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Exportadores prevêem que superávit caia 22% em 2008
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O câmbio desfavorável, com
o dólar abaixo de R$ 2,00, levará o saldo comercial brasileiro a
recuar 22,4% em 2008, o que
trará de volta o déficit em transações do Brasil com o exterior,
de acordo com a AEB (Associação de Comércio Exterior).
Na conta do exportadores, as
importações crescerão 15% no
próximo ano -passando de
US$ 120,99 bilhões para US$
139,11 bilhões-, mais do que o
dobro do ritmo de 6% de expansão das exportações -que
subirão de US$ 159,32 bilhões
para US$ 168,840 bilhões.
Com isso, o saldo comercial
brasileiro, que até então financiava o balanço de transações
correntes -conta que mede a
negociação de bens e serviços
com outros países-, seguirá
positivo, mas recuará para US$
29,730 bilhões. Para este ano, a
AEB espera que a balança tenha saldo de US$ 38,33 bilhões.
Segundo José Augusto de
Castro, vice-presidente da
AEB, a previsão leva em conta a
manutenção do atual "cenário
benigno" para a economia internacional. "Se os EUA tiverem recessão ou houver algum
problema na China que altere a
demanda por commodities, os
números serão piores", disse.
"Estamos aguardando uma
política industrial que aumente
a eficiência da indústria. Só
com a redução de custos, a indústria conseguirá exportar
com essa taxa de câmbio", disse
Roberto Segatto, presidente da
Abracex (Associação Brasileira
de Comércio Exterior).
Para os exportadores, a volta
do déficit em transações correntes diminuirá a entrada de
dinheiro no país e poderá levar
o real a um câmbio de R$ 2 por
dólar até o final de 2008.
Segundo a AEB, o crescimento das exportações brasileiras
em 2008 dependerá basicamente de quatro produtos: petróleo, soja, minério de ferro e
aviões. Para a associação, o aumento da receita exportada está mais ligado a uma elevação
nas cotações das commodities
do que o aumento das vendas.
"Com exceção de aviões, que
seguem contratos longos e têm
uma dinâmica própria, a taxa
de câmbio tirou a competitividade dos produtos manufaturados. A balança [comercial]
dependerá da exportação de
produtos primários", disse.
A expectativa é que a exportação de produtos básicos cresça 15,7% em 2008, atingindo
US$ 58,63 bilhões -o equivalente a 34,7% da pauta de exportações, maior participação
do segmento desde 1983.
Por outro lado, os produtos
manufaturados crescerão apenas 1,5%, somando US$ 106,910
bilhões -50,4% das exportações, menor proporção desde
1980, segundo a AEB.
A venda de aviões no exterior
somará US$ 5,6 bilhões em
2008, recuperando a liderança
perdida para os automóveis,
que ficarão em US$ 4,5 bilhões.
Para Castro, o câmbio deveria estar hoje entre R$ 2,40 e R$
2,50 para que houvesse reação
na venda dos manufaturados.
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