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Suíça estuda elevar tributo a estrangeiros
Objetivo seria tornar menos desigual a cobrança entre milionários do exterior e aqueles do próprio país
DA BLOOMBERG
DA REDAÇÃO
A Suíça, país que atraiu milionários como Ingvar Kamprad, fundador da rede de lojas
de artigos para a casa Ikea, Michael Schumacher, ex-piloto
sete vezes campeão de Fórmula
1, e a cantora Tina Turner, poderá elevar os impostos que cobra de estrangeiros ricos residentes em seu território.
Recentemente, a mudança
do cantor francês Johnny
Hallyday para o país desencadeou críticas nos dois países.
Atualmente, os estrangeiros
que não dispõem de renda obtida na Suíça pagam impostos segundo seus gastos com aluguel
ou empréstimos imobiliários.
Os ministros da Fazenda das
26 regiões suíças, conhecidas
como cantões, se reuniram ontem em Berna e decidiram, em
um primeiro momento, realizar um estudo com a comparação de seu sistema de tributação com os de paraísos fiscais
como Luxemburgo e Mônaco.
Se aprovada uma mudança
imediata ontem, a cobrança de
impostos de mais de 3.600 residentes estrangeiros do país poderia mais do que dobrar.
Hallyday, que é a resposta da
França a Elvis Presley, desencadeou uma tempestade política e na mídia no mês passado,
quando anunciou estar de mudança para o resort de esqui
suíço de Gstaad para reduzir
seus gastos com impostos.
Nos últimos dias, Arnaud
Montebourg, parlamentar socialista francês, chamou a Suíça
de "paraíso da aristocracia financeira", e a ministra de Economia suíça, Doris Leuthard,
disse que o sistema era injusto
com os milionários de seu país,
como o tenista Roger Federer,
líder do ranking mundial.
"Muitos cidadãos estão certamente contrariados com o fato de estrangeiros que ganham
tanto quanto nós poderem pagar apenas uma quantia única,
enquanto nós -desculpe a expressão- somos os idiotas que
estão tendo de arcar com a conta", afirmou Philippe Gaydoul,
de uma das famílias mais ricas
da Suíça e que, neste mês, formalizou a venda de sua rede de
supermercados Denner AG.
Segundo as leis atuais, estrangeiros que não possuam
renda gerada na Suíça têm de
pagar, em média, ao menos 75
mil francos suíços (cerca de
US$ 60 mil) em impostos, o que
corresponde a uma renda anual
em torno de 250 mil francos.
Diferentemente dos habitantes que têm contracheque emitido na Suíça, os estrangeiros
não precisam hoje declarar
seus ativos nem seus rendimentos. O imposto pago por
eles é cobrado com base nos
gastos anuais com aluguel, que
são multiplicados por cinco.
"Isso não é uma questão de
justiça ou injustiça. Não existe
um imposto justo", disse Jean-Daniel Gerber, chefe da Secretaria de Estado para Assuntos
Econômicos da Suíça. "Se os ricos não vierem para a Suíça,
eles irão para outro lugar."
O ex-secretário-geral da
ONU Kofi Annan, de Gana, e o
cantor britânico James Blunt
estão em processo de mudança
para o país, segundo a mídia.
Impostos e contribuições à
previdência da Suíça responderam por 30% do PIB em 2005,
comparativamente a 35% da
Alemanha e a 44% da França,
segundo a OCDE (Organização
para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). A média européia foi de 39%.
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