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CRISE À ITALIANA
Falta de liquidez ameaça a companhia
Parmalat do Brasil fecha fábricas e atrasa pagamento de fornecedores
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase 14 anos após iniciar sua
expansão no país, com a compra
de 19 empresas, a Parmalat tem
hoje menos da metade do número de fábricas que possuía nos
tempos áureos e contabiliza 13
anos de prejuízos. Das 20 unidades que chegou a ter no final de
2000, restam hoje nove -a maioria foi vendida, e três, fechadas.
Na última semana, colhida pela
crise financeira que atinge a matriz italiana, a empresa viu seu
crédito secar e suspendeu o pagamento aos fornecedores de leite e
de polpas usadas na produção de
sucos de fruta.
A estimativa de produtores e
concorrentes da empresa é que o
valor em atraso chegue a R$ 20
milhões. Mas, segundo a empresa, foram postergados apenas os
pagamentos às cooperativas.
Os produtores independentes,
grandes produtores de leite, estão
sendo pagos. A suspensão dos pagamentos foi uma medida preventiva, segundo a Parmalat,
diante das dificuldades em financiar o capital de giro.
Só às cooperativas de produtores de leite do Rio, a empresa já
deve R$ 4,6 milhões, segundo o
presidente da Faerj (Federação da
Agricultura do Estado do Rio de
Janeiro), Rodolfo Tavares.
A Faerj já cogita formar um
pool de cooperativas para comprar a fábrica da Parmalat em Itaperuna, que processa quase metade do leite distribuído no Estado.
A Folha apurou que há outros
interessados em adquirir a operação local da Parmalat. A Dean
Foods, uma das maiores companhias americanas de alimentação
e líder no processamento e distribuição de leite nos EUA, estaria
de olho na Parmalat brasileira.
Especulações
Consultada pela reportagem, a
Parmalat considerou "mera especulação". Segundo a empresa, até
o dia 31 de janeiro, quando vence
o prazo para que a conclusão da
auditoria que a Price Waterhouse
está iniciando em todas as unidades do grupo italiano no mundo,
nenhuma decisão sobre desimobilização de ativos será analisada.
As operações locais da Parmalat
foram tragadas pela crise da matriz com o vencimento, anteontem, de uma operação de recompra de ações da Parmalat brasileira que estão em poder do Bank of
America e de um grupo de investidores. A empresa tinha de pagar
US$ 400 milhões aos investidores,
mas não tinha recursos.
Em comunicado emitido ontem
na Itália, a direção da Parmalat
afirma que "continua negociando
para alongar o prazo da execução
da transação".
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