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Ministro informou cúpula do governo da alta anteontem
Palocci já sabia da alta do juro antes da reunião do BC
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A assessoria da pasta da Fazenda nega, mas a Folha apurou que
o ministro Antonio Palocci Filho
comunicou anteontem de manhã
à cúpula do governo que os juros
subiriam, o que aconteceu ontem.
O comunicado à cúpula, portanto, foi feito antes de começar a
reunião de dois dias da diretoria
do Banco Central, que, em tese,
tem autonomia para decidir pela
subida ou não das taxas básicas de
juros (a Selic).
Em reunião anteontem de manhã no Palácio do Planalto, Palocci disse aos ministros José Dirceu
(Casa Civil), Luiz Gushiken (Comunicação de Governo e Gestão
Estratégica) e Luiz Dulci (Secretaria Geral) que seria inevitável aumentar a taxa de juros devido à
uma nova pressão inflacionária.
De acordo com o que a Folha
apurou, Palocci não mencionou o
percentual de aumento.
O grupo informado compõe o
chamado "núcleo duro" do governo, aquele que é composto
apenas por petistas e que é mais
próximo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Resistência
Apesar das veementes negativas
do Ministério da Fazenda, argumentando que a taxa de juros não
sofre nenhuma ingerência política e que ela é uma decisão soberana e técnica do Copom (Conselho
de Política Monetária), circula na
cúpula do governo a versão de
que Lula teria sido avisado de antemão do aumento dos juros e
que teria resistido a um percentual maior de elevação.
Segundo essa versão, o mercado
apostava em aumento de dois
pontos percentuais nos juros na
reunião de ontem.
Palocci e o presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles, desejavam aumentar 1,5 ponto percentual. De acordo com a versão,
Lula reclamou e baixou o aumento para um ponto percentual.
A assessoria de Palocci também
nega essa versão dos fatos.
O porta-voz da Presidência, André Singer, disse que o presidente
Lula não quis comentar a elevação da taxa básica de juros de
25,5% para 26,5% ao ano promovida na reunião de ontem do Copom.
Indagado se Lula fora avisado
do aumento, Singer respondeu:
"Não sei dizer, o presidente não
quis comentar".
Repetição
A versão sobre interferência de
Lula sobre juros tem semelhança
com o que aconteceu no primeiro
aumento da taxa sob o governo
do petista, no mês passado, quando o percentual subiu de 25% para 25,5% ao ano.
A Folha revelou que Lula fora
avisado e que resistira. Depois,
convencido por auxiliares, teria
aceitado o aumento de 0,5 ponto
percentual. O argumento que
convenceu Lula foi que havia o
risco de a inflação disparar neste
ano.
O presidente tem dado demonstrações públicas de evidente
apoio ao rigor fiscal e monetário
de Palocci, apesar das críticas de
que a política repete o que foi praticado durante a gestão FHC
(1995-2002) e dos petardos quase
diários dos radicais do PT contra
o receituário econômico do ministro.
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