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LEITE DERRAMADO
A pedido de banco credor, Justiça de SP nomeia grupo para verificar operações brasileiras da Parmalat
Conselho judicial vai apurar fraudes no país
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Fecha-se o cerco sobre a Parmalat do Brasil: a Justiça nomeou um
conselho fiscal judicial para apurar a existência de eventuais fraudes também nas operações brasileiras (a exemplo do que ocorre
na Europa), ter acesso a livros e
documentos contábeis da empresa e verificar a real composição de
seu passivo.
A decisão foi tomada na sexta
pelo juiz substituto da 42ª Vara
Cível de São Paulo, Marcos Bernicchi, que indicou o advogado
Carlos Alberto Casseb, especialista em falências, para fiscalizar a
empresa. Ontem a medida foi ampliada pelo seu titular, Carlos
Henrique Abrão, que nomeou o
colegiado. A decisão inclui a proibição da venda de ativos no país e
o envio de recursos à matriz.
Os juízes atenderam a uma solicitação de medida cautelar do
banco Sumitomo Mitsui Brasileiro ao qual a Parmalat Alimentos,
o braço operacional do grupo italiano, deve US$ 10 milhões.
O juiz Abrão determinou que o
colegiado terá prazo mínimo de
120 dias de duração. O grupo é
composto por um contador e dois
advogados especializados nas
áreas de falência e comercial.
O objetivo do banco Sumitomo
é fazer uma blindagem nos ativos
da Parmalat do Brasil. "Nossa intensão é manter os ativos do grupo no país disponíveis para garantir as dívidas contraídas aqui
pela empresa", diz Cláudio Grimaldi, advogado do banco.
"Não pretendemos engessar ou
impedir o desenvolvimento dos
negócios regulares, nem interferir
na administração da companhia."
A partir de hoje os três profissionais do colegiado estarão reunidos com executivos da Parmalat na sede da empresa para informá-los da extensão da cautelar
decidida ontem.
A Parmalat Alimentos é a única
empresa produtiva do grupo. Se
ela quebrar ou passar a vender fábricas e remeter o dinheiro para
cobrir as dívidas da matriz, os credores locais ficarão a ver navios.
O Sumitomo, por exemplo,
concedeu três empréstimos à Parmalat Alimentos no ano passado,
sem garantias. "Os balanços mostravam um pequeno endividamento da empresa, por isso não
foram solicitadas garantias", explica Grimaldi.
No último dia 12, venceu uma
parcela no valor de US$ 2,1 milhões, que não foi paga. Na próxima segunda-feira, dia 26, há dois
novos vencimentos que totalizam
US$ 7,9 milhões.
A Folha apurou que a maioria
dos bancos credores locais não
exigiu garantias aos empréstimos,
confiando nos balanços da companhia que espelhavam um baixo
endividamento.
Cerco
Também na sexta-feira, segundo a Folha apurou, o Banco do
Brasil reteve R$ 7 milhões que estavam depositados em conta corrente da Parmalat. O BB é um dos
credores da empresa.
Ontem, a Parmalat entrou com
ação cautelar na 19ª Vara Cível,
para tentar o desbloqueio dos recursos. Procurado, o BB não se
manifestou.
Os cotistas do fundo de recebíveis Parmalat, administrado pelo
Itaú, decidiram ontem resgatar
antecipadamente suas cotas.
Dessa forma seca mais uma fonte de recursos para capital de giro
da empresa. A carteira do fundo
era formada por contas a receber,
de curto prazo, da empresa. Assim, a Parmalat recebia antecipadamente os recursos devidos por
clientes. O Moinho Pacífico, o
maior do país, pediu ontem a falência da Parmalat Brasil. Ele vende trigo ao grupo e não recebe
desde dezembro.
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