São Paulo, terça, 20 de janeiro de 1998.



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MERCADO FINANCEIRO
Feriado em NY reduz negócios na Bolsa

da Reportagem Local

O feriado em Nova York, em comemoração ao nascimento do líder negro Martin Luther King, fez a Bovespa operar ontem em marcha lenta.
A Bolsa fechou em alta de 3,22%, mas o volume negociado foi insignificante: R$ 359 milhões. Com exceção dos pregões que foram realizados depois de um feriado, como os dos dias 26 de dezembro e 2 de janeiro, esse é o menor volume de negócios desde setembro de 97.
Essa modorra que tomou conta do mercado é mais um reflexo da dependência das Bolsas brasileiras dos acontecimentos externos. Como faltam notícias internas relevantes, Nova York, guiada pela Ásia, é que vem determinando os rumos por aqui.
Sozinhos, no entanto, os acontecimentos na Ásia influenciam pouco o desempenho da Bovespa.
Ontem, as Bolsas asiáticas viveram mais um dia de fortes altas, mas os investidores sabem que essa subida não pode ser lida como sinal de recuperação das economias orientais.
Os problemas por lá estão longe de ser resolvidos e esse movimento consecutivo de alta das Bolsas e das moedas dos Tigres asiáticos pode ser interrompido com uma simples realização dos lucros ou novas notícias de instabilidade política e social.
Enquanto a tensão paira sobre o mundo, a Bovespa vai vivendo dias de altas e baixas, sem que essas oscilações representem muita coisa. Há pouca liquidez e os negócios se concentram em alguns papéis, como os da Telebrás.
Os investidores estrangeiros ainda estão afastados e a esperança de uma diferenciação entre as economias da Ásia e da América Latina, que traria dinheiro para os mercados deste lado do hemisfério, ainda não se tornou realidade.
O fluxo cambial acumulado no ano, por exemplo, estava negativo em R$ 100 milhões na sexta-feira, apesar dos juros que permitem remuneração na casa dos 20% ao ano aos investidores estrangeiros.
O fluxo é o saldo da movimentação de dólares. Se a saída superar consecutivamente a entrada, o país acaba tendo suas reservas cambiais reduzidas, aumentando sua vulnerabilidade a um ataque especulativo. Caso essa fuga cresça muito até o final do mês, o que o mercado descarta, o governo pode ser mais conservador do que o esperado no corte dos juros, sua principal arma na defesa do real.



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