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Para analistas, mercado de trabalho deve piorar no primeiro trimestre
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento do desemprego
não ficará restrito ao mês de
dezembro, quando atingiu o
maior patamar para o período
em dez anos. Especialistas ouvidos pela Folha são unânimes
na avaliação de que o primeiro
trimestre do ano também será
de demissões.
Para os analistas do mercado
de trabalho, só o governo poderá reverter esse quadro de pessimismo, tanto na indústria,
como na população, que diante
do recorde de desemprego vai
começar a conter os gastos.
Corte de juros, aumento dos
investimentos públicos em infraestrutura e novo pacote de
estímulo aos setores mais afetados são apontadas como as
medidas mais urgentes.
O economista da Unicamp
Claudio Dedecca calcula que o
saldo médio de demissões no
primeiro trimestre de 2009 será de 100 mil postos extintos
por mês. Ele diz que o volume
de demissões em dezembro sinaliza a desaceleração da economia brasileira.
Dedecca acredita, porém,
que o governo ainda tem poder
de fogo para impedir que o país
entre em recessão. "O desemprego ao longo do ano vai depender da capacidade do governo de preservá-los. Não
acho que estamos fadados à recessão. Mas a taxa básica de juros tem que cair, com o superávit primário", disse.
Economista da USP (Universidade de São Paulo), Manuel
Enriquez Garcia explica que
em janeiro e fevereiro as expectativas para o emprego são
piores para a indústria porque
o comércio não vai renovar os
estoques.
Ele avalia que o desemprego
no setor de construção civil
também vai se agravar, por
causa da escassez de crédito.
"O governo deveria se preocupar em criar estímulos para
os empresários manterem o
número de contratações. Desde o início da crise, a preocupação foi em reduzir o compulsório, o que só beneficiou os bancos, que por sua vez compraram títulos públicos", disse
Garcia.
Até o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), subordinado ao governo, está
pessimista. Sem revelar projeções, o analista de mercado de
trabalho do instituto, Lauro
Ramos, acredita que nos primeiros meses do ano o resultado, mesmo que positivo, será
pior que nos anos anteriores.
"O primeiro semestre será de
dificuldades, ao contrário dos
últimos anos. Os efeitos sobre o
emprego dependerão da intensidade da crise", disse.
A LCA Consultores também
espera mais desemprego em janeiro e fevereiro, principalmente na indústria e na construção civil. Fábio Romão, analista da LCA, acredita que em
março possa haver recuperação, o que daria um saldo positivo de 150 mil empregos no
primeiro semestre, o pior resultado desde 2003, se confirmado.
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