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Real deve recuperar valor em 2 anos, afirma economista
Crise dos EUA explica inversão, diz Kenneth Rogoff
TONI SCIARRETTA
ENVIADO ESPECIAL A PARIS
O real e as principais moedas
emergentes deverão recuperar
a recente desvalorização ante o
dólar em até dois anos, período
em que os mercados ainda poderão continuar instáveis. E a
principal razão para isso é que
os Estados Unidos passarão por
um período longo de crescimento pífio, que poderá levar a
maior economia do mundo a
uma década perdida, segundo o
economista Kenneth Rogoff,
professor da Universidade
Harvard.
Ex-economista-chefe do
FMI (Fundo Monetário Internacional), Rogoff afirmou ontem a uma plateia de mais de
500 pessoas, reunidas no congresso anual da seguradora de
crédito Coface, que os EUA
passarão por dois anos de recessão -ou estagnação- para
depois entrar em um período
de até sete anos de crescimento
entre 1% e 2% ao ano. "Não há
motivo para pânico, mas há
uma possibilidade pequena de
depressão", disse.
O economista falou em uma
escalada no desemprego americano pelos próximos quatro
anos, queda nos preços dos
imóveis por cinco anos, redução de 70% para 60% da participação do consumo na economia americana, além de forte
aumento da divida pública dos
EUA.
Com trânsito entre os democratas, Rogoff afirma que o presidente Barack Obama deve
iniciar o governo com uma
"grande surpresa" para dar um
choque nas expectativas dos
mercados. Ele disse não saber
quais seriam essas medidas,
mas afirmou que o novo presidente americano terá uma trégua maior do que os habituais
cem dias de governo para conquistar a credibilidade na economia.
"Há muito otimismo com a
administração Obama. Todos
depositaram suas esperanças e
sonhos nele. Até o presidente
Hugo Chávez fala que ele será
melhor para a Venezuela. Obama vai ter uma lua-de-mel
maior [com os mercados], até
porque ele precisa de mais tempo. Um ano, talvez", disse.
O economista coloca em dúvida a capacidade de países
emergentes, como China e Brasil, de resistirem aos efeitos da
desaceleração mundial. Segundo suas previsões, a China terá
crescimento entre 5% e 6%
neste ano; já o Brasil deve ter
expansão de cerca de 2%.
Recuperação em 2010
O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, afirmou que espera uma
recuperação da economia a
partir de 2010. Para Trichet, este ano ainda deverá ser "muito
difícil" para o mundo.
"O sistema financeiro mundial revelou uma fragilidade excessiva, que é inaceitável. [...]
Precisamos de um conjunto de
reformas ambiciosas para não
deixar que as atuais regras permitam ampliar crises como a
atual", disse.
Entre os motivos para acreditar na recuperação, Trichet
citou a rapidez com que os bancos centrais e os governos de diversos países tomaram medidas para evitar o aprofundamento da crise, a continuidade
de crescimento nos países
emergentes, a capacidade das
novas tecnologias de acelerar a
recuperação, além dos preços
baixos do petróleo.
O jornalista TONI SCIARRETTA viajou a convite da Coface
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