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RECEITA ORTODOXA
Para analistas, Selic só deve começar a recuar no 2º semestre
Mercado vê nova alta em fevereiro
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A elevação da taxa básica de juros neste primeiro mês do ano
ainda não foi a última do ciclo de
alta que começou em setembro.
Os últimos dados de atividade
econômica e de preços somados à
expectativa de inflação futura do
mercado -que teima em não cair
como deseja o Banco Central-
devem levar o Copom a realizar
pelo menos mais uma alta dos juros básicos, em fevereiro. Essa é a
avaliação feita por economistas
consultados pela Folha.
"O aperto monetário está perto
do fim", afirma Roberto Padovani, economista da consultoria
Tendências. Mas os dados mais
recentes de atividade econômica
levam a crer que "pode haver
mais uma alta em fevereiro",
completa o economista.
Mais do que o tamanho da elevação anunciada ontem -a taxa
básica subiu de 17,75% para
18,25%-, os analistas financeiros
aguardam a apresentação da ata
da reunião do Copom, na próxima semana, para melhor definir
seus cenários futuros.
"O tom da ata vai ser fundamental. Que estamos perto do fim
do ciclo de aperto é fato. E a ata
deve clarear mais o assunto, mostrando que está próxima a hora de
os juros deixarem de subir", avalia Jorge Simino, sócio-diretor da
MS Consulting.
A divulgação do boletim Focus
do BC, na próxima segunda-feira,
também é esperada com interesse. Nesta semana, o Focus mostrou um aumento -pequeno,
mas que trouxe desconforto ao
mercado- na projeção mediana
para o IPCA em 2005. Essa expectativa subiu de 5,67% para 5,70%
entre esta e a semana anterior, fazendo com que a projeção média
do mercado para o IPCA em 2005
se distanciasse um pouco mais da
meta de inflação que o Banco
Central busca (5,1%).
O atual processo de elevação da
taxa básica (Selic) teve início em
setembro do ano passado. Ao subir os juros, o Copom demonstra
estar preocupado com a evolução
da inflação.
Mas o fim do ciclo de alta não
significa o início de um processo
de baixa. Os analistas são unânimes em afirmar que a Selic só voltará a cair no fim deste ou no começo do próximo semestre.
Para Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra, é
mais razoável pensar em queda
de juros apenas no segundo semestre do ano. A economista afirma esperar por outra alta da Selic
em fevereiro. "E, talvez, algo ainda em março."
Padovani diz que, em meados
de junho, dependendo do nível de
aquecimento econômico, os juros
devem "voltar a recuar". Para o
economista, a taxa básica estará
em 15% no fim do ano.
O fato de as taxas do "swap" de
360 dias estarem em trajetória de
alta também pesa para o mercado
apostar na possibilidade de os juros subirem, no máximo, até o
fim deste primeiro trimestre.
Essas taxas definem os custos
dos empréstimos dirigidos ao setor privado. Se estão mais altas,
acabam por desestimular o aquecimento econômico. E o temor do
governo é que um aquecimento
mais forte da economia provoque
mais inflação.
De um mês para cá, o "swap" de
360 dias saltou de cerca de 17,50%
para 18,33%.
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