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Pirelli diz que quer sair da Telecom Italia
Em nota oficial, maior companhia italiana informa que tem mantido conversas com vários interessados na empresa
A russa AFK Sistema, maior operadora de telefonia celular do Leste Europeu, é apontada como possível compradora da tele
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Pirelli, maior empresa italiana, divulgou ontem nota oficial reiterando que deseja sair
da Olimpia, holding controladora da Telecom Italia.
Caso a intenção seja concretizada, o comando da Telecom
Italia mudará de mãos mais
uma vez. A empresa foi privatizada em 1997. Desde lá, passou
por três controladores.
A Telecom Italia é dona da
TIM Brasil, segunda maior
operadora de telefonia móvel
nacional, e de parte da Brasil
Telecom, concessionária de telefonia fixa das regiões Norte,
Centro-Oeste e Sul.
Não há consenso na cúpula
da empresa sobre o que fazer
com os ativos brasileiros. Parte
defende a fusão da TIM Brasil
com a Brasil Telecom, outra
quer vender as duas empresas e
há ainda os que desejem se desfazer só das ações da BrT.
No texto divulgado ontem, a
Pirelli admite ter sido procurada por alguns grupos interessados em suas ações na Olimpia.
A nota ressalta, entretanto, que
ainda não há acordos fechados
sobre o assunto.
Os débitos da Telecom Itália
hoje somam 39,5 bilhões.
Quanto aos possíveis interessados, a russa AFK Sistema,
maior operadora de telefonia
celular do Leste Europeu, é
apontada por agentes do mercado com uma das possíveis
compradoras das ações que a
Pirelli tem na Olimpia.
"Há pontos de interrogação
sobre o que [essa venda de participação] significaria para a
política financeira da empresa", disse a Bloomberg Duncan
Warwick-Champion, diretor
de pesquisa de crédito para a
Europa do UBS, em Londres.
"Eles poderão pedir um maior
grau de controle do que os
maiores acionistas da Telecom
Italia gostariam de ceder", afirmou ele.
Segundo o jornal russo
"Kommersant", nos próximos
dias a AFK dará um mandato a
um banco italiano para negociar a compra da Telecom com
o grupo Pirelli.
Analistas russos calculam
que a transação envolveria até
US$ 8,6 bilhões.
Resistência
Outras hipóteses aventadas
no mercado são o repasse das
ações para a alemã Deutsche
Telekom ou para investidores
do Oriente Médio.
O mercado reagiu bem ao
anúncio da Pirelli. A Folha
apurou no mercado financeiro
italiano que boa parte dos
agentes atribuem o desgaste de
imagem da Telecom Italia, decorrente das acusações de espionagem investigadas pelo
Ministério Público italiano, à
permanência de Marco Tronchetti Provera, acionista majoritário da Telecom Italia e pai
dos herdeiros da Pirelli, na
Olimpia.
A venda da tele promete esquentar discussões na Itália. O
governo do país, de centro-esquerda e pouco simpático a
Tronchetti Provera, não quer
que a maior tele do país caia
nas mãos de estrangeiros. Está
alinhado aos sindicatos locais.
Os aliados do primeiro-ministro Romano Prodi também
não ficam confortáveis com a
possibilidade de que a Pirelli
esteja negociando as ações na
Olimpia com Silvio Berlusconi,
magnata das telecomunicações
na Itália e ex-primeiro ministro do país.
Em entrevista realizada no
fim de dezembro, o ministro de
Infra-Estrutura e Transportes
da Itália, Antonio Di Pietro, falou à Folha sobre uma possível
venda da tele a estrangeiros.
Para ele, a venda da Telecom
Italia -"uma empresa muito
grande, envolvida ultimamente
em um escândalo não-financeiro, mas de outro gênero, sobre o qual a magistratura está
se indagando"- não é errada,
desde que a oferta seja boa.
O ministro, todavia, fez ressalvas à atuação do comprador.
"Quem vai adquirir a empresa?
Porque isso sim é um problema! A Telecom é uma empresa
que opera no setor de telecomunicações com licença do Estado italiano, e isso, por si só, já
é um fator que, parece-me, deve ser atentamente analisado.
O setor de telecomunicações,
então, é muito delicado a qualquer país porque, como se sabe,
guarda aspectos da soberania
nacional", ponderou.
Com agências internacionais
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