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LEÃO GULOSO
Secretário avisa que mudanças na medida, que adiciona R$ 300 mi à arrecadação, dependem do Congresso
MP do IR vai afetar 200 mil contribuintes
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento da tributação dos
prestadores de serviços, adotada
pelo governo no final do ano passado, afetará 200 mil contribuintes e vai gerar receita adicional de
R$ 300 milhões neste ano, informou ontem a Receita Federal.
Apesar do bombardeio de diversos segmentos econômicos,
Jorge Rachid, secretário da Receita, voltou a defender a medida
provisória que elevou a carga tributária dos prestadores de serviços e disse que eventuais mudanças só serão feitas pelo Congresso.
"A discussão agora é no Legislativo. Lá é o foro adequado."
A MP 232, editada em 30 de dezembro último, corrigiu a tabela
do Imposto de Renda da Pessoa
Física em 10%. Porém, também
ampliou de 32% para 40% a base
de incidência da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) e do Imposto de Renda para
prestadores de serviço que usam
o sistema de lucro presumido para calcular os tributos.
Receita extra
A elevação da CSLL vale a partir
de abril. A mudança no IR só entra em vigor no ano que vem. A
estimativa da Receita é que em
2006 as duas medidas gerarão
uma receita extra de R$ 1,2 bilhão.
Rachid avalia que a medida corrige distorções tributárias em relação a um determinado setor.
Além disso, enfatiza o secretário
da Receita Federal, as empresas
têm a possibilidade de escolher
entre duas formas de cálculo do
imposto. "O setor pode ficar com
a regra geral, usando o verdadeiro
lucro, e não o presumido".
Questionado sobre as ações judiciais movidas por partidos políticos no STF (Supremo Tribunal
Federal) contra trechos da MP, ele
disse: "Quem leva uma ação para
o Judiciário deve estar muito seguro de seus argumentos. Não
pode ser algo só político".
Por causa da MP 232, o setor supermercadista já avisou que aumentará os preços de seus produtos em até 1,5%. Isso porque a medida teria elevado os custos de
serviços de limpeza, vigilância e
informática. Rachid criticou as
contas apresentadas pelo setor.
Segundo ele, um aumento nessa
proporção seria o mesmo que dizer que o custo desses serviços representa no mínimo 50% dos preços dos produtos comercializados
pelo setor.
Produtores rurais
Rachid disse ainda que a MP
não afeta os pequenos produtores
rurais, como vem sendo alardeado pelos agricultores. O próprio
ministro da Agricultura, Roberto
Rodrigues, vem afirmando que o
artigo 6º da medida provisória
prejudica o setor.
"Haverá retenção de Imposto
de Renda na fonte de 1,5% apenas
para produtores rurais que vendam para agroindústrias. São
operações superiores a R$ 5.820",
disse o secretário da Receita.
O problema surgiu porque o
texto da MP afirma que haverá a
retenção acima do limite de isenção da pessoa física. Os produtores entenderam que esse limite seria o válido para as pessoas físicas
em geral (R$ 1.164).
O objetivo da medida, no entanto, é fixar o limite de R$ 5.820, que
é a isenção dos produtores rurais.
Ajuste legal
Rachid adiantou que o governo
poderá deixar mais claro a sua intenção com a MP, seja por meio
de normatização da medida, seja
por alterações no texto da própria
regra. "Se houver necessidade de
ajuste legal, podemos mudar a
lei". O secretário relatou também
que não discutiu o assunto com
Rodrigues, mas acrescentou que o
assunto está sendo tratado entre
técnicos das duas áreas.
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