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São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2003

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CRISE À ITALIANA

Falta de liquidez ameaça a companhia

Parmalat do Brasil fecha fábricas e atrasa pagamento de fornecedores

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase 14 anos após iniciar sua expansão no país, com a compra de 19 empresas, a Parmalat tem hoje menos da metade do número de fábricas que possuía nos tempos áureos e contabiliza 13 anos de prejuízos. Das 20 unidades que chegou a ter no final de 2000, restam hoje nove -a maioria foi vendida, e três, fechadas.
Na última semana, colhida pela crise financeira que atinge a matriz italiana, a empresa viu seu crédito secar e suspendeu o pagamento aos fornecedores de leite e de polpas usadas na produção de sucos de fruta.
A estimativa de produtores e concorrentes da empresa é que o valor em atraso chegue a R$ 20 milhões. Mas, segundo a empresa, foram postergados apenas os pagamentos às cooperativas.
Os produtores independentes, grandes produtores de leite, estão sendo pagos. A suspensão dos pagamentos foi uma medida preventiva, segundo a Parmalat, diante das dificuldades em financiar o capital de giro.
Só às cooperativas de produtores de leite do Rio, a empresa já deve R$ 4,6 milhões, segundo o presidente da Faerj (Federação da Agricultura do Estado do Rio de Janeiro), Rodolfo Tavares.
A Faerj já cogita formar um pool de cooperativas para comprar a fábrica da Parmalat em Itaperuna, que processa quase metade do leite distribuído no Estado.
A Folha apurou que há outros interessados em adquirir a operação local da Parmalat. A Dean Foods, uma das maiores companhias americanas de alimentação e líder no processamento e distribuição de leite nos EUA, estaria de olho na Parmalat brasileira.

Especulações
Consultada pela reportagem, a Parmalat considerou "mera especulação". Segundo a empresa, até o dia 31 de janeiro, quando vence o prazo para que a conclusão da auditoria que a Price Waterhouse está iniciando em todas as unidades do grupo italiano no mundo, nenhuma decisão sobre desimobilização de ativos será analisada.
As operações locais da Parmalat foram tragadas pela crise da matriz com o vencimento, anteontem, de uma operação de recompra de ações da Parmalat brasileira que estão em poder do Bank of America e de um grupo de investidores. A empresa tinha de pagar US$ 400 milhões aos investidores, mas não tinha recursos.
Em comunicado emitido ontem na Itália, a direção da Parmalat afirma que "continua negociando para alongar o prazo da execução da transação".


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