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Carital tem sede no mesmo prédio da Parmalat Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
A Carital Brasil, empresa que foi
citada ontem em interrogatório
na Itália como envolvida em operações suspeitas da Parmalat, intermediou negócios de compra e
venda de fábricas da Parmalat no
país. A Carital está localizada hoje
no mesmo endereço da Parmalat
do Brasil. Elas têm o mesmo número de empregados e filiais nas
mesmas cidades no país, segundo
o banco de dados de instituições
de crédito.
As duas companhias têm sedes
no mesmo prédio, em andares diferentes. A empresa não é citada
no balanço financeiro da Parmalat do Brasil e, oficialmente, informam que não têm ligação hoje. A
Parmalat disse ontem que vendeu
a Carital em 1999.
A Carital e a Zirconia Participações, o nome da Parmalat do Brasil no cadastro da Receita Federal,
estão localizadas na Rua Pequetita, 145, Vila Olímpia, zona oeste
de São Paulo. A Carital está no 12º
andar do prédio, e o escritório da
Zirconia, no 11º andar.
Foi a Carital Brasil que comprou
da Parmalat uma empresa chamada CBL (Companhia Brasileira
de Laticínios) em julho de 2002. A
Parmalat poderia ter vendido para uma família tradicional do
Nordeste ou para a Carital.
Quando acertou a compra, a
Carital dizia, na época, que não
mais pertencia à Parmalat, e já tinha novos sócios. Portanto, o negócio era legal, afirmava.
Um mês após a compra, em
agosto de 2002, a Carital decidiu
se desfazer do negócio e revendeu
a operação. Os valores não foram
informados pelas partes envolvidas. A família Girão, a mesma que
se interessava pela operação desde que a Parmalat decidiu se desfazer do negócio, comprou a unidade de lácteos naquele ano.
A controladora da Carital Brasil
hoje, a Carital Food Distributors,
tem sede na ilha de Curaçau, nas
Antilhas Holandesas, um paraíso
fiscal. A Carital Food aparece no
balanço anual da Parmalat italiana de 2000 como empresa controlada pelo grupo. E não aparece em
mais nenhum balanço após 2000.
A Carital do Brasil tinha, entre
outras funções, a de representar
os interesses da Parmalat Itália no
esporte brasileiro. No futebol, a
empresa assinou contratos de co-gestão com o Palmeiras e o Juventude. Assumiu ainda o controle
do Etti-Jundiaí e negociava passes
de jogadores. Vendia-os e comprava-os no mercado nacional e
no internacional.
No Etti-Jundiaí, chegou a ter
porcentagem do passe de quatro
jogadores. Já no Palmeiras, a empresa, coligada da Parmalat, fez o
pagamento de pelo menos três
parcelas mensais do contrato de
co-gestão com o clube do Parque
Antarctica no segundo semestre
de 1998. O Palmeiras recebia cerca
de R$ 800 mil por mês (valores de
hoje) pelo contrato com a empresa italiana de 1992 a 2000.
Entre 1998 e 1999, a Parmalat,
com a participação da Carital, negociou cinco jogadores para o
Palmeiras -Paulo Nunes, Arce,
Júnior Baiano, César Sampaio e
Jackson. As transações envolveram US$ 23 milhões.
O especialista em marketing esportivo José Carlos Brunoro, que
foi diretor da Parmalat para o Palmeiras durante seis anos da co-gestão, entre 1992 e 1998, afirmou,
por intermédio de um assessor,
não ter conhecimento da Carital.
Além da Carital, a Wishaw, empresa uruguaia também citada
por funcionários da Parmalat em
depoimento à Justiça italiana ontem, participou da transação de
jogadores de futebol. Ela negociava transferências para clubes argentinos e venezuelanos, administrados pela Parmalat.
A Carital Brasil foi procurada
pela Folha, e não se manifestou.
(ADRIANA MATTOS E JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)
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