São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2004

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Vagas seriam transferidas dos EUA principalmente para Brasil e China

IBM deve abrir vagas em emergentes

CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK

A IBM tem planos para transferir 3.000 postos de trabalho dos Estados Unidos para os mercados emergentes neste ano.
O Brasil e a China estão no topo da lista de países beneficiados. A companhia afirma que serão criados empregos nos setores de serviços e software. O número de vagas em cada país, porém, ainda não foi divulgado.
No Brasil, por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa informou que os detalhes sobre as contratações só serão revelados a partir de fevereiro.
"Neste ano teremos 15 mil novos postos de trabalho em todo o mundo. Serão 4.500 só nos EUA. Essas são ótimas notícias para todos os mercados", disse à Folha Clint Roswell, porta-voz de recursos humanos da empresa nos Estados Unidos.
Uma reportagem publicada ontem pelo "Wall Street Journal", entretanto, afirma que uma política de corte de custos está por trás da realocação de postos de trabalho. O jornal americano afirma que teve acesso a rascunhos de documentos confidenciais da empresa. Esses papéis revelariam o plano da IBM de economizar US$ 168 milhões a partir de 2006. A tática seria fechar vagas nos EUA para reabri-las em locais como a China, o Brasil e a Índia.
Para ilustrar a economia que a empresa alcançaria, o jornal mostra um outro trecho do suposto programa da IBM. Na China, um programador com até cinco anos de experiência recebe, em média, US$ 12,50 (R$ 35,50) por hora. Nos EUA, um profissional com a mesma qualificação recebe US$ 56 (R$ 159,04).
A reportagem do jornal menciona ainda um memorando da companhia no qual são listados procedimentos para a demitir os empregados norte-americanos.
O documento recomenda que os diretores "não sejam transparentes sobre os objetivos e propósitos" [da demissão], e aconselha ainda que qualquer documentação oficial sobre o assunto seja "desinfetada" pelos empregados dos departamentos de recursos humanos e de comunicação.
Nesse roteiro, há também a orientação de dizer para os funcionários demitidos que a IBM irá tentar encontrar novas vagas dentro da empresa para essas pessoas.
O porta-voz da companhia argumenta, no entanto, que as informações divulgadas pelo "Wall Street Journal" são "incompletas e imprecisas". De acordo com Roswell, a empresa não possui um código de conduta para empreender demissões. "São especulações", disse ao se referir ao conteúdo da reportagem. "O que temos é um amplo plano de contratações", completou.
Dados fornecidos pela IBM indicam que, com as novas contratações, o número de empregados da empresa vai crescer 5% neste ano, superando 330 mil pessoas. Esse é o mais elevado contingente de trabalhadores na IBM desde 1991. Atualmente, mais da metade dos funcionários da empresas trabalha fora dos EUA.
A estratégia de realocação de empregos em países com mão-de-obra mais barata tem crescido nas empresas do setor de tecnologia e de serviços nos EUA.
A consultoria Forrester Research calcula que 3,3 milhões de empregos no setor de serviços saiam dos EUA para países como Índia, Rússia e Filipinas nos próximos 15 anos.


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