São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

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PAULADA NO DRAGÃO

Para Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp, decisão do Banco Central é "ineficaz" e "desnecessária"

Indústria e comércio criticam juro maior

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Representantes da indústria e do comércio bateram pesado ontem no governo após o anúncio da decisão de elevação das taxas básicas de juros -principal indicador do mercado para financiamentos e operações nos setores.
Segundo a Fiesp, a maior entidade da área industrial do país, "é ineficaz e desnecessário o choque de juros promovido pelo Banco Central. Não contribui para que o regime de metas de inflação resgate sua função de balizador de expectativas e tampouco irá contribuir para a construção da credibilidade do próximo governo", afirma Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp, em nota.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) teve uma atitude mais branda. Informa que a medida é "dura, mas necessária" para conter a inflação, disse o deputado federal Armando Monteiro (PMDB-PE), presidente da CNI.
O comércio não só criticou como foi mais longe: reduziu pela metade a previsão de crescimento em 2003. A ACSP (Associação Comercial de São Paulo), espera uma expansão de apenas 1% em 2003 no setor na capital paulista. Até a semana passada, a direção da entidade falava em 2%. A Fecomércio, federação do comércio paulista, diz que "torce" por um aumento de 1%. Foi essa a taxa atingida em 2002 (1,26%).
"Do jeito como as coisas estão indo, só alimento e remédio sai da prateleira no começo do ano", diz Abram Szajman, da Fecomércio.
Novas taxas de juros ao consumidor, cobradas em cima da venda de produtos a prazo, chegam às lojas no dia 2 de janeiro. Portanto, neste Natal o brasileiro ainda consegue escapar dos novos juros. A Fecomércio acredita que ocorrerá uma elevação de 6 a 7 pontos percentuais na taxa anual cobrada pelas lojas.
"Isso não é ruim para nós, é péssimo", diz Alencar Burti, da ACSP. A medida "coloca o setor produtivo nacional entre uma violenta pressão de custos e uma demanda doméstica ainda excessivamente reprimida", diz Piva.


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