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Mercado Aberto
Guilherme Barros - guilherme.barros@uol.com.br
Mercosul precisa de um freio de arrumação, afirma Delfim
O Mercosul está desintegrado e precisa dar uma freada de
arrumação para encontrar mecanismos que visem a expansão
simultânea de todos os países
do bloco.
A avaliação é de Delfim Netto, ao comentar o encerramento, ontem, no Rio de Janeiro, de
mais uma Cúpula do Mercosul.
Delfim acha que o bloco precisa
ser repensado para se voltar para o seu principal objetivo, que
é o de juntar forças para fazer
valer a integração latino-americana.
"No mundo inteiro, os países
estão buscando se integrar em
blocos de maneira pragmática e
objetiva, enquanto no Mercosul está se produzindo uma discussão puramente ideológica,
da qual, é bom que se diga, o
Brasil está completamente fora", diz.
Não há, segundo Delfim, nenhuma possibilidade de o Brasil se contaminar com o discurso socializante de Hugo Chávez, presidente da Venezuela,
que defendeu, na Cúpula do
Mercosul, a descontaminação
do bloco do neoliberalismo.
Para Delfim, cada país tem o
direito de escolher o seu caminho, mas não tem direito de intervir no caminho do outro. "O
Chávez está certo em escolher a
desgraça para a Venezuela, mas
está errado tentando empurrar
a desgraça para outros países",
afirma Delfim.
O Brasil, de acordo com Delfim, escolheu o seu caminho.
"Na segunda-feira, o governo
irá apresentar um programa de
aceleração do crescimento que
vai respeitar o equilíbrio fiscal e
não vai projetar nenhuma sombra sobre a atual política monetária", diz. "O Banco Central
continuará autônomo, e vai se
tentar melhorar a eficiência do
setor público."
Segundo Delfim, o governo
Lula não mudou de opinião.
Em relação à discussão sobre a
suspensão das licitações das
concessões das rodovias federais, está se vendo agora, a seu
ver, que o que houve foi ruído.
O projeto não foi interrompido.
Delfim acha que a dúvida em
relação à posição do Brasil é
fruto de especulações fabricadas pelo mercado financeiro,
que fica ansioso em produzir
volatilidade. "No mercado financeiro, é a volatilidade que
dá lucro", diz. "A volatilidade é
o pudim que o mercado financeiro adora."
Por isso mesmo, Delfim não
acredita que essa discussão sobre "o socialismo do século 21"
de Chávez, e que conta com o
apoio de Evo Morales na Bolívia e agora de Rafael Correa no
Equador, venha a contaminar o
Brasil. "O mercado produtivo
não é atingido por essas bobagens", diz Delfim. "Ninguém
imagina que o Brasil vá abraçar
uma idéia como essa."
análise
Anfavea defende agenda de competitividade
Além das discussões políticas e dos conflitos internos, o
Mercosul precisa adicionar,
em paralelo, uma agenda de
competitividade para melhorar a produtividade de diversos setores da economia
para os países terem condições de concorrer em igualdade com outros blocos comerciais.
A observação é de Rogelio
Golfarb, presidente da Anfavea (associação dos fabricantes de veículos e automotores), que participou da reunião de Cúpula do Mercosul.
"Nós precisamos pensar em
ter uma produção capaz de
competir com os blocos do
Leste Europeu e da Ásia."
No domingo passado, a
China assinou acordo de
cooperação comercial com a
Asean (o bloco dos países
asiáticos), apesar de não faltarem consumidores na região. Mesmo com esse mercado consumidor fantástico,
os países asiáticos, segundo
Golfarb, estão preocupados
em formar um bloco mais sólido de comércio, com o objetivo de melhorar a competitividade. "Esse é o nome do
jogo no mundo."
Segundo Golfarb, os países
do Mercosul precisam começar a discutir a estrutura tributária da região, a legislação
trabalhista, questões de logística e outros tópicos que
sejam capazes de aumentar a
produtividade e reduzir os
custos. Todos os blocos comerciais estão voltados para
esse esforço.
Golfarb não considera que
os resultados da Cúpula tenham sido frustrantes, já que
os chefes de Estado tiveram
oportunidades de discutir
vários assuntos. "O fórum foi
uma boa oportunidade para
a discussão de temas mais
prementes, mas não necessariamente levou a resultados finais."
DOIS GUMES
Com 75 anos no Brasil e 220 de fundação na Alemanha, a
Corneta Cutelaria começa 2007 com planos de expansão.
Está prestes a inaugurar uma nova fábrica em Manaus. O
objetivo da empresa, com o investimento, é ficar mais próxima de um de seus principais clientes, a indústria de facões.
Além disso, também vai lançar sua linha comemorativa, de
talheres. "Queremos resgatar um pouco do que a Corneta já
foi no passado", diz Ricardo Martin Berg, presidente da empresa. A estratégia é lançar produtos antigos que relembrem
os consumidores que a empresa é a mesma de 75 anos. "Investimos em produtos AA, como facas especiais para chefes
de cozinha, para caça e pesca, esportes, e, na seqüência, entram as facas para sushis e talheres para churrascos", afirma Berg.
REPASSE
O Bradesco manteve, em
2006, o maior repasse de desembolsos do BNDES pelo
quarto ano consecutivo. O
volume total foi de R$ 5,82
bilhões. O montante representa 19,94% de todo o sistema. O banco também obteve
posição mais alta na liberação de recursos para micro,
pequenas e médias, com repasse de R$ 2,3 bilhões. Foram realizadas 22.568 operações, sendo 93% delas voltadas a micro, pequenas e
médias empresas.
QUEDA-DE-BRAÇO
A redução de 10% para 5%
do imposto de exportação
para a pré-mistura de farinha de trigo, pelo governo
argentino, provocou o setor
moageiro brasileiro. Samuel
Hosken, presidente da Abitrigo (associação do setor),
convocou reunião de emergência com representantes
dos moinhos associados para discutir a pauta da reunião, na próxima terça, com
Luis Carlos Guedes (Agricultura), Furlan (Desenvolvimento), e deputados.
DE FIBRA
Especializado em produtos de fibra natural, o Empório
Beraldin faz dois meses de negócios na Cidade do México
e se prepara para desembarcar em Miami e Nova York. A
ida para o exterior ocorreu por meio de uma indústria
americana que descobriu os produtos -tecidos de seda, linho, tapetes de algodão feitos em tear manual e outros- e
os levou a São Francisco, na Califórnia. "A nossa idéia,
agora, é trabalhar mais a marca", diz Zeco Beraldin. Em
Nova York, a empresa deve abrir um espaço em uma loja
já existente no Soho. Tanto a loja nova-iorquina quanto a
de Miami serão inauguradas neste primeiro semestre.
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