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São Paulo, quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003

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Substituição é rotineira, diz Meirelles

Alan Marques/Folha Imagem
Henrique Meirelles, presidente do BC, chega à reunião do Copom


GUSTAVO PATÚ
LEONARDO SOUZA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A substituição de três diretores do Banco Central -no segundo mês do governo de Luiz Inácio Lula da Silva e em meio a uma reunião para decidir a alta dos juros- é um fato "normal e rotineiro"; a pressão política da bancada do PT não teve nenhuma influência na decisão.
A tarefa de sustentar essa versão oficial para as trocas na cúpula do BC coube ao presidente da instituição, Henrique Meirelles, numa entrevista apressada na manhã de ontem. A seu lado, mudos, estavam os futuros ex-diretores Tereza Grossi (Fiscalização), Luiz Fernando Figueiredo (Política Monetária) e Edison Bernardes (Administração).
"Não é um processo político", disse Meirelles, que minimizou as pressões petistas: "Vivemos numa democracia". Acrescentou que não há planos, agora, de afastar nenhum dos outros quatro diretores. Na semana passada, o BC negava as notícias sobre mudanças iminentes na equipe.
Moderados e radicais do PT vêm cobrando, desde o ano passado, a saída da diretoria do Banco Central, toda ela remanescente do governo Fernando Henrique Cardoso. O principal alvo dos ataques era Tereza Grossi, por ter participado, na condição de chefe interina do Departamento de Fiscalização, do socorro financeiro aos bancos Marka e FonteCindam, em 99, quando houve a desvalorização do real.
A situação de Grossi ficou insustentável a partir de 31 de janeiro, quando, numa reunião com a bancada petista na Câmara, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) pediu 30 dias para dar uma resposta às veementes críticas à permanência da diretora. Demorou menos.

Processo mal resolvido
A troca dos três diretores ainda não é o ponto final de um processo mal resolvido de definições para a equipe e a atuação do Banco Central no governo Luiz Inácio Lula da Silva, iniciado durante a transição.
Enquanto Palocci, preocupado com o nervosismo do mercado, flertava com a idéia de manter Armínio Fraga à frente do Banco Central ao menos por algum tempo, Lula descartou publicamente a idéia.
Convidou-se para o cargo Pedro Bodin, amigo e gêmeo ideológico de Armínio, que recusou. Após outras sondagens malsucedidas, chegou-se ao nome de Meirelles, que elogiou e prometeu manter as políticas e o time de Armínio no BC.
Também de olho na reação dos investidores internos e externos, o governo anunciou que daria autonomia ao BC, na forma de mandatos fixos para os dirigentes da instituição. A reação negativa dos deputados petistas, porém, levou o projeto a ser adiado.

Agradecimentos
Uma preocupação de Meirelles, na entrevista concedida ontem, foi agradecer de público aos diretores que deixarão o Banco Central após a aprovação de seus substitutos pelo Senado, como determina a legislação.
Grossi recebeu os primeiros e mais longos elogios. Seu trabalho, segundo o presidente do BC, modernizou a ação fiscalizadora da instituição.
Luiz Fernando Figueiredo, também elogiado, continuará na equipe por cerca de duas semanas após a posse de seu substituto, Luiz Augusto Candiota. O objetivo, de acordo com Meirelles, é facilitar a transmissão de informações na troca de comando da diretoria mais importante do BC.
Meirelles disse que a mudança na diretoria da instituição foi divulgada no meio da reunião do Copom por uma questão de transparência, para evitar que boatos circulassem no mercado.
Os futuros diretores Paulo Sérgio Cavalheiro (Fiscalização) e João Antônio Teixeira (Administração), por serem funcionários de carreira, não precisarão da assessoria dos antecessores.


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