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PAULADA NO DRAGÃO
Inflação em alta é justificativa para decisão do Copom, na última reunião presidida por Armínio
BC eleva juros a 25%, maior taxa desde 99
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central elevou os juros
básicos da economia de 22% para
25% ao ano, a taxa mais alta desde
maio de 1999, quando o Brasil se
recuperava da crise que levou à
maxidesvalorização do real.
Em um período de apenas 65
dias, desde 14 de outubro, a taxa
básica passou de 18% para 25% ao
ano -um choque de juros de 7
pontos percentuais. Durante 12
meses em 2001 os juros subiram
apenas 3,5 pontos percentuais.
A elevação foi decidida ontem
pelo Copom (Comitê de Política
Monetária), que apontou o aumento dos preços como justificativa para a medida. Em nota divulgada após a reunião, o BC informou: "O aumento da inflação
desde a última reunião, aliado ao
nível ainda elevado da inflação esperada, levou o Copom a aumentar a taxa Selic para 25% ao ano. A
decisão foi unânime".
Na reunião de ontem, a última
comandada por Armínio Fraga, o
Copom não indicou nenhuma
tendência (viés) para os juros. Isso significa que a taxa de 25% ao
ano deve ser mantida até o próximo encontro, marcado para os
dias 21 e 22 de janeiro, quando
Henrique Meirelles já deverá ter
assumido a presidência do BC.
Em sabatina na Comissão de
Assuntos Econômicos do Senado,
anteontem, Meirelles elogiou os
procedimentos usados pela atual
diretoria do BC para fixar a taxa
de juros e disse ainda que pretende manter a sistemática de reuniões mensais para o Copom.
A alta dos juros já era prevista
pelo mercado, embora a maioria
dos analistas esperasse uma elevação de dois pontos percentuais,
e não de três, como ocorreu.
Mais uma vez, o BC aumenta os
juros para tentar conter as expectativas de que a inflação vá continuar subindo de agora em diante.
No mês passado, a taxa Selic já havia sido elevada em um ponto
percentual, também por causa do
receio do mercado de que ocorra
uma disparada nos preços.
No dia 19 de novembro, véspera
da então reunião do Copom, pesquisa feita pelo BC mostrava que
o mercado projetava uma alta de
9,81% para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) em 2003. Na
semana passada, essa estimativa
já estava em 12,12%.
Entre janeiro e novembro, o IPCA acumulou alta de 10,22%, bem
acima dos 5,5% previstos pelo teto da meta fixada pelo governo
para este ano. Para 2003, a meta é
de 4%, com margem de tolerância
de 2,5 pontos percentuais. Esses
valores, porém, poderão ser revisados pelo novo governo.
Ao subir os juros, o BC sinaliza
que está atento ao controle da inflação. Isso pode fazer com que
empresas e consumidores passem
a acreditar que a ação do governo
será suficiente para evitar a alta
dos preços. Isso, por si só, reduziria a velocidade dos reajustes.
Juros mais altos servem para desestimular o consumo. Com menos pessoas fazendo compras, o
comércio tem mais dificuldade
para reajustar preços.
Além disso, o aumento na taxa
Selic torna mais rentáveis as aplicações em renda fixa. Assim, alguns investidores passam a deixar
de comprar dólares para colocar
seu dinheiro nessa modalidade de
investimento. Esse movimento
retira um pouco da pressão sobre
a cotação da moeda dos EUA. Ontem, o dólar comercial fechou em
baixa de 1,39%, a R$ 3,525.
Com a taxa de câmbio mais estável, o preço dos combustíveis e
dos produtos importados tende a
subir menos.
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