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TESOURO
Juros menores revelam queda no risco do país, diz economista
BC lança US$ 1 bilhão em bônus globais de 20 anos
ALEX RIBEIRO
da Sucursal de Brasília
O Banco Central realizou ontem
um lançamento de US$ 1 bilhão
de bônus globais da República
com prazo de 20 anos. A taxa de
retorno aos investidores estrangeiros é de 13,27% anuais, o que
significa uma taxa 6,5 pontos percentuais acima da paga por títulos
do Tesouro norte-americano
com mesmo prazo.
Para o economista-chefe do
Lloyds, Odair Abate, a nova emissão revela queda do risco do país.
O último lançamento de bônus
globais, em outubro passado, pagou 8,5 pontos percentuais acima
da taxa do Tesouro norte-americano por um papel de apenas dez
anos.
Mas o Brasil ainda está longe de
retomar o nível de confiança que
havia antes da crise asiática, de
1997. Em junho daquele ano o
país colocou US$ 3 bilhões de bônus globais de 30 anos pagando
3,95 pontos percentuais acima da
taxa de prazo equivalente do Tesouro norte-americano.
O risco do Brasil também permanece maior do que o de outros
países emergentes, como a Argentina, para captações de longo
prazo. Abate lembra, entretanto,
que a distância vem se reduzindo
nos últimos meses.
O diretor de Assunto Internacionais do BC, Daniel Gleizer, disse que, com a nova emissão, o
Brasil já levantou mais da metade
de suas necessidades de financiamento no mercado internacional.
Segundo ele, os vencimentos da
dívida oficial somam US$ 3,85 bilhões em 2000 e o Brasil já levantou US$ 1,78 bilhão, considerando a emissão de 750 milhões em
euros feita na semana passada.
"Essa nova captação nos dá
uma grande tranquilidade, pois o
ano está começando e ainda temos 11 meses e uma semana para
captar o que falta", disse Gleizer.
Para ele, a recente redução do
custo de captação é algo mais significativo do que o fato de o Brasil
ainda pagar taxas maiores que a
de outros países emergentes. "Temos que olhar para o nosso próprio umbigo", disse.
Segundo Gleizer, houve uma
demanda de US$ 2 bilhões para os
bônus globais, mas o BC decidiu
vender só a metade porque não
aceitou propostas para a troca de
dívida velha por nova e porque
procurou evitar prejuízos aos
compradores do papel.
Logo após a emissão, os investidores que compraram os papéis
já haviam registrado ganhos. No
lançamento, os papéis eram cotados a 96,39% de seu valor de face.
À tarde, a cotação havia subido
para 97,25%.
Gleizer disse que, em tese, pode
haver a ampliação da emissão de
bônus globais.
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