São Paulo, Quinta-feira, 20 de Janeiro de 2000


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TESOURO
Juros menores revelam queda no risco do país, diz economista
BC lança US$ 1 bilhão em bônus globais de 20 anos

ALEX RIBEIRO
da Sucursal de Brasília

O Banco Central realizou ontem um lançamento de US$ 1 bilhão de bônus globais da República com prazo de 20 anos. A taxa de retorno aos investidores estrangeiros é de 13,27% anuais, o que significa uma taxa 6,5 pontos percentuais acima da paga por títulos do Tesouro norte-americano com mesmo prazo.
Para o economista-chefe do Lloyds, Odair Abate, a nova emissão revela queda do risco do país. O último lançamento de bônus globais, em outubro passado, pagou 8,5 pontos percentuais acima da taxa do Tesouro norte-americano por um papel de apenas dez anos.
Mas o Brasil ainda está longe de retomar o nível de confiança que havia antes da crise asiática, de 1997. Em junho daquele ano o país colocou US$ 3 bilhões de bônus globais de 30 anos pagando 3,95 pontos percentuais acima da taxa de prazo equivalente do Tesouro norte-americano.
O risco do Brasil também permanece maior do que o de outros países emergentes, como a Argentina, para captações de longo prazo. Abate lembra, entretanto, que a distância vem se reduzindo nos últimos meses.
O diretor de Assunto Internacionais do BC, Daniel Gleizer, disse que, com a nova emissão, o Brasil já levantou mais da metade de suas necessidades de financiamento no mercado internacional.
Segundo ele, os vencimentos da dívida oficial somam US$ 3,85 bilhões em 2000 e o Brasil já levantou US$ 1,78 bilhão, considerando a emissão de 750 milhões em euros feita na semana passada.
"Essa nova captação nos dá uma grande tranquilidade, pois o ano está começando e ainda temos 11 meses e uma semana para captar o que falta", disse Gleizer.
Para ele, a recente redução do custo de captação é algo mais significativo do que o fato de o Brasil ainda pagar taxas maiores que a de outros países emergentes. "Temos que olhar para o nosso próprio umbigo", disse.
Segundo Gleizer, houve uma demanda de US$ 2 bilhões para os bônus globais, mas o BC decidiu vender só a metade porque não aceitou propostas para a troca de dívida velha por nova e porque procurou evitar prejuízos aos compradores do papel.
Logo após a emissão, os investidores que compraram os papéis já haviam registrado ganhos. No lançamento, os papéis eram cotados a 96,39% de seu valor de face. À tarde, a cotação havia subido para 97,25%.
Gleizer disse que, em tese, pode haver a ampliação da emissão de bônus globais.


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