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Para Ipea, só 2 aeroportos são rentáveis
Apenas Guarulhos e Viracopos registraram superávit no período entre 2002 e 2007
Aeroporto de Campinas é
um dos que o governo
pretende conceder à
iniciativa privada neste ano,
ao lado do Tom Jobim (Rio)
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Estudo realizado pelo Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que, de
2002 a 2007, considerando a
depreciação de ativos, apenas
dois aeroportos de São Paulo
registraram superávit ao longo
de todo o período: Guarulhos e
Viracopos. A pesquisa de
Eduardo Fiuza afirma que esses dois aeroportos foram os
únicos que não receberam nenhum tipo de subsídio cruzado
(ou seja, se sustentavam sozinhos) em seis anos.
Viracopos é um dos dois aeroportos que o governo planeja
conceder à iniciativa privada
neste ano. O outro é o Tom Jobim, no Rio de Janeiro, que tem
campanha favorável do governo do Estado. O levantamento
sobre o modelo de privatização
ficou a cargo do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) e ainda
não foi concluído.
A Infraero reconhece que,
dos 67 aeroportos que administra, somente uma parcela é rentável. Nas contas da estatal, 15
são superavitários. A lista inclui
Guarulhos, Viracopos, Congonhas, Curitiba, Confins, Tom
Jobim, Salvador, Brasília, Vitória e Porto Alegre, entre outros.
A estatal já manifestou o receio de que a privatização deixe
a empresa apenas com aeroportos deficitários. De acordo
com a pesquisa, existe subsídio
cruzado também entre as diferentes atividades da estatal.
Fiuza afirma, no entanto, que
a privatização é viável, desde
que se defina um marco regulatório antes do edital e que se garanta que esses aeroportos
contribuirão para a solvência
do atual sistema Infraero. "Os
resultados são uma fotografia
do momento presente. Na hora
que privatizar, é preciso definir
quem está competindo com cada aeroporto. Outro gestor pode explorar de forma diferente
e obter receita maior."
Competitividade
Para Paulo Bittencourt Sampaio, consultor em aviação, há
vontade política no governo para privatizar Viracopos e Tom
Jobim neste ano e o interesse
de grupos privados mostra a
viabilidade da operação. Ele
também concorda que é fundamental estimular a competitividade entre terminais.
"Quem ficar com Viracopos
não pode ficar com Guarulhos.
Quem ficar com Tom Jobim
não pode ficar com Santos Dumont. É preciso criar formas de
obter tarifas diferenciadas oferecidas pelos arrendatários."
Uma das dificuldades encontradas para detectar a existência de subsídios cruzados é a
própria contabilidade da Infraero. A empresa não faz a depreciação dos investimentos.
Atualmente, os investimentos
entram como despesa da Infraero, pois são apropriados como ativos da União de uma só
vez e só lá são depreciados.
Os testes consideraram a depreciação de ativos e incluíram
também análises da receita líquida menos os custos diretos e
indiretos do aeroporto. Além
disso, foram analisados os efeitos dos custos diretos e indiretos da sede. Um dos aspectos
que beneficiam Guarulhos e Viracopos é a alta realização de
movimento de carga, atividade
mais rentável do que o movimento de passageiros.
O pesquisador conclui que há
baixa rentabilidade nos negócios explorados pela Infraero e
que ela precisa de mais autonomia. Afirma ainda que as atas
do conselho de administração
indicam elevada interferência
política nas decisões da estatal.
Procurada pela reportagem,
a Infraero se limitou a afirmar
que o estudo reflete a opinião
acadêmica do autor e que não
faria comentários específicos
sobre o trabalho.
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