São Paulo, Quinta-feira, 20 de Janeiro de 2000


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Taxa média anual era de 4,3% no começo da década de 90

da Sucursal do Rio

Números divulgados ontem pelo IBGE mostram que ao longo dos anos 90 a taxa média de desemprego anual no Brasil saltou de 4,3% em 1990 para 7,6% em 1999.
Os dados indicam também que ao longo do período o papel relativo da indústria de transformação como empregador teve queda substancial. Ela empregava 23,8% da população ocupada em 1990 e fechou 1999 empregando 16,3%.
O levantamento feito pelo IBGE revela que os anos 90 começaram com o desemprego em ascensão, passando de 4,3% em 1990 para 5,8% em 1992, traduzindo a crise do governo de Fernando Collor de Mello.
A partir de 1993, a taxa entrou em declínio, ficando em 5,3%, tendência que se acentuou nos dois primeiros anos do Plano Real (94/95), quando a taxa caiu para, respectivamente, 5,1% e 4,6%.
A partir de 1996 a trajetória de alta foi retomada, com a taxa passando para 5,4%, chegando ao ápice em 1998, ano marcado pela crise internacional iniciada com a moratória da Rússia, com 7,6%.
O número se repetiu em 99, não confirmando expectativas de que o desemprego medido pelo IBGE passaria da casa dos 10%.
Os dados do IBGE indicam uma sistemática perda da qualidade do trabalho ao longo dos anos 90. O emprego com carteira assinada manteve trajetória descendente ao longo de todos os dez anos.
O contingente de empregados formais, que representava 56,9% do total de pessoas ocupadas em 1990, caiu para 44,5% em 1999.
Na outra ponta, a participação do trabalho sem carteira assinada cresceu constantemente ao longo dos dez anos, apenas ficando estável em 24,8% entre os anos de 96 e 97. A participação do trabalho sem carteira assinada saltou em todo o período de 19,1% em 1990 para 26,4% em 1999.
No mesmo período, cresceu também o trabalho por conta própria. Sua participação relativa na população ocupada passou de 18,5% em 90 para 23,6% em 99.
Por setores de atividade, a queda na participação da indústria foi ocupada, basicamente, pelo crescimento do setor de serviços, cuja participação passou de 47,5% em 90 para 54,4% em dezembro.
Os dados mostram ainda que o percentual de pessoas trabalhando em relação à população em idade de trabalhar (mais de 15 anos) caiu de 58,9% em 90 para 52,8% em 99. Já a população desocupada cresceu de 2,6% para 4,3%.
Os números do IBGE mostraram ainda que, entre as seis regiões pesquisadas, a maior queda no rendimento médio real no período de janeiro a novembro de 99 em relação ao mesmo período de 98 foi em São Paulo, com 7,3%. O Rio e Recife tiveram juntos as menores quedas, com 3,3%.
Belo Horizonte liderou a queda no rendimento dos trabalhadores com carteira assinada, com 5% de janeiro a novembro. Em São Paulo a queda foi de 4,5%. Para quem trabalha sem carteira assinada, a maior queda da renda foi em Porto Alegre (3,6%). Em São Paulo, a queda foi de 3,4%. O Rio foi o único a apresentar taxa positiva, com aumento de 4,3% na renda.


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