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Lula não comenta mexida; Palocci declara que decisão foi "técnica"
ANDREA MICHAEL
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Coerente com o discurso de que
o Banco Central terá autonomia
no governo Luiz Inácio Lula da
Silva, o futuro ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, disse
que a elevação dos juros foi uma
decisão técnica qualificada sobre
a qual não faria comentários de
natureza política.
"Os elementos que o Copom
[Comitê de Política Monetária do
BC" analisa são complexos. Não
cabe análise política", disse Palocci. "Nós já dissemos que o ministério [da Fazenda" vai respeitar a
autonomia do Copom para exercer suas funções." Já Lula, segundo seu porta-voz, preferiu não comentar a medida.
Desde o mês passado, quando
se intensificaram os temores em
relação a um descontrole da inflação, a cúpula do PT vem abandonando as tradicionais críticas à
política de juros altos. Nos bastidores, o partido enviou sinais ao
BC de que preferia ver eventuais
medidas amargas, se inevitáveis,
tomadas imediatamente.
No momento, a preocupação é
convencer o mercado de que não
haverá leniência no combate à inflação, ainda que seja preciso sacrificar o crescimento econômico
em 2003. Anteontem, o futuro
presidente do BC, Henrique Meirelles, anunciou que Lula trabalhará para conceder mandatos fixos aos dirigentes da instituição.
Segundo Palocci, projeto nesse
sentido será encaminhado ao
Congresso no próximo ano -antes, será preciso aprovar uma mudança, já em tramitação, do artigo
192 da Constituição, que trata do
sistema financeiro.
Para o futuro ministro, a decisão não significa que o governo
petista esteja abrindo mão de definir as linhas de atuação do BC.
Lula, argumentou, definirá a política econômica a ser seguida. O
BC terá autonomia para cumprir
essa política.
Palocci disse não ver riscos de
explosão da dívida pública com a
alta dos juros: "A dívida está sob
controle". Reconheceu, porém, o
problema: "Todo remédio tem algum efeito colateral".
Segundo o governador do Acre,
Jorge Viana (PT), o aumento na
taxa de juros foi uma ""medida de
transição, dura e drástica, para o
quadro não se modificar". Quanto ao que fazer para viabilizar o
crescimento econômico, essa seria, de maneira coerente, uma decisão para o novo governo.
"Nosso partido vai ter que reconstruir o processo de retomada
do desenvolvimento econômico.
Lamentavelmente, vai ter de ser
um processo", declarou Viana.
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