São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2004

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POLÍTICA MONETÁRIA

Analistas estimam para amanhã uma redução de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros

Mercado espera decisão conservadora do BC

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central vai adotar uma linha mais conservadora e reduzir a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual. Isso se forem ratificadas as apostas da maioria das 15 instituições financeiras ouvidas pela Folha.
No início da noite de amanhã o Copom (Comitê de Política Monetária, formado pela diretoria e pelo presidente do BC) anuncia sua decisão sobre o rumo dos juros básicos (taxa Selic) da economia, atualmente em 16,5% ao ano.
Apesar de o BC ter anunciado neste mês uma medida com poder de mexer na taxa de câmbio, sua postura esperada em relação à condução dos juros -conservadora, se comparada a 2003- não deve se alterar, avaliam economistas e analistas. O Banco Central passou a comprar dólares diretamente no mercado de câmbio para recompor suas reservas, o que pode trazer pressão extra ao dólar.
Nem mesmo a divulgação, na semana passada, do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2003, que ficou em 9,3%, acima da meta do governo para o período, fez as instituições financeiras mudarem as expectativas sobre o rumo dos juros ou a postura do BC.
A previsão é de queda nos juros, mas num ritmo mais lento. A instituição mais otimista ouvida projeta que a Selic poderá estar em 12% no fim de 2004, ou seja, 4,5 pontos percentuais abaixo da atual taxa básica de juros. De junho a dezembro do ano passado, a Selic recuou de 26,5% para 16,5% (dez pontos).
As projeções dos contratos de juros negociados na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) também apontam que a Selic será reduzida para 16% amanhã.

Aquecimento
Para Marcelo Cypriano, economista sênior do BankBoston, um dos motivos que justificam um corte de 0,5 ponto percentual é que, apesar de o BC já ver "o varejo se mexer", ainda ainda não se sabe a velocidade em que se dará a retomada da economia.
Juros menores, em tese, estimulam o consumo e o investimento, o que pode se refletir em alta dos preços. As reduções feitas pelo BC nos juros nos últimos meses ainda não tiveram todo o impacto esperado sobre a economia.
As transações feitas entre os bancos têm como parâmetro a taxa Selic. Por isso, a taxa serve de referência para as demais operações de crédito realizadas no país.
Pela atual legislação, definir a taxa Selic é responsabilidade exclusiva dos diretores e do presidente do BC, que se reúnem mensalmente para discutir o assunto.
"O perfil conservador do BC deve prevalecer nesta reunião do Copom. Até o fim do ano, o espaço para corte nos juros é pequeno. Em dezembro, a Selic deve estar em torno dos 14%", afirma Luis Suzigan, economista-chefe da consultoria LCA.


Colaborou Érica Fraga, da Reportagem Local


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