São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2009

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Investimento direto cai 21% no mundo em 2008

Na contramão da tendência global, Brasil recebe fluxo recorde de US$ 41,7 bi

Segundo agência da ONU, efeitos da crise chegarão com mais força à América Latina, que deve esperar investimentos menores

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Segundo estimativas preliminares, o fluxo global de investimento estrangeiro direto nos países caiu 21% em 2008, para US$ 1,4 trilhão. As contas são da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), que prevê mais uma redução neste ano.
Com a recessão mundial, que endureceu as condições de crédito e derrubou os lucros das empresas, estas têm anunciado planos para cortar a produção, postos de trabalho e os investimentos. "No curto prazo, espera-se que os impactos negativos da crise econômica e financeira nos fluxos continuem fortes e contribuam para uma queda adicional em 2009", diz a Unctad em comunicado à imprensa. O relatório contendo o levantamento completo dos números ainda será divulgado.
Os países ricos foram os que mais sofreram até agora: de US$ 1,247 trilhão em 2007, os investimentos diretos que receberam caíram 32,7%, para US$ 839,3 bilhões em 2008.
"Nos países em desenvolvimento, as estimativas preliminares sugerem que o fluxo de investimento estrangeiro direto tem sido mais resistente, embora os piores impactos da crise econômica global ainda não tenham sido totalmente transmitidos a eles até o final do ano", afirma o comunicado.
As nações mais pobres foram destino de US$ 517,7 bilhões em 2008, contra US$ 499,7 bilhões em 2007 -uma alta de 3,6%. Entre elas, as da América Latina e do Caribe se destacaram, com uma elevação de 12,7%, para US$ 142,3 bilhões.
O Brasil recebeu US$ 41,7 bilhões, 20,6% a mais do que em 2007. Esse montante, recorde histórico, é superior à estimativa de US$ 35 bilhões do Banco Central e de US$ 38 bilhões dos analistas. Enquanto os recursos que vão parar no sistema financeiro geralmente têm passagem curta pelo país, o investimento direto fica mais tempo, aplicado em empresas. Para os especialistas, o fato de o país ter obtido recursos enquanto outras nações viram o dinheiro sair correndo é uma mostra de confiança dos estrangeiros na economia brasileira.
Em 2009, no entanto, o Brasil também deve sentir as consequências do desânimo dos empreendedores, assim como os demais latino-americanos. "A baixa dos investimentos estará mais espalhada", afirma a agência. "No entanto, vários fatores positivos estão trabalhando e vão impulsionar, mais cedo ou mais tarde, uma retomada dos investimentos estrangeiros diretos." As oportunidades em questão se encontram nos preços de ativos empresariais baratos e na reestruturação de empresas, nos volumes relativamente grandes de recursos financeiros disponíveis nos países emergentes e exportadores de petróleo, na rápida expansão de novas atividades como a produção de energia, nos setores relacionados com a conservação ambiental e na resistência das corporações multinacionais.
Na opinião da Unctad, as políticas públicas desempenharão importante papel na implementação das condições que levarão à recuperação global. A reforma do sistema financeiro mundial e a rejeição a tendências protecionistas são citadas como as principais medidas a serem abraçadas.


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