São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2009

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Para analistas, mercado de trabalho deve piorar no primeiro trimestre

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O aumento do desemprego não ficará restrito ao mês de dezembro, quando atingiu o maior patamar para o período em dez anos. Especialistas ouvidos pela Folha são unânimes na avaliação de que o primeiro trimestre do ano também será de demissões.
Para os analistas do mercado de trabalho, só o governo poderá reverter esse quadro de pessimismo, tanto na indústria, como na população, que diante do recorde de desemprego vai começar a conter os gastos. Corte de juros, aumento dos investimentos públicos em infraestrutura e novo pacote de estímulo aos setores mais afetados são apontadas como as medidas mais urgentes.
O economista da Unicamp Claudio Dedecca calcula que o saldo médio de demissões no primeiro trimestre de 2009 será de 100 mil postos extintos por mês. Ele diz que o volume de demissões em dezembro sinaliza a desaceleração da economia brasileira.
Dedecca acredita, porém, que o governo ainda tem poder de fogo para impedir que o país entre em recessão. "O desemprego ao longo do ano vai depender da capacidade do governo de preservá-los. Não acho que estamos fadados à recessão. Mas a taxa básica de juros tem que cair, com o superávit primário", disse.
Economista da USP (Universidade de São Paulo), Manuel Enriquez Garcia explica que em janeiro e fevereiro as expectativas para o emprego são piores para a indústria porque o comércio não vai renovar os estoques.
Ele avalia que o desemprego no setor de construção civil também vai se agravar, por causa da escassez de crédito.
"O governo deveria se preocupar em criar estímulos para os empresários manterem o número de contratações. Desde o início da crise, a preocupação foi em reduzir o compulsório, o que só beneficiou os bancos, que por sua vez compraram títulos públicos", disse Garcia.
Até o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), subordinado ao governo, está pessimista. Sem revelar projeções, o analista de mercado de trabalho do instituto, Lauro Ramos, acredita que nos primeiros meses do ano o resultado, mesmo que positivo, será pior que nos anos anteriores. "O primeiro semestre será de dificuldades, ao contrário dos últimos anos. Os efeitos sobre o emprego dependerão da intensidade da crise", disse.
A LCA Consultores também espera mais desemprego em janeiro e fevereiro, principalmente na indústria e na construção civil. Fábio Romão, analista da LCA, acredita que em março possa haver recuperação, o que daria um saldo positivo de 150 mil empregos no primeiro semestre, o pior resultado desde 2003, se confirmado.


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