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Agora, deverá crescer disputa pelo Banespa
da Reportagem Local
Ao comprar a parte financeira
do grupo Bozano, Simonsen, o
Santander deu uma cartada decisiva na disputa pelo sistema financeiro brasileiro e forçou os
outros bancos a se mexer. O interesse das instituições nacionais e
estrangeiras pela privatização do
Banespa deve aumentar depois da
jogada dos espanhóis.
A conta é simples. Ao levar o
Bozano, o Santander reforçou
seus ativos em quase 70%. Se vencer o leilão do Banespa, marcado
para maio, o banco espanhol dobra de tamanho, ultrapassa o Unibanco e encosta no Itaú.
"A compra do Bozano é um recado claro de que os bancos estrangeiros serão mais agressivos
no país", diz Bruno Zaremba,
analista do banco Pactual. "Mais
do que nunca, os bancos brasileiros terão de se mexer se quiserem
preservar seu espaço. As conversas sobre associações e fusões entre bancos nacionais devem voltar
a ganhar força."
O Banespa é considerado um
fiel da balança na disputa entre os
bancos pelo seu tamanho (R$ 24,7
bilhões em ativos) e está concentrado num mercado nobre, no Estado de São Paulo. Além disso,
não existem muitos bancos de
porte médio no mercado, além do
Mercantil Finasa e do Safra.
"Depois de um ano calmo, devido à crise da desvalorização do
real, as fusões e aquisições devem
ganhar força entre os bancos no
Brasil. Os principais alvos serão
os leilões de privatização do Banespa e do Banestado (Paraná)",
diz Luís Miguel Santacreu, analista da consultoria Austin Asis.
Os principais candidatos à compra do Banespa são os bancos
brasileiros Bradesco, Itaú e Unibanco, além dos estrangeiros
HSBC, Santander, BBV e Citibank. Estima-se que o banco estatal saia por aproximadamente
US$ 2 bilhões.
Para os brasileiros, comprar o
Banespa é um movimento de
crescimento e de defesa de mercado. Os banqueiros brasileiros chegaram a fazer um lobby junto ao
governo federal para tentar barrar
a participação de estrangeiros no
leilão.
Para instituições estrangeiras
com marca fraca no Brasil, comprar o Banespa pode ser questão
de vida e morte. Seria uma maneira de crescer rapidamente no país
e popularizar a instituição para
competir nacionalmente.
Segundo a Folha apurou, o pesado investimento na compra do
grupo Bozano, Simonsen não tirou o Santander da disputa pelo
Banespa. O que mudou foi o modo como o banco espanhol está
encarando a oportunidade.
Com a compra do Bozano, o
Santander já alcançou escala que
considera suficiente para competir no sistema financeiro brasileiro. A partir de agora, o Santander
só vai entrar na disputa do Banespa se o preço for bom e se os concorrentes forem uma ameaça ao
seu mercado.
Outros estrangeiros, como o inglês HSBC e o espanhol BBV, podem entrar com força na disputa,
dependendo dos resultados de
outros negócios que estão correndo na América Latina.
"Os bancos estrangeiros estão
voltando a investir pesado em toda a América Latina. Dependendo de quanto gastarem no México, vão investir pesado na privatização no Banespa e do Banestado", diz Kevin Beck, do Fleming
Graphus.
O México é o próximo alvo dos
estrangeiros porque venderá, em
abril, duas grandes instituições, o
Serfin, avaliado em mais de US$ 1
bilhão, e o Bancrecer.
(DF e RG)
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