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TABALHO
Vagas seriam transferidas dos EUA principalmente para Brasil e China
IBM deve abrir vagas em emergentes
CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK
A IBM tem planos para transferir 3.000 postos de trabalho dos
Estados Unidos para os mercados
emergentes neste ano.
O Brasil e a China estão no topo
da lista de países beneficiados. A
companhia afirma que serão criados empregos nos setores de serviços e software. O número de vagas em cada país, porém, ainda
não foi divulgado.
No Brasil, por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa
informou que os detalhes sobre as
contratações só serão revelados a
partir de fevereiro.
"Neste ano teremos 15 mil novos postos de trabalho em todo o
mundo. Serão 4.500 só nos EUA.
Essas são ótimas notícias para todos os mercados", disse à Folha
Clint Roswell, porta-voz de recursos humanos da empresa nos Estados Unidos.
Uma reportagem publicada ontem pelo "Wall Street Journal",
entretanto, afirma que uma política de corte de custos está por trás
da realocação de postos de trabalho. O jornal americano afirma
que teve acesso a rascunhos de
documentos confidenciais da empresa. Esses papéis revelariam o
plano da IBM de economizar US$
168 milhões a partir de 2006. A tática seria fechar vagas nos EUA
para reabri-las em locais como a
China, o Brasil e a Índia.
Para ilustrar a economia que a
empresa alcançaria, o jornal mostra um outro trecho do suposto
programa da IBM. Na China, um
programador com até cinco anos
de experiência recebe, em média,
US$ 12,50 (R$ 35,50) por hora.
Nos EUA, um profissional com a
mesma qualificação recebe US$
56 (R$ 159,04).
A reportagem do jornal menciona ainda um memorando da
companhia no qual são listados
procedimentos para a demitir os
empregados norte-americanos.
O documento recomenda que
os diretores "não sejam transparentes sobre os objetivos e propósitos" [da demissão], e aconselha
ainda que qualquer documentação oficial sobre o assunto seja
"desinfetada" pelos empregados
dos departamentos de recursos
humanos e de comunicação.
Nesse roteiro, há também a
orientação de dizer para os funcionários demitidos que a IBM irá
tentar encontrar novas vagas dentro da empresa para essas pessoas.
O porta-voz da companhia argumenta, no entanto, que as informações divulgadas pelo "Wall
Street Journal" são "incompletas
e imprecisas". De acordo com
Roswell, a empresa não possui
um código de conduta para empreender demissões. "São especulações", disse ao se referir ao conteúdo da reportagem. "O que temos é um amplo plano de contratações", completou.
Dados fornecidos pela IBM indicam que, com as novas contratações, o número de empregados
da empresa vai crescer 5% neste
ano, superando 330 mil pessoas.
Esse é o mais elevado contingente
de trabalhadores na IBM desde
1991. Atualmente, mais da metade
dos funcionários da empresas trabalha fora dos EUA.
A estratégia de realocação de
empregos em países com mão-de-obra mais barata tem crescido
nas empresas do setor de tecnologia e de serviços nos EUA.
A consultoria Forrester Research calcula que 3,3 milhões de
empregos no setor de serviços
saiam dos EUA para países como
Índia, Rússia e Filipinas nos próximos 15 anos.
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