São Paulo, sábado, 20 de janeiro de 2007

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Suíça estuda elevar tributo a estrangeiros

Objetivo seria tornar menos desigual a cobrança entre milionários do exterior e aqueles do próprio país

DA BLOOMBERG
DA REDAÇÃO

A Suíça, país que atraiu milionários como Ingvar Kamprad, fundador da rede de lojas de artigos para a casa Ikea, Michael Schumacher, ex-piloto sete vezes campeão de Fórmula 1, e a cantora Tina Turner, poderá elevar os impostos que cobra de estrangeiros ricos residentes em seu território.
Recentemente, a mudança do cantor francês Johnny Hallyday para o país desencadeou críticas nos dois países.
Atualmente, os estrangeiros que não dispõem de renda obtida na Suíça pagam impostos segundo seus gastos com aluguel ou empréstimos imobiliários.
Os ministros da Fazenda das 26 regiões suíças, conhecidas como cantões, se reuniram ontem em Berna e decidiram, em um primeiro momento, realizar um estudo com a comparação de seu sistema de tributação com os de paraísos fiscais como Luxemburgo e Mônaco.
Se aprovada uma mudança imediata ontem, a cobrança de impostos de mais de 3.600 residentes estrangeiros do país poderia mais do que dobrar.
Hallyday, que é a resposta da França a Elvis Presley, desencadeou uma tempestade política e na mídia no mês passado, quando anunciou estar de mudança para o resort de esqui suíço de Gstaad para reduzir seus gastos com impostos.
Nos últimos dias, Arnaud Montebourg, parlamentar socialista francês, chamou a Suíça de "paraíso da aristocracia financeira", e a ministra de Economia suíça, Doris Leuthard, disse que o sistema era injusto com os milionários de seu país, como o tenista Roger Federer, líder do ranking mundial.
"Muitos cidadãos estão certamente contrariados com o fato de estrangeiros que ganham tanto quanto nós poderem pagar apenas uma quantia única, enquanto nós -desculpe a expressão- somos os idiotas que estão tendo de arcar com a conta", afirmou Philippe Gaydoul, de uma das famílias mais ricas da Suíça e que, neste mês, formalizou a venda de sua rede de supermercados Denner AG.
Segundo as leis atuais, estrangeiros que não possuam renda gerada na Suíça têm de pagar, em média, ao menos 75 mil francos suíços (cerca de US$ 60 mil) em impostos, o que corresponde a uma renda anual em torno de 250 mil francos.
Diferentemente dos habitantes que têm contracheque emitido na Suíça, os estrangeiros não precisam hoje declarar seus ativos nem seus rendimentos. O imposto pago por eles é cobrado com base nos gastos anuais com aluguel, que são multiplicados por cinco.
"Isso não é uma questão de justiça ou injustiça. Não existe um imposto justo", disse Jean-Daniel Gerber, chefe da Secretaria de Estado para Assuntos Econômicos da Suíça. "Se os ricos não vierem para a Suíça, eles irão para outro lugar."
O ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, de Gana, e o cantor britânico James Blunt estão em processo de mudança para o país, segundo a mídia.
Impostos e contribuições à previdência da Suíça responderam por 30% do PIB em 2005, comparativamente a 35% da Alemanha e a 44% da França, segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). A média européia foi de 39%.


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