passada,
mas, como Lula estava fora, em
viagem, houve adiamento.
Para Mantega, será um gol
político, porque essa possibilidade de negócio se arrastava
desde a gestão de seu antecessor, o petista Antonio Palocci.
O Bradesco tentou impedir a
operação entre o BB e a Nossa
Caixa. No entanto, Mantega e
Serra avaliaram que a transação entre os dois governos traria mais benefícios econômicos
e políticos do que a venda da
Nossa Caixa para o Bradesco.
Com a fusão entre Itaú e
Unibanco, o Bradesco deixou
de ser a maior instituição financeira privada do país e via
na aquisição da Nossa Caixa
uma das poucas possibilidades
de ampliar o seu tamanho. Mas
o BB não abriu espaço, e o negócio deverá ser anunciado entre hoje e amanhã.
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