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Sindicatos e empresários voltam a atacar BC
DA REPORTAGEM LOCAL
Como acontece há cinco meses,
a decisão do Banco Central de elevar a taxa básica de juros gerou
uma rajada de críticas dos representantes do empresariado e dos
trabalhadores. Para o setor produtivo, as propostas da sociedade
que surgem como alternativa à
elevação dos juros -usados para
conter a inflação- são solenemente "ignoradas" pelo BC. O comércio afirma que a medida não
se justifica "de forma nenhuma e
compromete ainda mais o ritmo
de crescimento da economia".
"Ao dar continuidade à elevação dos juros, o Copom joga um
balde de água fria em todos aqueles que há muito desejam que o
Brasil tenha um desenvolvimento
econômico vigoroso, de longo
prazo, com distribuição de renda
e inclusão social", disse, em nota,
Luiz Marinho, presidente nacional da CUT.
A entidade argumenta que o BC
deveria usar outros instrumentos
para conter pressões inflacionárias "como o choque de produção, através da elevação dos investimentos nos setores produtivos e da recuperação do nível de
emprego e da massa salarial",
afirma a nota.
Uma política de investimentos
também é a alternativa à alta dos
juros, segundo proposta do Ciesp
(Centro das Indústrias de São
Paulo). Para a entidade, é preciso
"encontrar a taxa de juros de
equilíbrio mais adequada para
balancear metas de inflação realistas com os investimentos".
Com uma visão mais radical, a
CGT (Confederação Geral dos
Trabalhadores) defende a mobilização contra a política do Copom.
Segundo Canindé Pegado, secretário-geral da central sindical,
diante da continuidade da política
monetária restritiva do governo,
os trabalhadores deveriam fazer
"ações concretas" de repúdio, como protestos e mesmo paralisações. "É hora de o movimento
sindical mostrar a voz do trabalhador", diz.
Crescimento comprometido
O setor industrial também engrossou o tom crítico com previsões menos abonadoras em 2005.
"Seguramente isso vai afetar a atividade econômica imediatamente, o que é lamentável", declarou o
presidente da CNI (Confederação
Nacional da Indústria), Armando
Monteiro Neto. Na sua avaliação,
o crescimento em 2005 deve ficar
aquém das estimativas iniciais,
que projetavam uma taxa em torno de 3,5% e 4%.
Paulo Skaf, presidente da Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), propõe a sua
receita: "Temos defendido o aumento da produção e a redução
dos gastos públicos como estratégias de combate à inflação. Apenas para lembrar, de janeiro a novembro de 2004, em relação a
igual período de 2003, a receita da
União cresceu 9,9%, mas seus
gastos aumentaram 11,7%".
A Abdib, entidade que representa a indústria de base, considera preocupante a escalada da taxa
Selic. "As diversas medidas para
combate à inflação, já sugeridas
exaustivamente pelas entidades
representativas do setor produtivo, são cabíveis e possíveis, mas,
no entanto, têm sido ignoradas
com veemência, sem justificativa", afirma em nota oficial Paulo
Godoy, presidente da Abdib.
Na Fecomercio-SP, Abram
Szajmam, presidente da entidade,
criticou a decisão e afirmou que o
varejo voltou a elevar suas taxas
em dezembro. Na prática, as
grande lojas tentam segurar aumentos, e os reajustes nas taxas
tendem a ocorrer em lojas menores, com menor poder de barganha com as financeiras.
"O Brasil precisa deixar a posição de campeão mundial em juros altos para poder ganhar destaque entre os países que têm maior
crescimento. Pelo que temos visto, ao longo dos últimos anos, as
duas situações são incompatíveis", afirmou Szajmam em nota.
(CC, AM, SB)
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