São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

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RECEITA ORTODOXA

Para analistas, Selic só deve começar a recuar no 2º semestre

Mercado vê nova alta em fevereiro

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A elevação da taxa básica de juros neste primeiro mês do ano ainda não foi a última do ciclo de alta que começou em setembro.
Os últimos dados de atividade econômica e de preços somados à expectativa de inflação futura do mercado -que teima em não cair como deseja o Banco Central- devem levar o Copom a realizar pelo menos mais uma alta dos juros básicos, em fevereiro. Essa é a avaliação feita por economistas consultados pela Folha.
"O aperto monetário está perto do fim", afirma Roberto Padovani, economista da consultoria Tendências. Mas os dados mais recentes de atividade econômica levam a crer que "pode haver mais uma alta em fevereiro", completa o economista.
Mais do que o tamanho da elevação anunciada ontem -a taxa básica subiu de 17,75% para 18,25%-, os analistas financeiros aguardam a apresentação da ata da reunião do Copom, na próxima semana, para melhor definir seus cenários futuros.
"O tom da ata vai ser fundamental. Que estamos perto do fim do ciclo de aperto é fato. E a ata deve clarear mais o assunto, mostrando que está próxima a hora de os juros deixarem de subir", avalia Jorge Simino, sócio-diretor da MS Consulting.
A divulgação do boletim Focus do BC, na próxima segunda-feira, também é esperada com interesse. Nesta semana, o Focus mostrou um aumento -pequeno, mas que trouxe desconforto ao mercado- na projeção mediana para o IPCA em 2005. Essa expectativa subiu de 5,67% para 5,70% entre esta e a semana anterior, fazendo com que a projeção média do mercado para o IPCA em 2005 se distanciasse um pouco mais da meta de inflação que o Banco Central busca (5,1%).
O atual processo de elevação da taxa básica (Selic) teve início em setembro do ano passado. Ao subir os juros, o Copom demonstra estar preocupado com a evolução da inflação.
Mas o fim do ciclo de alta não significa o início de um processo de baixa. Os analistas são unânimes em afirmar que a Selic só voltará a cair no fim deste ou no começo do próximo semestre.
Para Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra, é mais razoável pensar em queda de juros apenas no segundo semestre do ano. A economista afirma esperar por outra alta da Selic em fevereiro. "E, talvez, algo ainda em março."
Padovani diz que, em meados de junho, dependendo do nível de aquecimento econômico, os juros devem "voltar a recuar". Para o economista, a taxa básica estará em 15% no fim do ano.
O fato de as taxas do "swap" de 360 dias estarem em trajetória de alta também pesa para o mercado apostar na possibilidade de os juros subirem, no máximo, até o fim deste primeiro trimestre.
Essas taxas definem os custos dos empréstimos dirigidos ao setor privado. Se estão mais altas, acabam por desestimular o aquecimento econômico. E o temor do governo é que um aquecimento mais forte da economia provoque mais inflação.
De um mês para cá, o "swap" de 360 dias saltou de cerca de 17,50% para 18,33%.


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