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RECEITA ORTODOXA
Varejo avaliará impacto da Selic antes de elevar suas taxas; necessidade de desovar estoques "barra" reajuste
Estoque alto e renda baixa amortecem juros
DA REPORTAGEM LOCAL
As principais redes varejistas
vão analisar a possibilidade de aumentos nos juros após o anúncio
ontem da quinta alta consecutiva
na taxa Selic. Essa é a posição oficial. A tendência é a de que não
haja uma elevação conjunta nos
juros nas grandes cadeias, dizem
os economistas. O aumento deve
ser a conta-gotas, em determinados planos de venda e produtos,
como já está acontecendo desde
novembro. Hoje, o varejo até chega a cobrar uma taxa diferente segundo o dia da semana, apurou a
Folha.
Estoque elevado, concorrência
acirrada e incertezas sobre a consistência na leve elevação da renda barram reajustes maiores.
Nos meses de novembro e dezembro, as grandes redes do país,
como Casas Bahia, Ponto Frio e
grupo Pão de Açúcar, diziam
abertamente que aumentos seriam postergados. Naqueles dois
meses a Selic subiu um ponto percentual, e o comércio praticamente não mexeu em suas taxas. Um
reajuste pré-Natal poderia fazer
minguar os resultados do período
pelo efeito psicológico negativo.
Agora, as redes de supermercados
e de eletrônicos afirmam que farão as contas para verificar como
ficará o custo financeiro da alta na
Selic de ontem.
"A tendência é que o mercado
caminhe para a cobrança de juros
diferentes para produtos ou planos diferentes. Isso já dá sinais de
estar acontecendo", diz Fabio Pina, economista da Fecomercio
SP. A Casas Bahia começou, há
poucos meses, a cobrar taxas diferentes segundo a mercadoria. E
segundo o dia da semana. Isso
cria maiores oportunidades de
venda para a loja.
Para os consumidores que
aproveitavam a promoção da rede no dia 6 de janeiro, segundo
anúncio nos jornais, era possível
comprar uma lavadora de roupas
Atlas (cinco quilos) e pagar uma
taxa de 2,77% ao mês em 13 parcelas de R$ 55. No dia 8, o mesmo
item era vendido por 18 vezes de
R$ 39,90. A taxa de juros era de
2,25% ao mês. Quem comprou no
dia 8 pagará R$ 718,20 a prazo,
contra R$ 715 para os planos feitos no dia 6.
O mesmo acontece na venda do
micro system Philips. O juros pode ser de 2,67% ao mês ou 2,24%,
segundo o número de parcelas e o
dia da promoção. A rede faz esses
planos para adaptar a venda ao tamanho do bolso do consumidor.
A Anefac, entidade financeira
que faz previsões de juros futuros
no mercado, calcula que a taxa
média cobrada no mercado para a
pessoa física tende a subir de
148,20% ao ano para 149,31%
anuais. Isso equivale a uma alta de
7,87% ao mês para 7,91%. A entidade faz cálculos matemáticos em
cima das taxas praticadas na praça para chegar a esses números.
Para o cheque especial, calcula-se que as taxas subam de 8,35% ao
mês para 8,39% ao mês -ou de
161,79% para 162,95% anuais. Nas
operações ao consumidor, a
maior alta pode acontecer no
CDC (Crédito Direto ao Consumidor) dos bancos, utilizado para
a compra de carros, por exemplo.
A subida calculada pode ir de
3,84% mensais para 3,88%
-uma variação de 1%.
(ADRIANA MATTOS)
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