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Investimento direto cai 21% no mundo em 2008
Na contramão da tendência global, Brasil recebe fluxo recorde de US$ 41,7 bi
Segundo agência da ONU,
efeitos da crise chegarão
com mais força à América
Latina, que deve esperar
investimentos menores
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Segundo estimativas preliminares, o fluxo global de investimento estrangeiro direto
nos países caiu 21% em 2008,
para US$ 1,4 trilhão. As contas
são da Unctad (Conferência das
Nações Unidas sobre Comércio
e Desenvolvimento), que prevê
mais uma redução neste ano.
Com a recessão mundial, que
endureceu as condições de crédito e derrubou os lucros das
empresas, estas têm anunciado
planos para cortar a produção,
postos de trabalho e os investimentos. "No curto prazo, espera-se que os impactos negativos
da crise econômica e financeira
nos fluxos continuem fortes e
contribuam para uma queda
adicional em 2009", diz a Unctad em comunicado à imprensa. O relatório contendo o levantamento completo dos números ainda será divulgado.
Os países ricos foram os que
mais sofreram até agora: de
US$ 1,247 trilhão em 2007, os
investimentos diretos que receberam caíram 32,7%, para
US$ 839,3 bilhões em 2008.
"Nos países em desenvolvimento, as estimativas preliminares sugerem que o fluxo de
investimento estrangeiro direto tem sido mais resistente,
embora os piores impactos da
crise econômica global ainda
não tenham sido totalmente
transmitidos a eles até o final
do ano", afirma o comunicado.
As nações mais pobres foram
destino de US$ 517,7 bilhões
em 2008, contra US$ 499,7 bilhões em 2007 -uma alta de
3,6%. Entre elas, as da América
Latina e do Caribe se destacaram, com uma elevação de
12,7%, para US$ 142,3 bilhões.
O Brasil recebeu US$ 41,7 bilhões, 20,6% a mais do que em
2007. Esse montante, recorde
histórico, é superior à estimativa de US$ 35 bilhões do Banco
Central e de US$ 38 bilhões dos
analistas. Enquanto os recursos que vão parar no sistema financeiro geralmente têm passagem curta pelo país, o investimento direto fica mais tempo,
aplicado em empresas. Para os
especialistas, o fato de o país ter
obtido recursos enquanto outras nações viram o dinheiro
sair correndo é uma mostra de
confiança dos estrangeiros na
economia brasileira.
Em 2009, no entanto, o Brasil também deve sentir as consequências do desânimo dos
empreendedores, assim como
os demais latino-americanos.
"A baixa dos investimentos estará mais espalhada", afirma a
agência. "No entanto, vários fatores positivos estão trabalhando e vão impulsionar, mais cedo ou mais tarde, uma retomada dos investimentos estrangeiros diretos." As oportunidades em questão se encontram
nos preços de ativos empresariais baratos e na reestruturação de empresas, nos volumes
relativamente grandes de recursos financeiros disponíveis
nos países emergentes e exportadores de petróleo, na rápida
expansão de novas atividades
como a produção de energia,
nos setores relacionados com a
conservação ambiental e na resistência das corporações multinacionais.
Na opinião da Unctad, as políticas públicas desempenharão importante papel na implementação das condições que levarão à recuperação global. A
reforma do sistema financeiro
mundial e a rejeição a tendências protecionistas são citadas
como as principais medidas a
serem abraçadas.
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