São Paulo, Quinta-feira, 20 de Janeiro de 2000


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Agora, deverá crescer disputa pelo Banespa

da Reportagem Local

Ao comprar a parte financeira do grupo Bozano, Simonsen, o Santander deu uma cartada decisiva na disputa pelo sistema financeiro brasileiro e forçou os outros bancos a se mexer. O interesse das instituições nacionais e estrangeiras pela privatização do Banespa deve aumentar depois da jogada dos espanhóis.
A conta é simples. Ao levar o Bozano, o Santander reforçou seus ativos em quase 70%. Se vencer o leilão do Banespa, marcado para maio, o banco espanhol dobra de tamanho, ultrapassa o Unibanco e encosta no Itaú.
"A compra do Bozano é um recado claro de que os bancos estrangeiros serão mais agressivos no país", diz Bruno Zaremba, analista do banco Pactual. "Mais do que nunca, os bancos brasileiros terão de se mexer se quiserem preservar seu espaço. As conversas sobre associações e fusões entre bancos nacionais devem voltar a ganhar força."
O Banespa é considerado um fiel da balança na disputa entre os bancos pelo seu tamanho (R$ 24,7 bilhões em ativos) e está concentrado num mercado nobre, no Estado de São Paulo. Além disso, não existem muitos bancos de porte médio no mercado, além do Mercantil Finasa e do Safra.
"Depois de um ano calmo, devido à crise da desvalorização do real, as fusões e aquisições devem ganhar força entre os bancos no Brasil. Os principais alvos serão os leilões de privatização do Banespa e do Banestado (Paraná)", diz Luís Miguel Santacreu, analista da consultoria Austin Asis.
Os principais candidatos à compra do Banespa são os bancos brasileiros Bradesco, Itaú e Unibanco, além dos estrangeiros HSBC, Santander, BBV e Citibank. Estima-se que o banco estatal saia por aproximadamente US$ 2 bilhões.
Para os brasileiros, comprar o Banespa é um movimento de crescimento e de defesa de mercado. Os banqueiros brasileiros chegaram a fazer um lobby junto ao governo federal para tentar barrar a participação de estrangeiros no leilão.
Para instituições estrangeiras com marca fraca no Brasil, comprar o Banespa pode ser questão de vida e morte. Seria uma maneira de crescer rapidamente no país e popularizar a instituição para competir nacionalmente.
Segundo a Folha apurou, o pesado investimento na compra do grupo Bozano, Simonsen não tirou o Santander da disputa pelo Banespa. O que mudou foi o modo como o banco espanhol está encarando a oportunidade.
Com a compra do Bozano, o Santander já alcançou escala que considera suficiente para competir no sistema financeiro brasileiro. A partir de agora, o Santander só vai entrar na disputa do Banespa se o preço for bom e se os concorrentes forem uma ameaça ao seu mercado.
Outros estrangeiros, como o inglês HSBC e o espanhol BBV, podem entrar com força na disputa, dependendo dos resultados de outros negócios que estão correndo na América Latina.
"Os bancos estrangeiros estão voltando a investir pesado em toda a América Latina. Dependendo de quanto gastarem no México, vão investir pesado na privatização no Banespa e do Banestado", diz Kevin Beck, do Fleming Graphus.
O México é o próximo alvo dos estrangeiros porque venderá, em abril, duas grandes instituições, o Serfin, avaliado em mais de US$ 1 bilhão, e o Bancrecer. (DF e RG)


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