São Paulo, Quinta-feira, 20 de Janeiro de 2000


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TRABALHO
Taxa recua de 7,3% em novembro para 6,3% em dezembro; índice médio no ano fica em 7,6%
Desemprego cai, mas mantém recorde

CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio

A taxa de desemprego medida pelo IBGE ficou em 7,6% na média de 1999, o mesmo índice do ano anterior. Em dezembro do ano passado desemprego ficou em 6,3%, igual ao recorde histórico para o mês registrado em dezembro de 98 e um ponto percentual menor que a taxa de novembro do ano passado.
Mas a renda média das pessoas ocupadas acumulou nos primeiros 11 meses do ano passado uma perda de 5,3%. Em novembro, a renda média manteve a tendência de queda real registrada ao longo do ano, com redução de 8,6% em relação a novembro de 98 e de 1,8% na comparação com outubro de 99.
Houve queda da renda de janeiro a novembro em todos os setores de atividade, sendo 7,4% na indústria, 7% na construção civil, 6,8% no comércio e 4,5% na indústria.
Por posição na ocupação, a renda caiu 4,1% para trabalhadores com carteira assinada, 7,1% para o trabalho por conta própria e 1% para o trabalho sem carteira assinada.
A taxa de desemprego e o indicador de renda são medidos pelo IBGE nas regiões metropolitanas das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre.
Mesmo considerando que a taxa de desemprego permanece alta, a consultora econômica do Departamento de Emprego e Rendimento do IBGE Shyrlene Ramos de Souza disse que os números dos dois últimos meses "são animadores", especialmente por causa do desempenho da indústria de transformação.
Segundo o IBGE, o emprego na indústria, que vem em queda há quatro anos, apresentou por dois meses consecutivos resultados positivos, com crescimento da força de trabalho de 2,4% em novembro de 99 sobre o mesmo mês de 98 e de 3% em dezembro sobre dezembro do ano anterior.
A região metropolitana de São Paulo, de acordo com Shyrlene, teve papel de destaque nessa melhoria. De dezembro de 98 para dezembro do ano passado o número de empregados nas indústrias da região metropolitana de São Paulo cresceu de 1.491.592 para 1.542.119.
A técnica do IBGE disse também que as perspectivas em relação ao emprego este ano são "otimistas", graças à expectativa média de um crescimento da economia em torno de 3% (o governo espera 4%).
Para ela, o que vai determinar um melhor ou pior desempenho da taxa é o quanto irão crescer setores que usam mão-de-obra intensamente, como a construção civil, os serviços e indústrias como as de calçados e a têxtil.
A melhoria na taxa de desemprego em dezembro do ano passado em relação a novembro foi consequência de uma redução de 192.428 pessoas na população desocupada nas seis regiões pesquisadas (de 1.311.772 para 1.119.344 pessoas).
Mas nem todas elas foram absorvidas pelo mercado de trabalho. No mesmo período, a população em idade de trabalhar (a partir de 15 anos) que não estava empregada nem procurando emprego aumentou de 13.154.587 para 13.215.959 pessoas.

Informalidade
A estabilidade na taxa de desemprego no ano passado em relação ao ano anterior foi acompanhada de uma redução de 3% no emprego com carteira assinada e de um aumento de 4% no trabalho informal, sem carteira assinada. O trabalho por conta própria cresceu 1,9% de um ano para o outro.
Apesar de entender que os indicadores acima, mais a redução da renda, apontam para uma piora na qualidade geral do mercado de trabalho, Shyrlene não quis dizer que eles revelam um crescimento do grau de precariedade do mercado.
Segundo ela, seriam necessários outros dados para se medir o grau de precariedade do mercado. Shyrlene disse que a partir deste ano o IBGE introduzirá na sua pesquisa elementos que lhe permitirão detectar este aspecto.


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