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Teste confirma falta de gás em termelétrica
Verificação realizada no final de outubro já havia indicado que usinas não teriam como gerar toda a energia prevista
Falta de energia pode afetar preço no curto prazo para grandes consumidores e elevar percepção de risco sobre "apagões" no futuro
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os testes realizados nas usinas termelétricas para avaliar a
real capacidade de geração de
energia indicam que deverá haver déficit de ao menos 2.600
MW médios no sistema. Os testes começaram segunda-feira
passada e vão até sexta-feira.
Na média dos testes realizados entre o último dia 11 e domingo, 13 usinas foram acionadas para gerar 4.486 MW médios, mas, por falta de gás natural, só entregaram 1.987,4 MW
médios -déficit de 2.858,6
MW médios, equivalente a
5,4% do consumo nacional.
A falta de energia nessas usinas tem dois impactos práticos.
Um é o aumento do preço da
energia no mercado de curto
prazo, em que alguns grandes
consumidores, como indústrias, compram a energia que
sobra dos contratos de longo
prazo feitos entre geradoras e
distribuidoras. O outro impacto é na percepção do risco de
falta de energia nos próximos
anos. Com menos energia no
sistema, o preço sobe e o risco
no abastecimento aumenta.
No mercado, estima-se que o
preço de curto prazo da energia
possa chegar próximo a R$ 300
por MWh (megawatt-hora), o
que seria um aumento de mais
de 300% nos preços que vinham sendo praticados (aproximadamente R$ 70). Os novos
preços podem tornar difícil para que indústrias que vinham
aproveitando os preços baixos
do mercado de curto prazo fechem contratos de compra de
energia com custos que possam
ser absorvidos.
Para os consumidores residenciais, no entanto, nada muda no médio prazo -eles compram energia de distribuidoras,
que, por sua vez, têm contratos
de longo prazo com geradoras.
No longo prazo, entretanto, o
custo da energia como um todo
tende a aumentar, o que se refletirá nas tarifas cobradas pelas distribuidoras de energia.
Em relação ao risco, ainda
não há percentual oficial divulgado pelo CMSE (Comitê de
Monitoramento do Setor Elétrico), órgão composto pelo Ministério de Minas e Energia,
ONS (Operador Nacional do
Sistema Elétrico) e pela Aneel
(Agência Nacional de Energia
Elétrica). O número final só será conhecido depois que os testes acabarem.
Projeções da consultoria
PSR, no entanto, revelam que o
risco de falta de energia na região Sudeste no próximo ano
subiria de 2,5% para 9,8% com
a retirada de 2.600 MW médios
do sistema.
Em outubro, os testes das
usinas termelétricas indicaram
um déficit de 2.888 MW médios. No final de novembro, a
Aneel decidiu que essas usinas
só poderiam declarar a energia
que pudessem efetivamente
gerar. A decisão, com reflexos
nos preços e no nível de risco,
foi polêmica e o Ministério de
Minas e Energia, por meio do
CMSE, determinou as realização de novos testes.
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